O
Movimento Tradicionalista Gaúcho se organiza em quatro instâncias: a célula
fundamental (CTG, Piquete, Grupo de Arte, etc), a organização regional
(limitada a uma região do estado), o MTG (federação estadual de CTGs e
entidades afins) e a CBTG (Confederação Nacional de MTGs). Em todas essas áreas
do tradicionalismo, o que predomina é o voluntariado, ou seja, as pessoas
participam sem coação nem imposição de ninguém.
Segundo
definição das Nações Unidas, “o voluntário é a pessoa que, devido ao seu
interesse pessoal e ao seu espírito cívico, dedica parte do seu tempo, sem
remuneração alguma, a diversas formas de atividades ...”. O tradicionalista,
portanto, é um voluntário que se dedica ao Movimento sem receber qualquer
pagamento por isso e age para que a entidade da qual faz parte alcance seus
objetivos.
O
Movimento valoriza e executa diversos concursos. As disputas são constantes no
Movimento e envolvem todas as áreas de abrangência – artística, campeira,
desportiva e cultural – contando sempre com voluntários na qualidade de
avaliadores. Sim, não há disputa que se faça sem juízes, sem avaliadores, sem
alguém que defina quem foi melhor na competição.
Sabedor
dos problemas decorrentes da avaliação – que sempre terá um determinado grau de
subjetividade – o Movimento criou regulamentos, elaborou planilhas, detalhou
cada item a ser avaliado. Ou seja, as medidas administrativas sempre foram
adotadas para que a avaliação seja a mais justa e imparcial possível. Mesmo
assim, sempre haverá a possibilidade do engano, do erro humano, da
interpretação equivocada. Não há registros ou comprovações de má intenção para
favorecer ou prejudicar alguém. Os avaliadores são indicados por seu
conhecimento técnico e, principalmente, por suas qualidades éticas e morais.
De
todos os concursos, os mais delicados são o Entrevero Cultural de Peões e a
Ciranda Cultural de Prendas. São delicados porque envolvem predominantemente
jovens e porque as famílias se engajam de tal forma, que às vezes é difícil
distinguir o concorrente dos pais, em termos de nervosismo e ansiedade diante
das provas.
Infelizmente,
é comum que depois de divulgado o resultado desses eventos, haja reclamações.
Verifica-se isso nos CTGs, nas etapas regionais e na etapa estadual ou
nacional. Quem ganha fica faceiro, quem perde sempre acha que foi injustiçado.
É
comum verificarmos afirmativas do tipo: “mas o fulano foi melhor”, “o sicrano
errou aqui e ali e, mesmo assim ganhou”, “meu peão foi mal avaliado”, etc.
essas são afirmações que mostram pontos de vista, revelam gostos e conceitos
pessoas, normais para essas ocasiões. Infelizmente ouvimos, também: “foi um
roubo”. “são cartas marcadas”, “é uma politicagem”, etc. Estas são afirmações
que entristecem, que fazem chorar e que agridem.
Quem
reclama de resultados se vê como um “voluntário” no Movimento. Alega que não
ganha nada e que só gasta com o Movimento. Esquece ele, o reclamante, que os
avaliadores também são voluntários, eles também não ganham nada. Eles, os
avaliadores, se encontram numa situação muito delicada, pois além do
voluntariado, se lhes exige um desempenho profissional no qual não admite erro
e nem que tenham percepção e conceito diferentes daqueles que estão
questionando.
Portanto,
como somos todos voluntários, quem sabe antes de reclamar ou de apontar o dedo
ameaçador para um avaliador, nos lembremos de que o avaliador é tão voluntario
quanto nós e que, por isso, merece ser respeitado e tratado como nós gostamos
de ser tratados e respeitados.
Manoelito Carlos Savaris
Presidente do MTG
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