À exemplo do CTG Gildo de Freitas, em porto Alegre, CTG de Santa Maria é fechado por reclamação de vizinhos sobre barulho produzido. O Gildo resolveu o seu problema.
Em Santa Maria, os Centros de Tradições Gaúchas (CTGs) estão tendo de se adaptar ao Código Municipal de Posturas e respeitar a Lei do Silêncio. Por determinação da Justiça, o CTG Farroupilhas, localizado na Rua Otávio Rocha, no bairro Itararé, foi fechado e só reabrirá quando instalar um isolamento acústico. Pelo menos outras três entidades tradicionalistas, entre elas o Piá do Sul e o Sentinela da Querência, estão se incomodando com os vizinhos que reclamam do barulho.
O Centro de Pesquisas Folclóricas (CPF) Piá do Sul também sofreu processo judicial, mas conseguiu entrar em acordo com a vizinhança da Rua Justino Couto, no bairro Duque de Caxias. Segundo o patrão Newton Machado, os vizinhos reclamaram do barulho, mas também estão ajudando a solucionar o problema. Eles doaram tijolos para aumentar o muro na tentativa de barrar a propagação do som. Além disso, o CPF está improvisando para melhorar o isolamento da sede: sacos de estopa estão sendo colocados no teto, e o ensaio, que antes passava das 23h, hoje termina obrigatoriamente às 22h. A programação da Semana Farroupilha também foi afetada -em, vez de diária, ficou mais esparsa para não incomodar vizinhos. Além dos shows em dias alternados, o som será mais baixo.
O CTG Sentinela da Querência, na Rua Silvino Zimmermann, em Camobi, recebeu notificações sobre o barulho por parte do município e também tenta se adequar aos horários de silêncio, entre 22h e 7h. O ideal seria implantar o projeto de isolamento acústico, mas o custo foi avaliado em cerca de R$ 300 mil, em função do tamanho do local. As invernadas estão ensaiando até as 23h.
Já o CTG Ponche Verde, na Venâncio Aires, no centro da cidade, recebeu reclamações informais e modificou seus horários de ensaio para o problema não crescer. As invernadas artísticas ensaiam até as 21h30min durante a semana. Aos finais de semana, os bailes iniciam à meia-noite e terminam às 3h.
O problema, segundo João Carlos Cardoso de Lima, coordenador da 13ª Região Tradicionalista (RT), é que a maioria dos CTGs foi construída há pelo menos 30 anos em locais onde não eram povoados, mas a cidade se expandiu, trazendo mais vizinhos para os CTGs.
_ A cidade não era tão urbanizada, e os prédios continuam os mesmos daquela época, quando não havia preocupação com a acústica. Nem a 13ª RT nem os CTGs têm arrecadação suficiente para um isolamento acústico, que hoje é imprescindível. Estamos, dentro da lei, tentando reverter os processos - afirma Lima.
Silêncio no salão
Há 41 anos no bairro Itararé, o CTG Farroupilhas é a única entidade tradicionalista do bairro que ainda resiste à ação do tempo e não sofreu muitas alterações desde que foi erguida em 1970. Sem isolamento acústico adequado no prédio, os eventos realizados no local ultrapassavam o limite permitido de ruído, conforme medição feita pela Brigada Militar para a ação do Ministério Público Estadual. Segundo os patrões, faltam recursos para executar o projeto acústico, orçado em R$49 mil.
As invernadas, que reúnem cerca de 100 pessoas nas categorias, mirim, juvenil, adulto e xiru, estão ensaiando em um local emprestado. Se for na sede, é sem música ou com som muito baixo.
_ Estamos tentando melhorar a acústica, colocando costaneiras (madeira) no teto _ conta o patrão Heuler Ademar Dalla Lana Cecchim.
O CTG também é usado para atividades como ginástica do Grupo Vida Ativa, que reúne cerca de 25 pessoas idosas, diabéticas e hipertensas.
_ Com ele fechado, não temos onde nos exercitar, o que prejudica nossa saúde. Em outros lugares temos que pagar aluguel do local - revela a coordenadora do grupo, Íria Baches, 56 anos.
Segundo o promotor público Ricardo Lozza, quem apontou o problema foi uma vizinha do CTG, que é professora, e alertou para o excesso de barulho
Fonte: Clic RBS
Diário de Santa Maria
Foto: Ronald Mendes
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