Fiel Companheiro...O cavalo no Rio Grande do Sul
A atividade pastoril e as guerras de fronteiras fizeram
com que o rio-grandense, das primeiras épocas, contraísse uma espécie de elo
com o cavalo, e, em virtude da qual o cavalo é feito auxiliar indispensável da
vida do homem e cooperador assíduo de quase todos seus movimentos. O gaúcho
estima o cavalo como o constante companheiro de suas viagens, de seus trabalhos
e de seus perigos, ele tira do cavalo uma parte da sua força e, com ele,
consegue domar todos os demais animais de suas planícies.
Nos caminhos abertos por Cristóvão Pereira de Abreu (considerado o 1º
tropeiro) e Francisco Souza Faria (1727) desfilaram, quase dois séculos, as
tropas do Sul para São Paulo. O cavalo, junto ao tropeiro, passou a desempenhar
importante função econômica.
Nas áreas rurais, é comum a utilização do
cavalo como montaria para passeio, missa (zona de imigração); para fazer
compras no armazém ou venda de campanha; para conduzir crianças à escola; para
acompanhar acontecimentos mais alegres ou mesmo tristes, como, por exemplo, ir
a um fandango (baile rural) ou um enterro.
Além de ser usado como montaria, o cavalo é
utilizado para tração de carroças, jardineiras, charretes. O gaúcho de campanha considera o cavalo um
animal nobre e raramente o utiliza para trabalho de engenho, atafona, etc, mas
sim, o boi e o muar.
O gaúcho dá preferência ao cavalo crioulo, o qual
transformou em símbolo do estado, que se chama “crioulo”, aquele que descende
dos trazidos pelos conquistadores da América e que, aqui aclimatados, vieram a
construir uma raça zootécnica com características bem definidas.
Nas
fazendas, o cavalo é domado, num processo que, normalmente, acontece no início do verão. Cada domador tem sua
maneira peculiar de domar e preparar o animal. Existem várias formas de
domar o cavalo, mas é normal o animal
ficar na mangueira alguns dias,
depois é pealado, colocam-lhe o buçal
e maneiam-lhe as patas, finalizam colocando o bocal. Tironeiam a rédea “para
quebrar o queixo” (ato de quebrar uma cartilagem na boca do cavalo), apresilham
o laço no buçal e fazem ele levantar. Finalmente encilham e desmaneiam o animal.
Ainda
poderíamos falar nas pelagens (Zaino, Tordilho, Bragado, Baio, Gateado,
Mouro...) ou nos tipos manhosos (Tafoneiro, Caborteiro, Veiaco, Corcoveador,
Baldoso...), nas denominações dadas a eles (bagual, xucro, redomão, potro,
potrilho, potranca, matungo, haragano...), na idade, vista pela dentição (o
curumilho, entre dois e meio e cinco anos –as éguas não possuem – e depois dos 5
anos o nascimento de um risco preto e a perda do fio...), nas doenças como o
garrotilho, broca ou mal de vaza, mas vamos encerrando pois já estamos “com o
pé no estribo” (pronto pra sair) pois “Não monto em pêlo” (pessoa que está
sempre preparada para o que der e vier).
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