Crônica que Tânia Goulart fez em homenagem à dona Zê e suas peripécias pela internet, e que foi publicada nesse sábado, no Jornal NH.
Demorou a se render, mas um dia decidiu que queria saber “como se mexia nisso”. Providenciou um computador e começou o aprendizado, sem medo de errar. “Ah, mas se não der certo é só fechar tudo e começar de novo.” E foi testando, errando e começando de novo que hoje se esbalda nas viagens pela rede.
Interessante ver ela e a neta usando o computador. Anita, de 10 anos, nasceu praticamente junto com a febre pela Internet, enquanto a avó, quando criança, nem sonhava que um dia ligaria uma máquina e nela falaria com pessoas a quilômetros de distância. Criada nas Lagoas, interior de São Chico de Paula, conta saudosista que “só se via um jornal quando ia pra cidade, daí tinha a Folha da Serra”, relembra a mãe, que agora tem o mundo diante dos óculos.
E que usar a Internet só para bater papo ou fazer pesquisas, que nada – a danada usa para trabalhar como costureira. Na profissão há mais de 50 anos, faz belos vestidos de prenda para CTGs de todo o Estado. Em uma dessas teria que ir a Alegrete tirar as medidas de uma menina, para um novo vestido. Não se apertou: “Tu tens webcam no teu MSN?”, perguntou para a cliente e, na resposta positiva, ordenou “então pega a fita métrica que eu te digo onde medir e tu vai me passando as medidas”. E assim fez o vestido, que depois enviou pelo correio! Está aí uma forma de não envelhecer. De não temer o novo e tirar proveito dele. Mas entre uma descoberta e outra, claro, é preciso resgatá-la para o próximo mate com um: “Mãe, sai do Face!”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário