terça-feira, 11 de outubro de 2011

Definindo cultura - Nem sempre é o que pensamos

Se procurarmos em diversas obras uma definição para cultura teremos muitas opiniões, conceitos e definições das mais diferentes formas. Se buscarmos no período iluminista do século XVIII, ainda que anterior a Revolução Francesa, teremos cultura como uma soma dos saberes acumulados e transmitidos nas gerações. Ou cultura como a ordem da práxis ligada à vivência cotidiana do homem, fruto da ação, que orienta e dá significado para representações simbólicas.


Para Teixeira Coelho cultura não é o todo, nem tudo é cultura, como começa seu livro, “A cultura e seu contrário”. Ela pode compreender os bens materiais, de um modo geral, ou não-materiais, como as representações simbólicas, os conhecimentos, as crenças e os sistemas de valores, o conjunto de normas que orientam a vida social.


Segundo, José Luiz dos Santos,

“cultura diz respeito à humanidade como um todo e ao mesmo tempo a cada um dos povos, nações, sociedades e grupos humanos. Quando se considera as culturas particulares que existem ou existiram, logo se constata a grande variação delas.”

Toda produção cultural se dá através da ação humana sobre coisas, ou obras, realizadas pelo homem, individualmente ou em grupo, em um determinado espaço-temporal. Sendo assim, podemos entender, em um sentido mais amplo, que a produção de cultura, de forma global ou regional, caracteriza a realidade social, sejam elas manifestações “populares” ou “eruditas”.


Mas como definir cultura? A tradição gaúcha é o mesmo que cultura?


Quando falamos em cultura, lembramos de imediato a artes plásticas, museus, músicas... Entretanto o conceito de cultura deve ter um sentido mais amplo, buscando outros segmentos como o esporte, a culinária, moda, trânsito, religião, folclore, etc. Conforme Nilda Jacks, a cultura precisa ser estudada na relação com o material, o social, e o histórico, estando ligada a vivência cotidiana. “È fruto da ação, a qual dá orientação e significação para as representações simbólicas”. Ainda diz a autora que “A cultura regional é um dos fatores de determinação de práticas culturais que diferenciam determinado grupo, fornecendo-lhe uma identidade própria” .


A cultura regional gera, portanto, a constituição de identidade cultural porque estabelece uma relação entre essa cultura, constituídos de normas, mitos, crenças, símbolos, por indivíduos que já estão estruturados por esses elementos.


Nesse sentido surge a Tradição. Tradição como a transmissão, passagem de geração para geração. Ninguém começa do nada, do zero. Tudo começa a partir de um passado, de acúmulo idéias e obras, de experiências anteriores. Conforme ressalta Ruben George Oliven (2006), a expansão do culto às tradições, que passam a ser vividas por gaúchos e simpatizantes fora do estado, é uma particularidade. Entende-se aqui por tradição:

“O ato de transmitir os fatos culturais de um povo, através de suas gerações. É a transmissão das lendas, narrativas, valores espirituais, acontecimentos históricos, hábitos inveterados, através dos tempos, de pais para filhos. É a memória cultural de um povo. É um conjunto de idéias, usos e costumes, recordações e símbolos conservados pelos tempos, pelas gerações.”

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