quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Viagem ao Rio Grande do Sul, de Auguste Saint Hilaire - Parte XXIII

Fevereiro de 1821
Auguste de Saint-Hilaire

São Borja - construções 
 índios militares e músicos dos 
jesuítas aos militares espanhóis

        Avistam a igreja de São Borja, as primeiras casas são simples cabanas, esparsas. A aldeia encontra-se se muito degradada, enquanto na parte militar há diversos militares e sentinelas que fazem guarda na casa do comandante, que antes era uma residência de jesuítas, hoje com muitos canhões alinhados.

       Saint Hilaire relata detalhes da grande igreja de São Borja e seus ornamentos. Também a rusticidade de algumas imagens sacras. O local é limpo, mas sem manutenção, logo cairá em ruínas. Fica surpreso como casas e construções deste porte foram feitas por um povo selvagem, orientado por religiosos.

     Era preciso que os sacerdotes dominassem todas as técnicas e tivessem paciência de ensinar aos índios, também sendo obrigados a fazer todo planejamento já que os mesmos não tinham noção de futuro.

       A noite a banda do regimento dos guaranis executou a marcha da corporação com gosto e precisão extremas, na missa as crianças entoavam cânticos com voz afinada e agradável. Os jesuítas se serviam da música para cativar os índios e suavizar seus costumes. Como os índios nunca ouviam os instrumentos fora das cerimônias religiosas, logo adotaram os instrumentos - que eram apaixonados - como parte essencial do culto Divino. Após a expulsão dos jesuítas continuaram o gosto pela música, o que talvez também os tenham tornado bons soldados.

       Durante os primeiros 8 anos os espanhóis seguiram exatamente o plano traçado pelos padres da Companhia de Jesus, e o número de índios até aumentou. Mas para governar as missões foram enviados somente aqueles que almejavam fortuna através da exploração dos índios, os brancos se misturaram a estes que logo assimilaram vícios e doenças destruidoras, assim logo tudo entrou em decadência.

       Quando os portugueses se tornaram senhores das sete aldeias pouco restava a fazer, os índios pouco guardavam os costumes de origem jesuíta e retornando a barbárie. Restam apenas 14 mil almas, 10% do que haviam nas missões.

      Pelo seu estado atual pouco possui conforto, tendo uma choupana mal construída, alguns farrapos, um pedaço de carne suspenso e sua cuia cheia de mate, será mais feliz que o mais rico e poderoso branco. Contudo esse mínimo conforto o prende a sociedade e tende a destruí-lo, pois para matar a sua fome é preciso que trabalhe, sendo oprimido.

Material do resumo
Fornecido por Jeandro Garcia

Nenhum comentário: