Você sabe de onde surgiu a expressão "agora Inês é morta"?
Essa expressão largamente utilizada nos dias atuais, significando "tarde demais", surgiu de uma história real muito antiga, datada do século XIV em Portugal, a história de Inês de Castro, a rainha morta. Cheia de intrigas, romance, assassinatos e outros elementos, a história de amor entre o príncipe infante D. Pedro I de Portugal e de Inês de Castro permanece até hoje no imaginário popular.
Tudo começou por volta de 1320, com o nascimento do príncipe Pedro, filho do rei Afonso IV. Ainda criança, o príncipe infante foi prometido a Constança Manuel, filha de um descendente de monarcas dos reinos de Aragão, Castela e Leão. Já na maturidade, Pedro não almejava o casamento, mas fora submetido a tal, casando-se com sua prometida.
Entretanto, D. Pedro I apaixonara-se por Inês de Castro, dama de companhia de sua mulher e jovem de grande beleza, sendo por ela correspondido. A partir de então, ambos iniciaram um romance nada discreto que nunca fora bem visto pela Corte e pelo povo português.
O romance adúltero se tornava cada vez mais intenso, levando o pai do infante, rei D. Afonso IV, a ordenar o afastamento de Inês da Corte, sendo exilada em Albuquerque, Castela. Algum tempo depois, em 1345, Constança morreu durante um parto e o príncipe se viu liberto, trazendo de volta sua amante para Coimbra. Durante o tempo em que estiveram juntos, Inês teve 4 filhos de Pedro I, aumentando ainda mais a insatisfação popular e dos nobres. O rei também temia que os Castro, irmãos de Inês, agissem contra o herdeiro legítimo do trono, seu neto d. Fernando, filho de Pedro e Constança, para levar ao poder um dos filhos bastardos.
Pintura de Columbano Bordalo Pinheiro (1857 - 1929), Assassínio de Dona Inês de Castro. |
De volta, Pedro ficou louco de dor e, movido pela raiva, levantou um exército contra seu pai. O rei revidou. O confronto só terminou com a intervenção da rainha-mãe, dona Beatriz, que propôs e conseguiu que ambos aderissem a um tratado de paz em agosto de 1355. Dois anos mais tarde, em 1357, D. Afonso IV morreu. Pedro subiu ao trono de Portugal e seu primeiro ato foi mandar procurar os assassinos de Inês de Castro, refugiados em Castela.
Segundo consta, o novo rei escolheu uma morte particularmente cruel para os homens que destruíram seu objeto de amor. Mandou que lhes arrancassem o coração: de um, pelo peito, e do outro, pelas costas. Reza a lenda que Pedro também mandou colocar o corpo de Inês no trono, pôs uma coroa em sua cabeça e obrigou os nobres presentes a beijar a mão do cadáver. Está nessa narrativa a origem da expressão “Agora, Inês é morta”, que quer dizer algo como “tarde demais”.
O rei Pedro I mandou esculpir sua história em detalhes no próprio túmulo. E quando ele morreu, em janeiro de 1367, seu corpo foi enterrado próximo da bem-amada. Os corpos não foram colocados lado a lado, como seria mais natural, mas um de frente para o outro, para que no dia da ressurreição pudessem se levantar e cair nos braços um do outro.
Os suntuosos túmulos de pedra branca dos trágicos amantes podem ser visitados no mosteiro de Santa Maria de Alcobaça. Sobre o de Pedro, está escrito que os dois permanecerão juntos “até o fim do mundo...”.
Talita Lopes Cavalcante
Administração Imagens Históricas
Fonte:
- História Viva, "Inês de Castro, a rainha morta". Disponível em
<http://www2.uol.com.br/ historiaviva/reportagens/ ines_de_castro_-_a_rainha_m orta.html>
Nenhum comentário:
Postar um comentário