Ao longo desse tempo, os eventos tradicionalistas se consolidaram e adquiriram status de eventos grandes. Nalguns municípios os rodeios e festivais artísticos representam o maior evento, seja pelo público que atrai, seja pelos valores que movimenta.
O modelo tradicional tem se sustentado em quatro formas básicas de financiamento: venda de espaços comerciais; patrocínios de empresas, incentivados ou não; cobrança de ingressos e estacionamentos; e recursos públicos orçamentários.
No princípio os eventos eram baratos. O gado era doado. Narradores, juízes, avaliadores, todos trabalhavam de graça, a grande maioria acampava no local dos eventos. Dispondo de uma sonorização razoável estava ótimo. Cada CTG tinha grupo musical próprio, sem custos. Ou seja, a realidade era outra. E não faz tanto tempo assim!
Hoje quase tudo é profissionalizado. Tudo é pago. Juízes, avaliadores, dirigentes e até os grupos de danças se acomodam em hotéis. Poucos são os que acampam. A sonorização tem que ser excelente. Os avaliadores precisam de preparação especial. Hoje tem decoração, ambientação temática, transmissão ao vivo, sorteio eletrônico, e um nível de exigência que assusta.
O ENART, por exemplo, se realizava com 40 pessoas, hoje são necessárias mais de 200. Em 2001 eram necessários 280 salários mínimos para a realização da final, hoje são necessários 740.
Por outro lado, os governos municipais estão cada vez mais apertados no orçamento. Ouvimos diariamente que não há recursos para saúde, para educação, para as estradas, para o básico. O Ministério público e os órgãos de controle criam inúmeras dificuldades. Realizar eventos com recurso público, tornou-se uma temeridade. O mais comum é a devolução de valores (mesmo que aplicados no evento e devidamente comprovados) ou a rejeição das contas, por “erros” formais. Sempre tem uma lei ou uma norma que não foi cumprida.
Diante de tudo isso, o MTG está iniciando um novo procedimento na realização dos seus eventos. Como regra geral, adota-se a prática de não receber dinheiro orçamentário. Exceto em casos especiais e num período de transição. Cada evento terá que ser autossustentável. Para isso, são necessárias algumas medidas: retomar o serviço de voluntariado para as tarefas menos técnicas. Reduzir os custos das equipes técnicas, administrativas e gerenciais. Reduzir a quantidade de pessoas necessárias para as avaliações. Cobrar ingresso para os eventos de tal forma que essa rubrica represente a maior fonte de receita, como ocorre com todos os eventos não tradicionalistas. Melhorar nossa captação de recursos privados dando às empresas um retorno mais qualificado, inclusive em termos de mídia.
Esse novo modelo, buscando reduzir custos e solicitando ao poder público somente para a infraestrutura dos locais dos eventos, será aplicado na edição comemorativa de 30 anos do ENART. Vamos pela primeira vez contar com voluntários. Vamos cobrar um valor de ingresso, exceto dos artistas, que seja compatível com o espetáculo oferecido e vamos, ao final, se houver superávit, transferi-lo para o Fundo Especial Garantidor que já conta com uma parcela do valor dos cartões tradicionalistas e com o pró-labore dos seguros de rodeios.
É um novo momento. É uma nova realidade. Esperamos que os tradicionalistas entendam as mudanças e nos ajudem a implementá-las, para o bem do movimento tradicionalista organiza do.
Manoelito Carlos Savaris
Presidente
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