Pelo mundo todo existe a figura “daquele que cura” e, nas Américas, nas nações de origem hispânicas, além da figura genérica do Curandeiro, há ainda, as figuras dos sajadores, manosantas, tatadioses e saludadores. Pessoas que com um talento incomum, saram os enfermos e fazem quase que milagres. Esses “profissionais da cura” são considerados os sacerdotes, adivinhos, feiticeiros e médicos. No Brasil os curandeiros tem várias outras denominações regionalizadas. Em locais de habitação indígenas encontraremos a poderosa figura do pajé, misto de sacerdote, feiticeiro, profeta, médico e chefe espiritual. Conhece a tradição oral, as virtudes de certas plantas, bem como a arte de aproveitá-las no tratamento das doenças.
A denominação feiticeiro está presente nos agrupamentos humanos de origem afro. Este tem um poder espiritual muito grande ligando os dois planos. Ele pratica a medicina nos moldes recebidos através da tradição oral trazidas pelos escravos africanos espalhados pelo mundo.A figura clássica do feiticeiro negro vem sendo substituída aos poucos pelos pais e mães-de-santo que, além de suas atribuições de caráter religioso, também exercem a função de curandeiros.
No Brasil em geral, onde a maioria do povo é fruto de miscigenação entre as diversas etnia formadoras da sociedade brasileira surge uma herança imensa de crendices e superstições, onde encontramos grande variedade de termos que identificam aqueles que se dedicam a tratar dos males de seus semelhantes. Assim temos o curandeiro, o curador, o benzedor, o puçangueiro, o carimbamba e o xangozeiro. Também o catimbozeiro e o rezador, o raizeiro ou doutor de raízes, com as competentes réplicas femininas.
No Rio Grande do Sul, além do curandeiro, em determinadas localidades da região missioneira opera a figura do mandraqueiro, que combina receitas medicamentosas com práticas mágicas preponderando nestes casos as simpatias, orações e benzeduras.Além da série de profissionais da cura, por certo incompleta (existem mais denominações, mas que aqui não vem ao caso), devemos ainda considerar a existência das simpáticas, prestimosas e imprescindíveis figuras das avós, mães e comadres, bem como dos entendidos e dos curiosos. Neste último caso enquadramos a imprescindível parteira, que extrapola das suas atividades profissionais, medicando.
Como não poderia deixar de ser, existe, ainda, a figura do charlatão ou charlatã, que representa o papel de vilão nessa história, pois é o embusteiro, o vigarista e explorador da credibilidade e boa fé do povo.
Também temos que considerar a presença dos ministros de cultos religiosos como padres, pastores, médiuns espíritas, os pais e mães-de-santo eum sem número de outros membros de seitas religiosas, que, além de suas atividades de cunho espiritual, também exercem função de médicos, receitando, ofertando os medicamentos e ensinando métodos de aplicá-los.
Com exceção do charlatão, os demais exercem seu trabalho ou consulta quase sempre sem exigir pagamentos. Em alguns casos recebendo o que as pessoas lhes ofertam espontaneamente. Isso, sem duvida nenhuma lhes dá uma aura de simpatia e popularidade junto a comunidade. Não podemos esquecer a figura do farmacêutico, que em determinadas localidades de menor população, também receita.
Por Helio Moro Mariante
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