Como toda jovem apaixonada, em pouco tempo eu desejei fazer parte consciente e ativa deste movimento, e com o apoio de grandes incentivadores, comecei a participar dos concursos de prenda na entidade e região. Mais uma vez estava lá o preconceito – tu és apenas uma prenda, isso não é coisa de prenda, prenda não pode fazer isso, lugar de mulher é... Hein? Espera aí, lugar de mulher é onde ela quiser estar! Ocupando cargos e realizando com maestria tudo que qualquer homem faz! Minha teimosia não me permitiu abaixar a cabeça e seguir as convenções. Eu segui, com a delicadeza feminina e a postura de mulher gaúcha, ocupando os espaços e me construindo. Muitas mulheres, contemporâneas a mim, devem se identificar nesse prelúdio.
Agora, em 2018, finalmente estamos diante da última barreira. Temos a possibilidade de quebrar o paradigma final que nos separa da igualdade definitiva. Há muito, as mulheres vêm ocupando seus espaços na política e em todos os segmentos da sociedade - de pedreira a presidente! Já tivemos uma Governadora do Estado mulher, uma Presidente da República mulher, mas nunca antes na história, tivemos uma mulher à frente do Movimento Tradicionalista Gaúcho. Já ouvi nas entrelinhas que eleger uma mulher, é eleger uma ‘marionete’. Ora, meus caros, onde é que uma mulher é marionete de alguém? Isso é, no mínimo, subestimar a capacidade feminina!
Reflitam: de quem são as decisões cotidianas no seio do lar? Percebam quantas mulheres, na atualidade, são provedoras de suas famílias (hoje, as mulheres já são chefes de família em 67% dos lares brasileiros!), quantas mulheres comandam grandes empresas, quantas mulheres administram com maestria entidades e regiões tradicionalistas destacadas em nosso movimento. Há muito, as mulheres se apropriaram de suas decisões e argumentar que uma mulher pode ser manipulada é, no mínimo, indigno de homens esclarecidos!
A mudança nunca é fácil. Ela atemoriza os que estão acostumados com a zona de conforto, com o ‘mas sempre foi assim’. Entretanto, mudar é princípio básico de sobrevivência. Ao longo de milhares de anos, nos adaptamos, mudamos para sobreviver. Esse é um novo tempo. E eleger a primeira mulher presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho é assumir que estamos seguros de quem somos e aptos a enfrentar o novo. Eleger uma mulher é dar espaço para o pulso firme, sem perder a doçura da mão materna, afinal, dizer não como o rigor necessário é, também, papel de quem educa. Um novo tempo se descortina diante de nós, precisamos romper a última barreira.
No início do movimento, nos idos da década de 50, do século passado, Paixão Côrtes nos conta que apenas homens participavam, e que a visita ao Uruguai lhes abriu os olhos para a importância da mulher no meio. Lá, a mulher já exercia seu papel com maestria. Em 52 anos de Movimento Tradicionalista organizado, o MTG teve apenas presidentes homens. Somente em 1990, uma mulher foi convidada para integrar a administração do Movimento, porém, sempre com papel hierárquico inferior ao homem. Por isso, eleger uma mulher presidente é dar fôlego aos próximos 50 anos de Movimento, efetivamente vivenciando o lema de igualdade estampado em nossa bandeira. Sirvam nossas façanhas de modelo a toda a terra!
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