Quando a Patricia Menezes, do CTG
Tiarayu, me ligou e me disse que tinha saído em Zero Hora a história da pequena
Thaine, de Dois Irmãos, não tive dúvidas, "vamos colocar no Eco da Tradição deste mês", pois é o
maior exemplo atual de força de vontade, que servirá para motivar muitos de
nossos jovens. A manina é um rico exemplo de persistência, de força de vontade e de amor à tradição gaúcha. Veja a história, que é sucesso na internet, na reportagem de Isadora Neumann, para Zero Hora e O Pioneiro.
Quando pediu para o amigo Alex
Souza compartilhar o vídeo da apresentação de dança de uma invernada mirim no
dia 20 de setembro, Magno Bittencourt não tinha ideia da repercussão que as
imagens poderiam ter.
— Ele (Alex) perguntou como
poderia fazer para me mandar, então eu pedi para ele colocar no Facebook e
marcar O DTG (Departamento de Tradições Gaúchas) — conta.
No dia seguinte, o post já tinha
mais de mil compartilhamentos na rede social. A grande sensação da gravação era
uma prendinha que dançava a "música do caranguejo" cheia de
desenvoltura — em uma cadeira de rodas.
Há quatro meses, a filha de
Magno, Thaine Bittencourt, de 7 anos, é o xodó da Invernada Mirim do DTG
Porteira Aberta, de Dois Irmãos. Sem os movimentos da cintura para baixo, ela
começou a dançar de cadeira de rodas incentivada pelos professores Anderson
Cristiano Hack e Carla Luana Prates. Nos ensaios, que acontecem nas noites de
sexta, ela é uma aluna aplicada:
— Se dá seis horas (18h) e eu não
cheguei para levá-la, ela me liga e fala assim: pai, não acredito que tu
esqueceu de mim — conta Magno, imitando o jeitinho exigente da menina.
— Os colegas da invernada a
aceitam como ela é. A Thaine é a alegria da turma. Onde ela está, sempre tem
vários ao redor.
O acidente
Thaine perdeu os movimentos das
pernas em um acidente de trânsito quando tinha um ano e oito meses, durante as
férias da família no município de Três Passos.
— Ela correu para a frente de um
carro — resume o pai.
A menina chegou ao hospital da
cidade sem fraturas. No entanto, uma torção na medula a deixou paraplégica.
— Ela tem todos os reflexos das
pernas, mas não possui comandos voluntários. Ou seja, se derem um beliscão na
perna dela, ela vai puxar involuntariamente .
Na sua rotina semanal, estão
incluídas sessões de fisioterapia, natação e, em breve, terapia. Durante a
tarde, ela cursa o primeiro ano na escola Professor Arno Nienow. Orgulhosa, a
mãe, Rejane Datsch, conta que Thaine é uma aluna muito inteligente — mas também
deixa escapar que a menina é um pouco arteira.
— A gurizada do colégio briga
para empurrar a cadeira dela. De vez em quando, dá uns acidentes ou ela
"capota" — revela o pai, fitando a pequena, que completa:
— Mas eu adoro — diz, com um
sorrisinho típico de criança que gosta de aprontar.
Duas vezes por ano, Thaine vai a
Belo Horizonte para fazer tratamento em um hospital da Rede Sarah. Segundo os
pais, os médicos não descartam que os avanços da ciência, especialmente no que
diz respeito às pesquisas com células-tronco, podem fazer com que a menina
volte a caminhar.
— Conseguimos esse tratamento com
a ajuda de um colega do trabalho. Ela está indo lá para aprender a se virar —
explica o pai, sobre o hospital que é referência em reabilitação.
O próximo objetivo da família é
comprar uma cadeira de rodas motorizada, para facilitar a locomoção na região
onde moram, que possui muitas ladeiras. Assim, Thaine também ganhará mais
autonomia.
Quanto aos planos para o futuro,
a pequena prenda ainda está um pouco dividida: não sabe se quer ser dançarina
ou manicure. Ou os dois.
Fonte: Clic RBS - Zero Hora/Pioneiro
Isadora Neumann
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