quinta-feira, 17 de março de 2011

Medicina Campeira e Povoeira

Numerosa, atuante e exótica a fauna humana voltada ao exercício da arte de curar através da medicina folclórica. Presente em todos lugares, o homem se dedica a tratar os males que atacam seus semelhantes, tornando-se um ser relevante e indispensável no meio em que vive. Isso não só por sua especialidade, reconhecida e proclamada por seus pares, como por sua extraordinária influência de caráter mágico, com seus apelos ao sobrenatural na busca da cura ou atenuação dos males que se mostrem rebeldes ao tratamento comum.


Pelo mundo todo existe a figura “daquele que cura” e, nas Américas, nas nações de origem hispânicas, além da figura genérica do Curandeiro, há ainda, as figuras dos sajadores, manosantas, tatadioses e saludadores. Pessoas que com um talento incomum, saram os enfermos e fazem quase que milagres. Esses “profissionais da cura” são considerados os sacerdotes, adivinhos, feiticeiros e médicos. No Brasil os curandeiros tem várias outras denominações regionalizadas. Em locais de habitação indígenas encontraremos a poderosa figura do pajé, misto de sacerdote, feiticeiro, profeta, médico e chefe espiritual. Conhece a tradição oral, as virtudes de certas plantas, bem como a arte de aproveitá-las no tratamento das doenças.
A denominação feiticeiro está presente nos agrupamentos humanos de origem afro. Este tem um poder espiritual muito grande ligando os dois planos. Ele pratica a medicina nos moldes recebidos através da tradição oral trazidas pelos escravos africanos espalhados pelo mundo.A figura clássica do feiticeiro negro vem sendo substituída aos poucos pelos pais e mães-de-santo que, além de suas atribuições de caráter religioso, também exercem a função de curandeiros.


No Brasil em geral, onde a maioria do povo é fruto de miscigenação entre as diversas etnia formadoras da sociedade brasileira surge uma herança imensa de crendices e superstições, onde encontramos grande variedade de termos que identificam aqueles que se dedicam a tratar dos males de seus semelhantes. Assim temos o curandeiro, o curador, o benzedor, o puçangueiro, o carimbamba e o xangozeiro. Também o catimbozeiro e o rezador, o raizeiro ou doutor de raízes, com as competentes réplicas femininas.



No Rio Grande do Sul, além do curandeiro, em determinadas localidades da região missioneira opera a figura do mandraqueiro, que combina receitas medicamentosas com práticas mágicas preponderando nestes casos as simpatias, orações e benzeduras.Além da série de profissionais da cura, por certo incompleta (existem mais denominações, mas que aqui não vem ao caso), devemos ainda considerar a existência das simpáticas, prestimosas e imprescindíveis figuras das avós, mães e comadres, bem como dos entendidos e dos curiosos. Neste último caso enquadramos a imprescindível parteira, que extrapola das suas atividades profissionais, medicando.


Como não poderia deixar de ser, existe, ainda, a figura do charlatão ou charlatã, que representa o papel de vilão nessa história, pois é o embusteiro, o vigarista e explorador da credibilidade e boa fé do povo.

Também temos que considerar a presença dos ministros de cultos religiosos como padres, pastores, médiuns espíritas, os pais e mães-de-santo eum sem número de outros membros de seitas religiosas, que, além de suas atividades de cunho espiritual, também exercem função de médicos, receitando, ofertando os medicamentos e ensinando métodos de aplicá-los.

Com exceção do charlatão, os demais exercem seu trabalho ou consulta quase sempre sem exigir pagamentos. Em alguns casos recebendo o que as pessoas lhes ofertam espontaneamente. Isso, sem duvida nenhuma lhes dá uma aura de simpatia e popularidade junto a comunidade. Não podemos esquecer a figura do farmacêutico, que em determinadas localidades de menor população, também receita.

Por Helio Moro Mariante

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