quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Viagem ao Rio Grande do Sul, de Auguste Saint Hilaire - Parte XV

 
Texto: Jeandro Garcia
Militares - Jesuítas - Índios - Paulistas


           Partindo da Estância de Guabiju o Tenente Coronel lhe dá 2 cangas, 10 bois e cinco cavalos de propriedade do Rei e ainda ofereceu dinheiro e soldados para lhe acompanhar.

          Muitos militares se tornaram estancieiros na região, mas devido a instabilidade, nenhum deles vive sem temeridade sobre esta posse.

          Saint Hilaire acredita que os jesuítas fizeram um grande bem a capitania evitando o contato dos índios com os brancos, e presume a superioridade em relação a outras regiões pela pouca miscigenação. Possivelmente o Rio Grande perderá vantagem conforme os índios saiam de suas aldeias e se espalhem por esta terra.

          Chega ao acampamento de Campo Salto, casas de palha e pouca diferença entre aquelas de soldados e seus superiores. O fato do acampamento de São José ser muito melhor construído se deve ao fato de ter sido montado por paulistas, pois estes sempre aprendem muitos ofícios, ao contrário dos habitantes desta região que sabem apenas montar a cavalo.

        Os homens desta Capitania do Rio Grande tem a aparência mais varonil que outras capitanias, são mais militares, porém menos corteses ou simpáticos, geralmente mais rudes. Infinitamente superiores aos espanhóis, pois são de raça branca pura. Se deixar os habitantes se misturarem aos índios e não lhes dar educação moral e religiosa, em breve não passarão de gaúchos!

         Além do acampamento há muitas casinhas de índios, vindos de diversas regiões. Os homens vivem na ociosidade e as mulheres se prostituem com soldados, onde lhes são transmitidas doenças venéreas, que não se curam pela falta de remédios. Sabe-se que são muito mais perigosas que as adquiridas por negras ou brancas.No vilarejo as mulheres se ocupam com as costuras, sendo até bem vestidas para gente do campo, com uma saia e blusa de algodão. Suas aldeias são originárias das Missões Jesuítas, falam guarani, mas todos sabem o espanhol. Cada vilarejo foi feito para reduzir seus flagelos, sendo o pior, a fome.

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