São variados os "pertences" de uso campeiro, confeccionados em couro cru. Destacam-se, entre outros, as "cordas" trançadas (rédeas, laços, cabrestos, etc.) — feitos de couro vacum — e os "corredores" (revestimentos — feitos de couro cavalar). Além dos couros vacum e cavalar, são também utilizados: o couro de cabra ("chibo"), para tranças delicadas; a pele de enguia ("muçum"), para revestimento de pequenos objetos. Até bem pouco tempo, utilizavam-se, no artesanato dessa natureza, o couro de capivara ("capincho"), para "cordas" torcidas; o couro de veado para pequenas tranças e revestimentos e o couro de lagarto para forro de boleadeiras. Hoje, por razões de ordem ecológica, essa prática acabou sendo abandonada.
A Coureada
Diz-se "courear" ao ato de despegar o couro do animal morto. Para fins de artesanato, um couro deve ser o mais limpo possível, livre de gordura, resíduos de carne e coágulos de sangue. Alguns "guasqueiros" observam a fase da lua, para efeitos de coureada (lua minguante). É crença, mais ou menos generalizada, que o couro obtido na lua nova torna-se quebradiço e de pouca resistência. Outros preferem "courear" quando se inicia o processo de putrefação (caso de animais mortos no campo), tão logo o animal comece a inchar. Entendem que, dessa forma, facilita-se a posterior depilação do couro.
Estaqueamento
O rendimento de um couro depende em grande parte do modo de estaqueamento. Um bom estaqueamento deve preencher certos requisitos, tais como:
a — O couro estaqueado deve estar limpo, livre de gordura, resíduos de carne e coágulos de sangue;
b — No verão, o estaqueamento deve ser feito com sol indireto; a ação direta dos raios solares sobre o couro torna-o quebradiço e ressequido;
c — O couro deve ser estaqueado com o carnal para cima;
d — O estaqueamento feito sobre uma parede de madeira, com o uso de pregos, é o mais indicado; nesse caso, a parte do couro correspondente à cabeça do animal deve ficar para baixo;
e _ Se o estaqueamento for feito sobre o chão, convém que o seja em terreno inclinado (a parte do couro correspondente à cabeça, para baixo}.
Faz-se um corte, no "fio do lombo" (da parte traseira até o meio do couro). A seguir estaqueia-se numa parede e costura-se depois essa parte cortada com um tento forte, procurando aproximar-se o mais possível a parte cortada. Quando seco, nesse processo, o couro apresenta uma maior uniformidade, quanto à espessura, nessa região.
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