O secretário estadual de Cultura, Luiz Antônio Assis Brasil, em entrevista publicada na edição de sábado do jornal Zero Hora (23/07/2011), afirmou que o “estado não é só cultura campeira”.
E quem disse que é???? De onde o secretário tirou essa???? O Rio Grande do Sul é ricamente diversificado, seja por raças, etnias, religiões, regiões. Todas essas manifestações compõem um mosaico cultural riquíssimo, juntamente com a cultural rural, integrativamente, somativamente.
Revela o secretário que, para atender reivindicações pontuais de outros setores culturais, está redigindo um documento em que propõe discutir questões como a “hegemonia da cultura do homem do campo”, que, segundo ele, é metonímia (consiste no emprego de um termo por outro, dada a relação de semelhança ).
Barbaridade! O raciocínio de que eventual obscuridade de outras linhas é culpa de quem fez o que tinha que ser feito para defender o que gosta é completamente equivocado. Não é prudente que a administração pública, por seu agente da área cultural, culpe a cultura campeira pelas dificuldades de outros segmentos. Não é aceitável que o secretário venha a público, em jornal de grande circulação, lançar censuras e jogar a opinião pública e a comunidade cultural contra as pessoas que operaram de forma produtiva.
A notoriedade da cultura campeira, seja pelas artes ou pelas festividades (rodeios, festivais, feiras) se dá em virtude da competência dos artistas e administradores dessa área. Houve tempo em que essa manifestação agonizava no ostracismo. Face ao trabalho competente e belo de artistas, intelectuais e abnegados, o que era considerado “coisa de grosso” ganhou os palcos e as ruas e hoje acompanha uma multidão de pessoas que assumem e vivenciam o nosso folclore. No artesanato, na pintura, nos carros – ouvindo música gaúcha -, nos bailes, ou nos shoppings – tomando mate.
A cultura rural não tomou espaço de ninguém. Conquistou o seu. Com talento e eficiência. Não há hegemonia nem metonímia. Há trabalho, dedicação e aceitação popular. E esse trabalho que tanto frutos trouxe à cultura rural deve servir de exemplo. Os resultados positivos devem causar orgulho, não ressentimentos e suposições de antagonismos.
O que realmente é necessário, e o Rio Grande do Sul há muito clama por isso, é o surgimento, na administração pública, de pessoas competentes e de visão larga que, sem mexer no que está dando certo, encontrem soluções para as áreas desprestigiadas ou em dificuldades. Para plantar açucenas não é necessário pisar nas rosas.
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2 comentários:
João de Almeida Neto, autor de "As Razões do Boca Braba" rebateu, com veemência em artigo publicado em http://tododiaonline.com.br/coluna-do-joao-de-almeida-neto-9/.
Confesso que não entendi porque o genial artista, autor também de pérolas como "Vozes Rurais", "Paisagem Urbana", "Clarão Rural", "Chuva de Verão", ficou tão indignado se ele mesmo concorda que o Rio Grande do Sul é um "mosaico cultural riquíssimo, juntamente com a cultura rural, integrativamente, somativamente." (sic)
O que não se pode negar é que há, sim, um estereótipo do gaúcho - o do mito do "monarca das coxilhas" - que permeia, claro, também, a criação musical, a poesia, etc. E, de fato, o Estado do Rio Grande do Sul abrange outras expressões artísticas e folclóricas. A negritude, por exemplo, só recentemente passou a ter espaço no chamado "movimento nativista". Se não me engano, a primeira música de caráter africano a ser exibida no palco de um festival desse tipo foi "Bambaquererê", de autoria de Barbosa Lessa, interpretada pelo Grupo Tempero, em 1978, na 8ª edição da Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana. Depois, muito lentamente, músicas de inspiração negra passaram a ser classificadas, ou aceitas pelas doutas comissões de "julgadores" desses eventos.
Juarez Machado de farias em seu BLOG diz isso
Acho essa discussão extremamente relevante, pois a tempos alguns tentam desmistificar a figura do gaúcho, se vendem a falsos intelectuais, ou até mesmo tornam-se um deles.
Vejamos Porto Alegre, uma cidade que amo, mas sempre as voltas de deixar de lado as raízes gaúchas para embretar-se nos "campos do estrangeiro", leia-se "fora do rio grande". Porto Alegre, aquela dos ditos intelectuais, a mesma que constrói uma linda estatua a sua Elis Regina e a coloca em ponto nobre e muito visível, dessa mesma Elis que nunca gostou de falar de suas raízes, e até chiado falava.
Enquanto isso, a estatua do Gaúcho e a de Jayme Caetano Braum estão ali, escondidas no parque farroupilha, do Jayme, coitado poeta, próximo aos banheiros do acampamento farroupilha. E Teixeirinha que tantas vezes adotou a cidade, fez musicas somente para ela, tanto a amou e a fez de morada até seus últimos dias... apenas uma estatua em seu tumulo, feita pela família.
E nem quero comentar daquelas cuias que me mais parecem seios!! Sim!! ali perto do anfiteatro por-do-sol... agora que você viu serem cuias cinzas?! pois são, de péssimo gosto, mas são.
Lembrando tambem de escritores como Juremir Machado e Moacir Flores, dois belos exemplos que devemos repudiar veementemente! Pelos seus textos difamando os farroupilhas, sem levar em conta o contexto da época. É como certa vez pessoalmente me disse Alcy Cheuíche, esse sim grande escritor e gaúcho, que aliás será patrono do acampamento farroupilha 2011, me disse ele:"hoje ser um escritor moderno é destruir tudo aquilo que parece bom, é desmistificar tudo aquilo que os outros amam".
E é ai que entram opiniões como esta do secretário de cultura, são as tentativas de diminuir aquilo que todos ou muitos amam, em prol do equilíbrio. Azar do equilíbrio! A Cultura Gaúcha não tem culpa de ter 2milhões de membros ativos em seus CTGs, pelo mundo todo.
Se equilibrar, significa "podar" quem está mais alto, sou contra! Se equilibrar significa valorizar aquilo que não é nosso, tomando como apoio a desvalorização da cultura local, sou mais contra ainda.
Jeandro Garcia
@cultura_gaucha
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