sábado, 30 de junho de 2018

Liliana Cardoso estreia o programa "De Campo e Alma" pela Record News


             A cultura e o tradicionalismo gaúchos, a partir do domingo, 08 de julho, ganham vitrine nacional com a estreia do programa “De Campo e Alma”, pela Record News. 
           O programa será apresentado aos domingos pela manhã, a partir das 8h, tendo no comando os apresentadores Fábio de Oliveira e Liliana Cardoso. 

         O programa é produzido por Pierre Luz e tem 30 minutos de duração. “De Campo e Alma” contará com programação artística, apresentando os maiores expoentes da música gaúcha e nativista. 

        Para a boa prosa também serão chamados os protagonistas do tradicionalismo organizado e espontâneo, com destaque para áreas como danças tradicionais gaúchas, esportes campeiros, cultura em todas suas manifestações, folclore e também gastronomia e turismo, entre outros.


sexta-feira, 29 de junho de 2018

Tropeirismo - Bibliografia recomendada por Valter Fraga Nunes


Em primeira mão, para aqueles que fazem acontecer a semana farroupilha no RS. Bibliografia de apoio.

            Existem muitas outras publicações sobre o Tropeirismo que também podem ser consultadas, mas acreditamos que estas poderão dar uma ideia inicial e geral sobre este tema. Cuidado com artigos colocados na internet! Nem sempre são de fontes confiáveis.

ALMEIDA, Aluísio de, O Tropeirismo e a Feira de Sorocaba. Sorocaba: Luzes Gráfica e Editora, 1968.
________ Vida e Morte do Tropeiro. São Paulo: Martins, 1971.

ALVES, Luiz Antônio, OLIVEIRA, Sergio Coelho, Linguajar Tropeiro. Porto Alegre: Evangraf, 2012, 136 p.

ALVES, Luiz Antônio, ALVES, Sandra Maria Schmith, Cidades Tropeiras: Região Sul do Brasil. Porto Alegre: Evangraf, 2018, 72 p.

BARBOSA, Cristiano Silva, Tropeirismo biriva: história, canto e dança. Antônio Prado, RS, C.S.B., 2016, 92 p.

BARROSO, Véra Lucia Maciel, O Tropeirismo na Formação do Sul. In: História Geral do Rio Grande do Sul. OLIVEIRA, Nelson; GOLIN, Tau (Coord.). Passo Fundo, RS: Méritos, 2006, p. 171 – 187.

BARROSO, Véra Lucia Maciel, SANTOS, Lucila Maria Sgarbi, VELHO, Adenair Pereira, MADEIRA, Jussara Lisbôa, LEMOS, Maristela Lemos, Bom Jesus e o Desenvolvimento do Tropeirismo nos Caminhos do Cone Sul. Porto Alegre: Companhia Rio-Grandense de Artes Gráficas (CORAG), 2012, 496p.

CORTES, João Carlos Paixão, Danças Tradicionais Rio-Grandenses (Achegas). Passo Fundo: Gráfica e Editora Padre Berthier, 1994, 139 p.

________, Tropeirismo Biriva: Gente, Caminhos, Danças e Canções. 1999, 60 p.

________, Danças Birivas do Tropeirismo Gaúcho. 2010, 56 p. disponível também em: http://www2.al.rs.gov.br/biblioteca/LinkClick.aspx?fileticket=ksUNywbXk78%3D&tabid=5281

FILIPAK, Francisco, Tropeirismo Platino-Peruano & Platino-Brasileiro. Curitiba: Juruá, 2008, 176 p.

FONSECA, Pedro Arí Veríssimo da, Tropeiros de mula: a ocupação do espaço, a dilatação das fronteiras. 2.ed. Passo Fundo: Gráfica Editora Berthier, 2014. 216 p.

GOULART, José Alípio, Tropas e Tropeiros na Formação do Brasil. Rio de Janeiro: Conquista, 1961.

JÚNIOR, Alfredo Ellis. O Ciclo do Muar. Revista de História, São Paulo, v.1, p. 73-81,1950. Disponível também em: http://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/34820

PONT, Raul, Campos Realengos: Formação da fronteira Sudoeste do Rio Grande do Sul. 2.ed. Porto Alegre, Renascença, 1983, 2 v.

PORTO, Aurélio, História das Missões Orientais do Uruguai. Porto Alegre: Selbach, 1954. Disponível também em: https://archive.org/details/historiadasmisso01port .

RODRIGUES, Elusa Maria Silveira, MADEIRA, Jussara Lisbôa, SANTOS, Lucila Maria Sgarbi, BARROSO, Véra Lucia Maciel (Org.). Bom Jesus e o Tropeirismo no Cone Sul. Porto Alegre: Edições EST, 2000, 430 p.

SANTOS, Lucila Maria Sgarbi, VIANNA, Maria Leda Costa, BARROSSO, Véra Lucia Maciel (Org.). Bom Jesus e o Tropeirismo no Brasil Meridional, Porto Alegre: Edições EST, 1995, 184 p.

SANTOS, Lucila Maria Sgarbi e BARROSSO, Véra Lucia Maciel (Org.). Bom Jesus na Rota do Tropeirismo no Cone Sul. Porto Alegre: Edições EST, 2004, 763 p.

STRANFORINI, Rafael, No Caminho das Tropas. Sorocaba: TCM, 2001.

TRINDADE, Jaelson Britan, Tropeiros. São Paulo: Editoração, Publicações e Comunicações Ltda., 1972.

VELHO, Adenar Pereira et al., Tropeirismo: Educação Básica. Porto Alegre: Companhia Rio-Grandense de Artes Gráficas (CORAG), 2008, 52 p.

ZIMMERMANN, Florisbela Carneiro, Biribas: a contribuição do tropeiro à formação histórico-cultural do Planalto Médio Sul-rio-grandense. Sorocaba: Gráfica Cruzeiro do Sul, 1991, 44 p.

           A coleção “Raízes” (municípios descendentes de Santo Antônio da Patrulha) organizado pela Prof. Véra Lucia Maciel Barroso, normalmente tem artigos sobre tropeirismo da região.

Parabéns Estância da Poesia Crioula - A Academia Xucra do Rio Grande

          A Estância da Poesia Crioula é uma entidade cultural sul-riograndense que visa congregar os poetas e prosadores voltados para a temática gauchesca, além de pesquisar, manter, promover e divulgar tudo aquilo que se relacione com esta arte crioula em suas mais diversas formas de manifestações.

            A fundação da Academia Xucra do Rio Grande, como é carinhosamente conhecida, ocorreu no dia 29 de junho de 1957, dia de São Pedro, Padroeiro da Estância, graças a visão e ao esforço de abnegados poetas e prosadores que sentiram a necessidade de organizar-se como instituição com o objetivo de exaltar nossos usos e costumes, nossas valorosas e ricas tradições.

            Nos dias 27, 28 e 29 de junho de 1957, foi realizado o primeiro Congresso de Poetas Crioulos do Rio Grande do Sul. Neste evento, que teve Vargas Netto como Presidente de Honra (após sua morte tornou-se patrono da entidade) e o poeta Hugo Ramirez como Presidente da Comissão Organizadora, entre pareceres diversos, moções de louvores, discursos, homenagens, foram traçados os princípios da estância, tendo como seu mais elevado objetivo congraçar os poetas gauchescos, organizar uma corrente de pensamento e de estudo através de cuja manifestações possa atuar de maneira culturalmente objetiva a arte da poética e o culto, em si, da tradição campeira.

            O primeiro Rodeio de Poetas Crioulos teve a adesão, mediante comparecimento ou manifestações expressas de 86 poetas, sendo, estes, considerados Sócios Fundadores.

            Neste mais de meio século de existência a EPC tem cumprido com louvor seus princípios e objetivos promovendo, anualmente, seu Rodeio de Poetas, editando suas antologias, realizando seus concursos literários, participando ativamente dos movimentos que venham a promover nossa cultura. As reuniões dos vates e convidados acontece aos sábados na sede própria da Estância na rua Duque de Caxias 1525, sala 49 D.

A primeira diretoria da Estância foi assim constituída:

Presidente Hugo Ramirez. 
Demais poetas: Rui Cardoso Nunes, Jayme Caetano Braun, José Barros Vasconcellos, Dimas Costa, Lauro Rodrigues, Pery de Castro, Nitheroy Ribeiro e Olynto Sanmartin.

Nestes 50 anos de existência foram presidentes da Estância da Poesia Crioula:

Leo Ribeiro de Souza que foi Presidente 2004/2006
Hugo Ramires (1957/1959 – 1963 – 1986/1988);
Nitheroy Ribeiro (1959/1960)
Jayme Caetano Braun (1960/1961);
Guilherme Schultz Filho (1961/1963 – 1970/1972);
Cyro Gavião (1963/1964);
Mozart Pereira Soares (1964/1966);
Pery de Castro (1966/1970);
Hélio Moro Mariante (1972/1974);
José Paim Brites (1974/1976);
Zeno Cardoso Nunes (1976/1980);
Vasco Mello Leiria (1980/1982);
José Hilário Retamozo (1982/1986-1992/1994-2000/2002);
Francisco Pereira Rodrigues (1988/1990);
Dias Francisco Fiorenzano (1990/1992);
Caio Flávio Prates da Silveira (1994/2002);
Sérgio de Laforet Padilha (2002/2004);
Léo Ribeiro de Souza (2004/2006);
Beatriz de Castro (2006/2008);
José Machado Leal (2008/2010);
Cândido Brasil (2010/2014)
Wilson Tubino (2014/2016)
Ubirajara Anchieta (2016/...)

     Parabéns aos componentes da Diretoria, poetas e à memoria de todos que já fizeram parte dela....
Fonte: Blog do
Léo Ribeiro de Souza

Festas Juninas no Rio Grande do Sul - Opiniões

        Por Antonio Augusto Fagundes. Curso de Tradicionalismo Gaúcho

          No Rio Grande do Sul as festas de junho estão ligadas ao solstício de inverno e são quatro, os santos do mês: Santo António (13), São João (24) e São Pedro e São Paulo (29).

         São festas importantes no calendário gaúcho e sua alegria não tira a seriedade das comemorações.  O que se deve impedir — e o tradicionalismo está vencendo essa batalha — é a aparição de festas caipiras, que de caipiras não tem nada e visam colocar em ridículo um tipo humano brasileiro de cultura tão importante como o gaúcho, que já mereceu estudos sérios de homens como Mário de Andrade, Amadeu Amaral e Alceu Maynard Araújo. E se dizer que houve um tempo em que sociedades importantes e escolas sérias realizavam até os famigerados "casamentos na roça" em nosso Estado!

          Segundo Antonio Augusto Fagundes, o Nico, as verdadeiras festas juninas do Rio Grande do Sul são as seguintes:

SANTO ANTÔNIO — Comemora-se a 13 de junho e, em certos municípios — como Mostardas e Tavares — manifestam-se os Ternos, hoje com menor intensidade. Embora esses cantores ambulantes lembrem os clássicos Ternos de Reis, os versos que cantam deixam bem claro o santo que evocam.

     O normal é se fazer a festa de Santo António no dia que lhe é consagrado no calendário gregoriano, acendendo a fogueira no entardecer do dia 13 e, a partir daí, realizando as costumeiras provas de amor, jogo de prendas e salto sobre as brasas. Ultimamente, porém, está se verificando a tendência de se comemorar o dia de Santo Antônio no Dia dos Namorados (12 de junho), de inspiração comercial.

SÃO JOÃO — É a festa junina mais popular no Estado, com os gaúchos acendendo fogueiras em incontáveis municípios. Ocorre, porém, frequentemente um erro; as fogueiras são acesas na véspera de São João e não, como deveria ser, à tarde do dia 24 de junho.

     A roupa adequada para essa ocasião é a gauchesca de festa. A comida é a galinha frita, assada ou com arroz, a batata-doce, o pinhão (preparado de várias maneiras), o amendoim, a pipoca, a cangica, os doces campeiros. Assar churrasco, ainda mais nas brasas da fogueira, seria um desrespeito ao santo. Bebe-se cachaça, quentão, jacuba ou capilé.

     Conta-se que na antiga Judéia as primas Isabel e Maria estavam grávidas e moravam em casas distantes. A primeira que ganhasse bebé deveria anunciar a boa nova à outra, acendendo uma fogueira na frente da própria casa. Santa Isabel ganhou o filho, que será São João Batista, primeiro e cumpriu o prometido e até hoje os gaúchos acendem fogueiras, anunciando a vinda do santo.

     Tem-se, porém, que "acordar" São João, porque à noite, é claro, ele dorme no céu. Por isso explodem foguetes e bombas. O secular costume de soltar balões está em desuso, no Estado.

     São João também tem o seu Terno, com versos próprios. Em São Borja, no RS, realiza-se anualmente a festa de São Joãozinho Batista, quando, abaixo de cantos religiosos próprios, a imagem do santinho é retirada da casa da festeira e vai, em andor, até a Fonte de São João, distante várias quadras. À passagem da procissão o pátio das casas nas ruas percorridas vão se iluminando com a inflamação das fogueiras, enquanto a piazada vai soltando bombas e foguetes. Chegando à fonte, a imagem é passeada nos ombros de um devoto (sempre o mesmo) sem se molhar. Depois, todos voltam sem grandes formalidades à casa da festeira, onde se realiza um baile animado a gaita, violão e pandeiro, com comes e bebes. No outro dia, à tarde (aí, sim, Dia de São João) é realizada uma Mesa de Inocentes, farta e a vontade, para a gurizada do bairro.

     Em muitos lugares, porém, como em São Borja e no interior de Sobradinho, ocorre o interessante fenômeno de "caminhar sobre as brasas", de pés descalços. É verdadeiramente impressionante.

      Na festa de São João em várias cidades, quando realizada pelo padre, acontecem os tradicionais "leilões" (galinha, leitão), "pescaria" etc... Quando a festa é espontânea, ocorrem jogos de prendas, baile e provas de amor e saúde, algumas destas à meia-noite em ponto.

SÃO PEDRO — O santo guardião das chaves, porteiro do céu, é o padroeiro do Rio Grande do Sul. A Estancia da Poesia Crioula, Academia Xucra do gauchismo, realiza todos os dias 29 de junho a sua festa máxima. Hoje quase não se acendem as fogueiras de São Pedro e, raramente, aparece o Terno desse santo.

Por Paixão Cortes em seu livro Folk, Festo e Tradições Gaúchas.
(Cadernos Gaúchos)


          Comemoradas no Brasil, desde o Século XVI, trazida pelos Portugueses as festas juninas sofreram adaptações com costumes agregados aos antigos. Mesclando ritos pagãos e cristãos tem um importante papel no calendário folclórico, apresentando características de diversas de acordo com cada região do pais.

            Em todos os rincões do Estado, principalmente no ambiente simples do nosso homem do campo as festas de maior significado na comunidade continuam sendo comemorações dos Santos Padroeiros. Hoje em quase todo o Brasil as festividades juninas tomaram caráter festivo-social, desligadas do seu sentido de religiosidade e passaram a ser um acontecimento em que o ridículo e a fantasia representam o ponto alto das modas ou novidades citadinas.

           O que vem ocorrendo no Rio Grande do Sul   há algum tempo, é que estão sendo misturadas duas culturas regionais brasileiras distintas — a caipira e agaúcha — nas comemorações das festas juninas. Muitos imitando o caipira que é pior, muito mal, sem conhecimento de sua cultura. Sabe-se que o caipira é um tipo humano representativo de uma região brasileira, assim como o são o vaqueiro, o jangadeiro e o próprio gaúcho merecendo, portanto, como nosso irmão, o nosso respeito. A vida simples e rústica, a falta de instrução, a deficiência de higiene fatores hereditários e uma série de outros motivos fizeram do caipira um tipo humano característico do interior paulista, principalmente. 

            Não podemos esquecer, porém, que possui também belíssimas tradições regionais  que chegaram até nossos dias cultuadas pelas gerações.
Se muitos deturpam a figura do caipira, tornando-a extremamente caricata e mesmo cômica, transformando-a em verdadeiro palhaço, é pela falta de conhecimento do tipo verdadeiro. A imaginação jocosa não viu as qualidades e virtudes que aquele possui, ante as condições desfavoráveis do seu vestir.

            Quanto ao tipo humano, o caipira é bem distinto do gaúcho, não só na maneira de falar, com corruptelas originais, como no vestir, pois não usa bombacha, bota, espora, guaiaca, tirador, camisa lisa, chapéu de feltro, barbicacho, pala, boleadeira, etc. Não vemos razão para confusões. As festas juninas no Rio Grande do Sul, no seu sentido verdadeiramente folclórico, eram distintas das comemorações caipiras e assim deveriam continuar.

           Não devemos ser contra a festa caipira, dentro dos princípios tradicionais e corretos. Devemos ser, sim, contrários à mistura de costumes de caipiras e gaúchos em festas juninas. E mais. Contra a pretensa substituição pura e simples da festa caipira por festas gauchescas. Se nós, gaúchos, temos uma tradição e a cultuamos, também os caipiras possuem a sua e a mesma deve ser respeitada, pela sobrevivência do folclore nacional, em suas puras manifestações.

           No sentido de divulgar as verdadeiras tradições gaúchas, referentes aos santos do mês de junho, o IGTF realizou, em 1980 e 1982 dois grandes acontecimentos  populares que foram: a “1ª e a 2ª Festa Junina de Porto Alegre", no Parque Marinha do Brasil.


           Milhares de pessoas assistiram aos festejos e tornaram parte na montagem das diferentes fogueiras para cada santo — Santo Antônio, São João, São Pedro e São Paulo —, além de presenciar o “Levantamento do Mastro”, pelo ‘Capitão”; as atuações do "Tenente da Fogueira" e "Alferes da Bandeira", afora, naturalmente, a degustação de pratos típicos da gastronomia gaúcha e participação nos jogos, sortes e danças do folclore rio-grandense.

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Por Leandro Araújo - BLOG de Opiniao
(https://blogdoleandroaraujo.blogspot.com)

Por que, existe a cultura do “caipira” em nossas Festas Juninas?

           Estudando o termo, percebemos que ele se refere a qualquer tipo
humano do interior, normalmente de área rural. De acordo com o dicionário Koogan/Houaiss, caipira significa “Homem da roça ou do mato; matuto, capiau. /Pessoa tímida e acanhada. / Jogo de parada com um só dado ou com roleta, entre pessoas humildes.” Já no dicionário Antônio Olinto de Língua Portuguesa, a definição de caipira é “Habitante do campo, do interior. / roceiro, caboclo. / indivíduo tímido, acanhado”. 

           No dicionário Aurélio encontramos “Habitante do campo ou da roça / diz-se de caipira sin. ger. jeca, matuto, roceiro, caboclo, capiau ou taboréu”. Ou seja, a expressão refere-se genericamente às pessoas ligadas ao campo, geralmente em pequenas propriedades (ou empregados de grandes propriedades), de poucas letras e pouca vivência urbana. Ora, este tipo é encontrado em todo Brasil, não necessariamente precisa figurar como o imortalizado por personagens como “Jeca Tatu”, de chapéu de palha, calças remendadas e camisa xadrez.

           A palavra “caipira”, como é definida vocabularmente, é encontrada em qualquer região brasileira, respeitando suas características físicas, culturais, históricas e geográficas. Ligar a expressão “Festa Junina” a “Festa Caipira”, por si só já é um erro crasso, no entanto, pior ainda é ligar a expressão “caipira” à imagem estereotipada pela mídia do homem do interior, maltrapilho, ignorante e ingênuo.

           Estudos dos tipos regionais brasileiros já comprovaram que a falta de letras por parte do homem do campo não significa ignorância ou falta de capacidade de aprendizado, ao contrário, o conhecimento que detém é específico e suficiente para sua sobrevivência no meio em que se encontra. A classificação de “caipira” que nos é imposta pela mídia é exatamente contrária, retratando-o como um incapaz.

          Várias teorias tentam explicar a introdução desta paródia de caipira em nossas festas juninas (digo “paródia”, pois os trajes usados nas festas juninas imitam toscamente apenas as roupas dos interioranos dos estados de São Paulo e Minas Gerais). Porém uma das explicações é a que traz uma força histórica muito grande:

           A Revolução de 1930 e, principalmente, o golpe do Estado Novo em fins de 1937, foram responsáveis pela difusão impositiva do sentimento de brasilidade. Através desta agitação política, buscava-se concretizar cultural e ideologicamente a formação de mercado e de indústria nacionais centrados no eixo Rio-São Paulo. Para tal, foram fortemente subjugados os sentimentos regionais.

            Durante a “Proclamação ao Povo Brasileiro”, de 10 de novembro de 1937, Vargas denunciou o “caudilhismo regional” que “ameaçava a unidade nacional brasileira”. Em gesto simbólico mandou queimar as bandeiras regionais publicamente, ardendo entre elas, o pavilhão criado por seus antigos ídolos, Júlio de Castilhos e Borges de Medeiros, em 1891.

              Em seguida, o Estado Novo promoveu a chamada “invenção da cultura nacional”, como fundamento da identidade nacional imposta. Para isso, o getulismo apoiou fortemente a seleção brasileira de futebol; nacionalizou o carnaval e o samba, as festas juninas aos moldes do sudeste brasileiro; incentivou o nascimento de arquitetura moderna brasileira; estimulou a produção musical dos temas centrados na região do “Café com Leite”. O mais curioso, é que vinha descansar em suas estâncias no sul, onde era fotografado de bombacha, tomando mate e montando à cavalo como um verdadeiro caudilho.

            A “invenção da cultura nacional” foi uma medida política e repressiva, que buscava esmagar a cultura regional para que, desta forma, não se abrisse precedentes a novas manifestações antigovernistas. O resultado desta centralização e imposição cultural foi o início da massificação da cultura da região sudeste, que até hoje é vendida ao mundo como sendo a verdadeira e única cultura brasileira.

            Podemos afirmar que até 1930 a expressão “Festa Caipira” sequer existia e também que as Festas Juninas já aconteciam na região sul do Brasil, invocando suas particularidades culturais próprias, desde que essa região começou a ser efetivamente povoada, em 1737. Se em duzentos anos de História festejou-se as datas juninas, e seus respectivos santos, através da particularidade regional de cada povo, incentivar a realização de festas caipiras, fantasiando nossas crianças de forma que ridiculariza o homem do interior, transformando-as em imitações de pequenos paulistas ou mineiros, é aplaudir o maior erro do governo de Getúlio Vargas, que tentou esmagar através da força despótica toda herança cultural regional. É lamentável, mas continuamos sendo governados por decisões arbitrárias, que há 75 anos promovem a centralização da cultura nacional, ditando através da mídia o que devemos vestir, comer ou ouvir.

           Mas como tentar reverter esta situação? Se continuarmos aprendendo que em “Festa Junina” nos fantasiamos de caipira, na Semana Farroupilha nos fantasiamos de gaúcho e no carnaval nos fantasiamos de qualquer coisa, continuaremos tratando nossa cultura como “coisa de grosso”.


           A consciência de que ao vestirmos a indumentária gaúcha não estamos nos fantasiando de gaúcho, mas vestindo um traje histórico, que representa toda a identidade cultural de um povo, sua história e cultura, não deve ser imposta, mas ensinada. Respeitar a cultura regional é respeitar a própria origem, as raízes que sustentam toda organização social vigente. Com o coração triste, mas pilchado, acompanharei mais um ano onde a televisão nos enfiará goela abaixo músicas e roupas “caipiras” em detrimento da cultura regional. 

            Pois assim, ouvindo e vendo os meios de comunicação de massa, principalmente a televisão, cegando o povo, fica muito mais fácil vender novelas, músicas e informações.

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SANTOS DE JUNHO - São Pedro e São Paulo

          A solenidade para São Pedro e São Paulo (apóstolos e mártires) é uma das mais antigas e solenes do ano litúrgico. Desde o século IV havia o costume de celebrar neste dia três missas solenes, a primeira na Basílica de São Pedro no Vaticano, a segunda na Basílica de São Paulo fora dos Muros, e a terceira nas catacumbas de São Sebastião, onde as relíquias dos dois apóstolos ficaram guardadas por muitos anos para que não fossem profanadas.

          Alguns estudiosos do assunto consideram que esta devoção seja a cristianização de celebração pagã dedicada a Rômulo e Remo, os dois mitos fundadores de Roma, que teriam sido amamentados por uma loba. São considerados pela igreja os pais da Roma cristã e um antigo hino religioso os define como tal.

          Não há um consenso sobre a época exata da morte destes santos, mas a história coloca o fato entre os anos 64 e 67 da era cristã.

       Para o folclore festeja-se São Pedro como o chaveiro do céu e protetor dos pescadores, dos marinheiros e das viúvas. É festejado com procissões em terra e na água.

          Seu símbolo litúrgico é uma chave e a sabedoria popular diz que para entrar no céu somente pela intercessão deste São Pedro.

        Diz-se que era pescador e que um dia estando pronto para exercer seu oficio encontrou Jesus Cristo que o convidou para segui-lo e ser um "pescador de almas". Pedro o seguiu mudando o rumo de sua vida. Antes da Ascensão, ou seja, antes de subir aos céus Jesus o nomeou chefe da Igreja e comparando os homens com um rebanho, mandou que Pedro cuidasse de todas as ovelhas e cordeiros. Assim foi feito, tornando-se Pedro o primeiro Papa da Igreja Católica. Foi um dos discípulos mais estimados de Jesus Cristo e todos os papas até o momento atual o sucederam.

         É prestigiado como padroeiro do Estado no Rio Grande do Sul.
São Paulo - Saulo de Tarso da Silícia também foi um dos apóstolos de Jesus. Antes de se converter ao cristianismo perseguiu e matou cristãos, até que a caminho de Damasco teve uma visão, Jesus em meio a intensa luz lhe perguntou: "Paulo por que me persegues?" A emoção e a claridade o cegaram por três dias, quando recuperou a visão converteu-se ao cristianismo e seguiu o Mestre pregando a palavra de Deus.

       Foi martirizado e morto, seu corpo foi colocado na mesma catacumba ao lado de São Pedro. É o menos festejado dos santos de junho.



Professora Paula Simon Ribeiro

Quando chega ao fim....

           Me criei escutando a Radio Liberdade FM (95.9), em uma época que os bailes gaúchos bombavam. Talvez bombassem por que a Liberdade ajudava a isso acontecer. A Rádio chegou a ser referência e lançar artistas de sucesso mas agora entra numa nova fase: segunda-feira, 02 de julho, passa a transmitir no AM (frequência 970). Atualmente ela estava no dial 104.9, mas dará lugar a uma rádio jovem. Odilon Ramos, Leandro Godoy, Vitor Hugo, o próprio Telmo Tartarotti, que foi proprietário antes de passar para Pampa, entre tantas outras vozes que embalaram a juventude dos anos 90, no gauchismo. O que dizem os artistas? Vamos, mais uma vez, baixar a cabeça e não achar soluções. As gravadoras fecharam e as musicas não foram mais para as rádios. O incentivo não apareceu mais e o que bomba para os ouvintes é o Sertanejo Total. Lamentamos profundamente... Mas chegou ao fim...

DTG (CTG) Herança da Tradição, de Flores da Cunha


          Sim.. mais uma entidade que fecha suas portas. Desta feita em Flores da Cunha, 25ªRT. Dia 17 de julho será a assembleia para encerrar as atividades. O projeto na escola iniciou no ano de 2003, na Semana do Folclore, mas a fundação da entidade só aconteceu em 26 de agosto de 2010. Em agosto do ano passado havia passado de DTG da Escola para CTG. 
Um ano depois, fecham-se as cortinas. Mais uma história que chega ao seu fim... 

       Stela Maris Paim Lemos da Costa, João Flávio Costa, Rafael Turella, Carolina Lemos, Elshadday Ribeiro dos Reis e tantos outros que passaram por esta entidade... nosso abraço e nosso carinho...

Uma aula de liderança. Exemplo a ser seguido

Desde que assumiu o posto de presidente do Conselho Estadual de Cultura, Marco Aurélio Alves tem buscado a harmonização no ambiente e também está levando o conhecimento para aqueles que achavam que o CEC era um ambiente fechado.

A Descentralização da Cultura
      Quinta-feira, 28,foi  realizado na Assembleia Legislativa uma oficina sobre elaboração de projetos, convite feito por artistas buscando incrementar suas atuações. Rodrigo Munari, Teixeirinha Filho, Guri de Uruguaiana, Os Serranos e muitas pessoas que trabalham pela cultura no RS.
     O movimento TODOS PELA CULTURA luta para que a ARTE - manifestação humana de ordem estética ou comunicativa - ou seja, a música, a literatura, a escultura, a pintura, o teatro, o cinema, o circo, a dança, dentre outras artes, sejam valorizadas e consolidadas na nossa terra.
    
Um líder dedicado
 
Abraçando causas importantes - Foto: Erika Hanssen
    Nascido em Canela, Marco Aurélio Alves, Bacharel em Artes Cênicas, iniciou sua vida profissional, nos anos 80, como Produtor Cultural e, em seguida, uniu a essa atividade as funções ator, diretor e professor de artes cênicas tendo estudado e lecionado na Escuela Teatro Imagem, em Santiago, no Chile. Depois da incursão na vida cultural, ampliou o leque de atuação especializando-se em gestão de Cidades, tendo frequentando curso de especialização em elaboração de projetos e captação de recursos oferecido pela Unesco. Desde 2013 é gestor do Instituto Brasileiro da Pessoa e estudante de psicologia. 


     Desde que assumiu a presidência do Conselho Estadual de Cultura, Alves tem tentado aproximar os setores que trabalham dentro do conselho mostrando que todos estão lá para avaliar a ideia dos outros, não a sua própria. Não para achar o que deve ou não deve ser feito. 
Um líder, sentado no picadeiro, ao lado, não à frente
Foto: Erika Hanssen

      "Eu diria hoje, que gerir a cultura é não atrapalhar. Pois gerir de forma ultrapassada é atrapalhar. Eu voltei convicto que os produtores culturais e os artistas estão produzindo, apesar de todas as dificuldades que os órgãos públicos impõem. Apesar dos órgãos públicos, a arte sobrevive. E por isso que acho que é a hora de formarmos gestores. Não adianta eu ficar criticando, falando mal deste ou daquele, por que nos temos que oferecer alternativas. E por isso, uma das primeiras questões que a gente viu quando chegou de lá é criar com urgência um curso para gestores para a  cultura, tanto público quanto privado" - disse Alves.

     
Renato Borghetti e Marco Aurélio Alves - Duas grandes lideranças caracterizadas pela importância que tem e pela humildade que demonstram. Final do Encontro Regional de Cultura, em Barra do Ribeiro, no cenário da Fábrica de Gaiteiros - Foto: Erika Hanssen
     Marco Aurélio Alves, em recente entrevista para o programa Identidade Gaúcha, da Radio Quero-Quero, conseguiu definir muito bem os erros de gestão. Por isso, ele busca aproximação com a comunidade cultural. Promove encontros. Tira o Conselho do gabinete. Não fica somente em discursos bonitos, ele vai à ação. "Eu assumo o Conselho Estadual de Cultura. Eu vou lá fazer o que eu quero, o que eu gosto, ou o que a população necessita? As pessoas assumem cargos para fazer aquilo que elas acreditam que esteja certo, sem conversar com quem realmente faz acontecer, para saber se é aquilo, realmente, que são as necessidades. Isso é erro de gestão" - definiu Alves.


Oficinas para ensinar a preparar projetos
     Agora, está ai, se disponibilizando para fazer oficinas ensinado a comunidade cultural a preparar projetos. Além desta na Assembleia Legislativa, a Comissão Gaucha de Folclore estará disponibilizando para seus membros associados uma oficina dia 7 de julho, no auditório do MARGS. CGF - 70 anos.

quinta-feira, 28 de junho de 2018

Analise ideológica da Caverna do Tradicionalismo - Parte 6

“A caverna do Tradicionalismo” - Por Manoelito Carlos Savaris

          Finalmente chegamos à terceira parte do editorial do Presidente do MTG, deste mês de junho.

 
Referencias: Oscar Gress e Manoelito Savaris
      Depois de traçar um cenário de fantasia, de dizer que o Movimento deve buscar novos horizontes olhando para trás, para os “jovens de 47”, de afirmar que os culpados são os falsos pensadores e intelectuais que tem espúrios interesses no tradicionalismo, o autor do editorial se aventura numa comparação do Movimento Tradicionalista com a Alegoria da Caverna de Platão. Diz ele: “às vezes me parece que alguns setores do tradicionalismo reproduzem a Caverna de Platão”.


          Ao dizer “alguns setores”, sem identificá-los, está generalizando e deixando para o leitor escolher: artístico, campeiro, cultural, esportivo, das coordenadorias, do Conselho Diretor, da Junta Fiscal, dos narradores, dos instrutores, dos avaliadores, etc., etc.

         Não me parece que os objetivos de Platão, no diálogo em torno da República, possam ser aplicados a uma entidade que escolheu o seu campo de autuação e definiu ao longo de inúmeros encontros e debates um regramento exaustivo e complexo.

         No caso de Platão, o principal objetivo foi o de mostrar que os seres humanos somente conseguem evoluir e encontrar a verdade se romperem com a informação, com a cultura e com o que lhes foi ensinado ou mostrado. No caso do MTG, vamos romper com qual conceito? Vamos reformular a Carta de Princípios? Vamos desconstruir as teses do Barbosa Lessa e Jarbas Lima? Vamos cancelar o Conselho Diretor? Vamos abolir as Regiões Tradicionalistas? Vamos Proibir os rodeios e demais eventos competitivos? Vamos encerrar a Ciranda e o Entrevero? Vamos abandonar o Enart e a Fecars?

         Ora, me parece claro que o uso do 'Mito da Caverna' para tentar explicar problemas existentes, conhecidos, antigos e atuais, inerentes às instituições humanas, tais como, equívocos organizacionais, descumprimento de regras combinadas, exploração econômica indevida, eventuais desvios que ocorrem na avaliação de eventos competitivos, alguns comportamentos inadequados por parte de instrutores, musicistas, coordenadores, conselheiros e assim por diante, é uma tentativa de fazer o discurso fácil e fugir do que compete, por obrigação, ao dirigente.

         Há erros? Corrija-os. Há desvios? Elimine-os. Perdemos algumas referencias? Refaça-as obrando e não discursando. Ou seja, o uso da Alegoria da Caverna para explicar o Movimento, me parece, está longe de contribuir para a melhoria e harmonia da instituição.

       Ah, lembrando que, no caso da Caverna de Platão, aquele que se aventurou a romper o status quo (locução latina que significa estado das coisas ou atual), foi morto pelos demais habitantes daquele lugar de fantasia. Não me parece ser o caso do MTG.

Zezinho... Ele nos fez chegar mais perto do nosso "eu" tradicionalista

José da Silva, em 2014 e em 2018
        Se fala tanto em verdadeiro isso... verdadeiro aquilo... Mas o que é verdade? O que é verdadeiro? O que é verdade para mim é verdade para ti? Como ousamos falar que isso ou aquilo é o verdadeiro. José da Silva nos fez ver algo, que ouso dizer: É verdadeiro.

           Hoje, quando fazíamos o programa Identidade Gaúcha, pela Rádio Quero-quero, veio à tona um assunto de 2014, quando a minha prima Elisa pediu para nós, para os amigos, uma pilcha para este piá da foto. Ele disse que queria de presente uma roupa de gaúcho. E fomos em busca. Cada um fazendo a sua parte. resultado? Leia o que escreveu o Jeandro Garcia e olhe a foto, que fala por sí, só.

     "Aquilo que faz tudo valer a pena... José, em 2014, tinha um sonho de Natal, passar o Natal pilchado! Entre tantos pedidos revelados a sua professora, nossa amiga Elisa Motta, os pedidos mais comuns eram eletrônicos, mas José pediu uma pilcha" - escreveu Jeandro, no seu facebook.

      E continua: "Prontamente nós, Rogério, Lili e tantos outros, cada um doando uma peça, entregamos a ela, que fez o registro lá em 2014 e hoje ela me envia esta nova foto, além de continuar pilchado o piá até gaiteiro está se tornando!" - conta.

      "É... é o que faz tudo valer a pena mesmo. Muitos só conseguem se emocionar com o troféu que vem ou chorar pelos que não vieram, feliz daqueles que possuem momentos de emoção também pela conquista alheia, sem entidade, classe social, vitórias ou nem mesmo saber o sobrenome" - diz emocionado.

      "Passamos por momentos difíceis, mas hoje está claro que nosso rumo é fazer o bem a quem merece o bem. Aproveitar nosso tempo e conhecimentos com o que de fato tem um propósito, além do seu próprio bem" - fala por todos nós. 

       Obrigado José, obrigado Elisa, hoje nós nos reencontramos com o tradicionalismo no seu lado mais puro e no que realmente nos faz bem. Se é verdadeiro? Não sei! Mas é a nossa verdade!

EPC aniversaria e promove a "Romaria da Saudade"

O evento não aconteceu no dia do Rodeio de Poetas devido a chuva e, com seu adiamento, acontece sexta, dia 29

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Edital de cultura, voltado ao folclore, deve sair em duas semanas

           
Presidente do Conselho Estadual de Cultura, Marco Aurélio Alves (D) e o Secretário Adjunto de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer do RS, André José Kryszczun (E).
       Informações nos são passadas pela Secretaria de Estado da Cultura, Turismo, Esporte e Lazer que o Edital do FAC dedicado às culturas populares e ao folclore deverá sair em até duas semanas. A ideia foi lançada durante a abertura do Fórum estadual de Folclore e Culturas Populares, em Ijui, entre os dias 24 e 26 de maio.O edital deverá ser de R$250.000,00;

O calculo deve ser este. Preparem-se para estes projetos - 5 Pessoas Físicas e 5 para pessoas Juridicas
       Atenção produtores culturais. Quanto mais Projetos forem inscritos, maior será o montante do próximo Edital. Não podemos nos basear que pode não sair para a gente por que é pouco. Vamos deixar na espera para que o próximo seja maior. Façamos com que o estado saiba que é necessário aumentar o valor no próximo edital.

A origem do termo "Os homens de preto" na música - "Charqueadas"

(Blog do Jornalista Flávio Damiani)

      Bastou uma nesga de conversa, em janeiro deste ano (2017), com o Paixão Cortes, para descobrir uma história interessante. Entre um cavaco de assunto e outro, surgiu uma discussão sobre a evolução musical no Rio Grande do Sul e dos seus compositores, entre eles, o Paulo Ruschel, autor de um clássico do folclore rio-grandense. Aquele que fala dos “homens de preto trazendo a boiada, vem vindo cantando dando gargalhada”, e que sem alternativa “o bicho coitado (…) só vem pela estrada, direto à charqueada…”

     Foi aí que lasquei:

Como surgiu esta música?

     Beirando os 90 anos de idade, com uma lucidez invejável, o Paixão é uma referência na pesquisa folclórica do Rio Grande do Sul. Pelas mãos dele passou parte do repertório musical dos pampas.

     A profissão de engenheiro agrônomo da Secretaria da Agricultura do Estado nunca foi um empecilho para sua atividade cultural, aliás, pelo o que ele conta, ajudou a descobrir e divulgar.


   Foi numa destas andanças que ele acompanhou, ou testemunhou, o nascimento desta, que ainda é uma das músicas mais executadas do cancioneiro popular gaúcho e um símbolo que levou o nome do Rio Grande do Sul pelo mundo.

     Paixão Cortes era especialista em lãs, e conta que na década de 50 fazia uma exposição na cidade de Julio de Castilhos, onde está localizada a Cooperativa Regional Castilhense de Carnes, ou simplesmente, Frigorifico Castilhense, que  abrigou a exposição que reunia criadores e interessados na comercialização do produto e de olho no mercado.

     Lá, por esses dias, conta ele, apareceu o Paulo Ruschel, artista plástico que também era compositor e violonista. Ficou impressionado com uma cena: homens a cavalo vestindo capas pretas empurrando o gado rumo ao matadouro. “Era frio e como proteção, vestiam as pesadas capas de lã que cobriam o corpo”, descreve. A capa cobre o cavaleiro e se estende até a anca do cavalo.

– O corredor de acesso à cooperativa é amplo e de encher o peito – observa Paixão, que nesta época, apresentava o programa Grande Rodeio Coringa que ia ao ar pelas ondas da Rádio Farroupilha de Porto Alegre.

      Conta que dias depois da exposição em Júlio de Castilhos, o Ruschel “apareceu na minha casa, na Rua Sarmento Leite, 101”, ficava próximo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Com um violão, lá estava para mostrar a composição, que levava o nome de “Charqueadas” e não “Homens de Preto”, como depois ficou conhecida, por conta do refrão.

      A música foi apresentada, pela primeira vez, no Grande Rodeio Coringa em 1º de Maio de 1955 e nasceu fazendo sucesso. O estilo logo encantou o público, pela tal dimensão diferenciada da letra, da música e da interpretação do grupo Os Gaudérios que tinha como integrantes o Neneco, o Carlos Medina, o Marques Filho e o poeta e letrista Glauco Saraiva.

     A escolha dos Gaudérios para interpretar a música foi uma opção do Paixão.

– Era preciso colocar mais de duas vozes para dar uma identidade a letra – lembra.

     Reconhece que foi a partir daí que as músicas solo e em dupla começaram a receber mais um ingrediente. A multivocalidade foi consagrada mais tarde pelo Conjunto Farroupilha que carimbou o passaporte dos “Homens de Preto” pelo mundo, levado pelas asas da Varig. Que o digam os cabarés de Paris.

     Elis Regina também gravou.
(Entrevista do Jornalista Flavio Damiani
Com Paixão Cortes, em 2017)

Vem aí o 2º Festilomba na Sociedade Gaúcha de Lomba Grande



terça-feira, 26 de junho de 2018

Subtemas para serem trabalhados, dentro do tema "Tropeirismo" - Semana Farroupilha 2018

Tema dos Festejos Farroupilhas 2018
Tropeirismo - Contribuição para a formação da identidade sul-rio-grandense
Introdução e justificativa

          O Tropeirismo foi um ciclo econômico, social e cultural, e um dos principais responsáveis pela formação da identidade do povo gaúcho, desde os primórdios de sua ocupação europeia pelos jesuítas na região missioneira (1626) e posteriormente por paulistas, lagunistas e portugueses que se estabeleceram inicialmente nos Campos de Viamão, formando as primeiras estâncias oficiais (1732), mediante doação de sesmarias. Estas estâncias tinham principalmente duas finalidades: 
1- Garantir pose territorial para Portugal 
2- Dar suporte e invernadeiros as tropas que vinha do Sul.

            Este movimento de ir e vir de pessoas de diversas regiões sul-americanas, cada um com seus costumes, valores, crenças, saberes, etc., agregaram ao homem residente no Rio Grande do Sul uma bagagem cultural que influenciaria num perfil típico do Gaúcho atual.

             A importância deste tema para os Festejos Farroupilhas 2018 no Rio Grande do Sul, é recolocar a figura humana do tropeiro, que por muito tempo ficou oculto em nossa história tradicionalista, em seu devido lugar de destaque. O tropeiro, inicialmente alóctone (vem de outro lugar) aos poucos vai se aquerenciando por aqui, adquirindo terras e assim originando novas estâncias, contribuindo para ocupação territorial definitiva do RS. Alguns formaram famílias, casando-se com gaúchas e muitos de seus filhos seguiram as atividades de seus progenitores, garantindo assim, viva as lidas tropeiras de seus antecedentes. Por outro lado, serve de alerta para todos tradicionalistas, que a Tradição Gaúcha não se limita apenas ao Decênio Farroupilha, existem muitos outros elementos importantes que participaram da formação da identidade do povo sul-rio-grandense.


Atividades preparatórias junto as RTs

           As atividades solicitadas para nós, serão desenvolvidas a nível de Região Tradicionalista. Existem duas maneiras:

1- Palestra (Tropa, Tropeiros e Tropeirismo – Contribuição para a formação da Identidade sul-rio-grandense) de aproximadamente 2h em que será exposto o Tropeirismo de forma geral, contemplando aspectos relacionados a conceituações fundamentais, formação das tropas, caminhos, registros, indumentária, pousos, alimentação, tipos de tropas, noções práticas das traias, etc.

            Poderá ser realizada a noite, conforme as necessidades de cada RT.

2- Em forma de seminário que ocupará o dia todo, com uma programação mais ampliada, tal como foi realizado na 4ª RT, em Alegrete.
08h - Recepção e credenciamento
09h - Palestra sobre Tropeirismo Geral
10h30 - Intervalo
10h45 - RT na Rota Tropeira – Depoimentos de tropeiros, descendentes e/ou pessoas que direta ou indiretamente tenham ligação com atividade tropeira
12h - Almoço
13h30 - Práticas Tropeiras
14h45 - Birivas e as Danças Tropeiras
15h45 - Intervalo
16h Discussão, distribuição e planejamento do tema
17h30 - Avaliação do dia de trabalho (Seminário)
18h - Encerramento

            Para realizar o item das 10h45 é necessário a participação efetiva da RT, para trazer as pessoas que darão seus depoimentos. Pode ser substituído por trabalho apresentado pela RT sobre tropeirismo local.


Atividades propostas para RTs e Entidades Tradicionalistas


As RTs ou Entidades poderão dividir o tema em vários itens e ainda em subitens para melhor desenvolver as atividades, tais como:

1- Tropeirismo Missioneiro – O tropeirismo em sua primeira fase, introdução do gado e formação das Estâncias Missioneiras, que deram origem a Vacaria do Mar (primeiro ciclo das Missões) e Vacaria dos Pinhais (segundo ciclo das Missões).

2- Ciclo do Muar – As mulas como mercadoria principal, soltas ou arriadas. Origem do gado muar com relação a exploração das minas de prata de Potosi. Foi o período de maior desenvolvimento econômico, subsidiária inicialmente do Ciclo do Ouro e posteriormente dos demais Ciclos: Algodão, Café, Cacau, Erva-mate, etc. Oficialmente todas as tropas tinham destino a grande Feira de Sorocaba e depois de seu fechamento, em Itapetininga.

3- Os 5 Grandes Caminhos – Caminho da Praia (do Mar); Caminho de Souza Farias (dos Conventos); Caminho do Viamão (do “Certão”, Real ou Viamão-Sorocaba); Caminho das Missões (Veredas das Missões) e Caminho da Palmas. Por estas rotas os tropeiros percorreram todos os Estados da Região Sul, Sudeste e parte do Centro-Oeste e Nordeste, além de países vizinhos como o Uruguai e Argentina. Os pousos onde permaneciam alguns dias se tornaram povoados, evoluindo mais tarde para grandes cidades. No meio destes caminhos se estabeleciam também posto de cobrança de impostos (Registros, pedágios).

4- Usos e Costumes do Tropeiro – Todos a elementos materiais e imateriais do dia a dia do tropeiro. Isso pode ser observado na culinário, na indumentária, nas encilhas, nas traias, nas crenças, nas danças, na medicina campeira, no linguajar, no imaginário tropeiro (lendas, mitos, etc.), etc.

5- Tipos de Tropas – Tropas bovinas, muares, asininos, equinos, ovinos, suínos, gansos, perus, tropas de carretas. Cada uma com suas características própria de condução. Neste item, cada Região pode enfatizar a que era ou é ainda, a mais comum no local.

6- Ofícios Associados – Além de exercer seu próprio ofício de tropeiro, muitas vezes assumia outras atividades, como entregador de correspondências, objetos e muitas vezes era a única comunicação entre localidades. Mas outros ofícios se estabeleceram ao longo de sua caminhada, como por exemplo: seleiros, tecelões, ferreiros, ferrador, funileiros, guasqueiros, jacazeiros (cesteiros), bruaqueiros, frentistas, cangalheiro, taipeiros (de pedra), rancheiros, e outros regionais.

7- A Comitiva – A formação de uma comitiva normalmente apresenta estes elementos humanos: Tropeiro (inicialmente, nem sempre presente), condutor ou capataz, e os peões que também apresenta funções diferenciadas como ponteiro, madrinheiro, fiadores (costaneiros, flanqueiros), culatreiros, arribador, contador, cozinheiro e arrieiro. O número de peões, vai depender do tipo de tropa e do número de animais a serem tropeados.

8- Tropeirismo Regional – Após o grande ciclo econômico nacional do muar, o tropeirismo continuou sua atividade, agora mais regionalizado, envolvendo várias outras atividades de transporte com muares, como por exemplo: tropas de carregamento de lenha, pedras, areia, enxovais e diversos produtos agropecuários como pinhão, queijo, charque, açúcar, sal, aguardente, vinho, café etc. Além disso, ocorria e ocorre até hoje, movimentação de gado em pequenas e médias distâncias, principalmente de bovino e ovinos.

           Outras atividades também devem ser realizadas pelas RTs, dependendo de sua demanda histórica. Além disso, cada um dos oito (8) itens apresentam várias títulos que podem ser individualizadas também, ou seja, as possibilidades de trabalho são bem extensivos.

Nota: Trabalho abnegado de Valter Fraga Nunes e Marco Aurelio Angeli (Zoreia). Vi o trabalho deles durante o evento Encontro de tropeirismo em Santo Antonio da Patrulha, dia 23, e o respeito que professores, como a Vera Lucia Maciel Barroso, tem por eles. São admiráveis. Coisas que normalmente ficam engavetadas, com eles é para 'ontem'. As entidades precisam. Estão procurando. Obrigado tropeiros...

Contatos:
Valter Fraga Nunes, (51) 99807 5404, valterfnunes@gmail.com
 Zoreia (51) 99972 5137 passeiosdemula@terra.com.br

CTG Clube Farroupilha de Ijuí recebe homenagem na Assembleia Legislativa pelos seus 75 anos

    Grande Expediente. Assembléia legislativa do Estado. Homenagem ao CTG Farroupilha de Ijuí, que comemora 75 anos de fundação. Dep. Gerson Burmann.

      No Grande Expediente da sessão plenária desta terça-feira (26), o deputado Gerson Burmann (PDT) destacou os 75 anos de atuação do CTG Clube Farroupilha, de Ijuí. A homenagem resgatou a história do lendário clube inspirado nos ideais farroupilhas e fundado por Laureano de Medeiros. O centro de tradição, fundado em 19 de outubro de 1943, é uma das três entidades tradicionalistas mais antigas do Rio Grande do Sul.

      O lema de inspiração do CTG traduz a defesa da cultura e da tradição, “Pelo
Rio Grande como ele é”, o objetivo que norteou os fundadores, um grupo de ijuienses liderados por Laureano de Medeiros. Eles surgiram em público no desfile do 7 de setembro de 1942, “desfraldando a velha bandeira da Revolução Farroupilha”, destacou Burmann da tribuna. Um ano mais tarde, em 19 de outubro de 1943, a entidade passou a existir com registro em cartório. “É um orgulho para Ijuí que o CTG Farroupilha figura entre as três mais antigas entidades tradicionalistas em plena atividade”, assinalou o deputado, entre os mais de 1.700 outros centros de tradição no Estado e 1.300 no país, além de outros 20 em outros continentes.
Francis Maia - MTE 5130 | Agência de Notícias - 16:24-26/06/2018 - Edição: Letícia Rodrigues - MTE 9373
       Foi a partir de 1959 que o Farroupilha passou a se chamar CTG, seguindo as normas do Movimento Tradicionalista Gaúcho, o MTG. Ao longo das últimas décadas, atuou em diversos eventos, como a inauguração do obelisco em Piratini, em homenagem aos heróis da Revolução Farroupilha, e no 19º Congresso Tradicionalista Gaúcho, em São Borja, onde obteve o reconhecimento de precursor do movimento. Em 1990, o CTG Farroupilha foi o anfitrião do 35º Congresso Tradicionalista Gaúcho, mesmo ano de conclusão de sua sede. No ano seguinte, teve a sua representante eleita 1ª Prenda do Rio Grande do Sul. Hoje, além do Festival Nativista Canto de Luz, que reverencia a história da energia elétrica no município de Ijuí, valoriza as composições nativistas e está na sua sétima edição, também a Lamparina da Canção Gaúcha cumpre o papel de incentivar a cultura gaúcha entre os intérpretes mirins e juvenis. Também está na 11ª edição o Pesqueiro da Canção Gaúcha.


      As festividades dos 75 anos do CTG coincidem também com o aniversário de Ijuí, fundados os dois em 19 de outubro.

Viagem ao Rio Grande do Sul, de Auguste Saint Hilaire - Parte VI

Resumo 6 - Viagem ao Rio Grande do Sul
outubro de 1820 - Auguste de Saint-Hilaire

Cachorro ovelheiro - Rendimento do trabalho escravo - Modo de Cultivo de plantações - Hospitalidade com chimarrão

      Hospeda-se em uma estância com rebanho de ovelhas soltas ao campo e conhece o cachorro ovelheiro, que antes de abrir os olhos é colocado para mamar em uma ovelha, tendo um abrigo feito em meio ao rebanho, quando abre os olhos toma-lhes afeição e erige-se seu defensor, repelindo com valentia qualquer animal que venha atacar. Se alimenta na casa da fazenda e quando o rebanho se afasta deixa até de comer para acompanhá-los. Quando começam a comer carne só lhes dão cozida, para que não ataquem os cordeiros. Este mesmo relato é feito a ele por moradores de Porto Alegre.

      Na Estância do Silvério há um grande pomar com boa variedade, o maior que viu no Brasil. Emprega 12 negros, mas descreve que apenas três jardineiros franceses fariam até melhor o serviço, pois o negro quando liberto trabalha estritamente para matar a fome, quando escravo trabalha mal e com lentidão.

      Para proteger do gado solto no campo algumas culturas, como hortaliças, eram cercadas por um fosso profundo, onde eram plantadas espécies espinhosas.

     Para adubação algumas estâncias colocavam o gado em galpão e de carrinho levavam o esterco até a área de plantio, outras cercavam o gado já no local até adubar.

     Um soldado aparece, enviado pelo Conde (governador), para acompanhá-lo. Esta proximidade lhe garante pouso e alimentação em quase todas as paradas, sem custo. Como este soldado conhece o churrasco de fogo de chão, com o espeto encravado na terra.

     Descreve em detalhes o chimarrão, e que o dia inteiro a chaleira está no fogo para ser tomado a qualquer hora, ele mesmo já se habitou. Quando entra um estranho na sala logo se oferece esta bebida que que acredita trazer muitas benesses, especialmente aqui onde se come muita carne.