Prossegue o debate sobre o editorial do Presidente do MTG, deste mês de junho.
Na segunda parte do editorial, a partir do 4º parágrafo, o Presidente, finalmente conduz o leitor para o Movimento Tradicionalista Gaúcho. Depois de alertar que não é fácil, diz que “precisamos evoluir, voltando a buscar novos olhares, novos horizontes, novas possibilidades de fazermos diferente”. Me parece que isso é uma indicação para algo novo, algo ainda não realizado ou não tentado. Ou seja, algo inovador.
Porém, na sequencia ele afirma que “fazermos o verdadeiro, aquele do qual não deveríamos ter nos afastado.” Então, depois de indicar para o novo, diz que devemos voltar para o que já foi e do qual não deveríamos ter nos afastado e, ali, no passado está o “verdadeiro”.
Para completar o pensamento o autor diz que esse “verdadeiro” está “nos propósitos, desejos, vontades e sonhos” dos “jovens de 47”.
Para melhor explicar para onde está apontando, o autor cita nominalmente João Carlos Paixão Cortes dizendo que “encontra-se conosco e continua contribuindo com suas pesquisas” e, em seguida, afirma que ele foi o “sinuelo do processo de uma grande revolução e transformação cultural de nossa sociedade local”. Conclui essa referencia aquele “jovem de 47” perguntando por que ele se encontra recolhido “aos bastidores, à margem do processo iniciado por ele há 70 anos?”
Sem entrar no mérito do quanto o pesquisador e folclorista contribuiu para o tradicionalismo organizado, me parece justo dizer que Paixão Cortes foi o líder de uma ação importante que se prolongou no tempo e resultou na criação do 35 CTG e, 20 anos depois, no surgimento do MTG. Mas dizer somente isso, para quem não domina a história do tradicionalismo gaúcho, é muito pouco e pode conduzir a que as pessoas pensem que a ideologia, os princípios, a estrutura e o modelo organizacional se deve a ele, o que não corresponde com a verdade.
Penso que aqui há uma pequena confusão entre tradição e folclore cujas pesquisas e resgates principais se devem a Paixão Cortes e Barbosa Lessa e o tradicionalismo organizado (MTG), cuja construção se deve muito mais a Barbosa Lessa, Glaucus Saraiva, Cyro Dutra Ferreira, Antonio Candido Netto, Antonio Augusto Fagundes, Hermes Ferreira, Hugo da Cunha Alves, Getúlio Marcantônio, entre outros.
No que interessa, no debate a respeito do editorial, a pergunta que fica é: o Movimento que o líder idealiza é aquele de 70 anos atrás ou um outro que está para ser descoberto a partir de “novas possibilidades” e do “diferente”?
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