A Revolução Farroupilha não foi um movimento que tenha surgido da noite para o dia, na verdade foi se estruturando ao longo do tempo pela insatisfação daqueles que eram responsáveis pela manutenção do território, bem como pela economia da província.
O movimento encontrou forças principalmente na economia e na política. Diferentemente de outras províncias, cuja produção de gêneros primários se voltava para o mercado externo, como o açúcar e o café, a do Rio Grande do Sul produzia principalmente para o mercado interno. Os principais produtos eram o charque e o couro.
As charqueadas produziam para a alimentação dos escravos, indo em grande quantidade para abastecer a atividade mineradora nas Minas Gerais, para as plantações de cana-de-açúcar e para a região sudeste, onde se iniciava a cafeicultura. A região, desse modo, encontrava-se muito dependente do mercado brasileiro de charque, que com o câmbio supervalorizado, e benefícios tarifários, podia importar o produto por custo mais baixo do Uruguai que competia com o abate de gado da região, pondo em risco a viabilidade econômica das charqueadas sul-rio-grandenses.
Por conseqüência, o charque rio-grandense tinha preço maior do que o charque oriundo da Argentina e do Uruguai, perdendo assim competitividade no mercado interno. A tributação da concorrência externa era uma exigência dos estancieiros e charqueadores, que viam nessa tributação a possibilidade de uma livre concorrência.
Os principais compradores brasileiros que eram os que detinham as concessões das lavras de mineração, os produtores de cana-de-açúcar e os cafeicultores, não viam com bons olhos a idéia de tributação, pois veriam reduzida a lucratividade das mesmas, por aumentar os gastos na manutenção dos escravos.
Devido às disputas territoriais na região de fronteira, o Rio Grande do Sul, nunca foi uma Capitania Hereditária no período colonial e, sim, parte de seu território, desde o século XVII ocupado por um sistema de concessão de terras a chefes militares. Os rio-grandenses, fosse por uma posição estratégica ou por posição geográfica, conviviam com os índios, com os espanhóis, com as disputas permanentes de território, com o nascimento de novas nações, com impérios e repúblicas, com imigrantes que traziam sua religião, sua posição política, ideologias, conviviam ainda com os portugueses exilados e com brasileiros que eram destacados, como punição, para o sul. A monarquia era vista como retrógada, sinônimo de atraso, de autoritarismo e de ignorância social.
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