domingo, 6 de janeiro de 2019

Era necessário reunir os CTGs. Surge o 1º Congresso Tradicionalista, em 1954

          Diferente das tentativas do final do século XIX (anos 60 e 90) e início do século XX (1920), o movimento que nascia reunia um pouco de tudo o que houvera antes (gana farroupilha, o civismo e a literatura), mas com características associativas e o estabelecimento de laços solidários entre seus participantes. A diferença de cada época pode estar ligada à tecnologia existente. Até aquele momento, a difusão ocorria através de recursos da comunicação interpessoal, “de boca”, mas, a partir de 1953, os atores começaram a usar veículos de comunicação de massa, como jornal “Diário de Notícias”, com o jornalista Sady Scalante e a Rádio Farroupilha, com o programa “Grande Rodeio Coringa”, de abrangência estadual, que chegava a marcas históricas de audiência e que teve como animadores Paixão Côrtes, Darcy Fagundes, Luiz Menezes e Dimas Costa.

           Os pensamentos eram diversos. Uns acreditavam que os CTGs deveriam ter preocupação cultural no sentido do estudo da história, da literatura e do folclore. Outros temiam que as entidades fossem somente pelo lado do entretenimento, com charlas e bailantas,em contraponto aos que achavam que o lazer era importantíssimo para o homem. Havia os que supervalorizavam o 20 de setembro, a evocação farroupilha e seus heróis, enquanto outros acreditavam que eles apenas desempenhavam uma função psicológica de arquétipos, a qual o indivíduo se apegava simbolicamente. A diversidade de opiniões acabou por gerar uma ideia unânime: era necessário reunir os CTGs e começar a discutir os caminhos a seguir. Começava a ser gerado o 1º Congresso de CTGs do estado.

 
Churrasco no 1º Congresso
         Os Congressos Tradicionalistas proporcionaram condições de serem estabelecidos e mantidos padrões homogêneos, princípios comuns e a fundamental troca de experiências e interação entre as entidades que surgiram, muitas vezes, sem saber exatamente o que fazer. Eles tiveram uma importância fundamental para a criação de um sistema organizado do tradicionalismo gaúcho. Se a criação do “35” CTG foi a grande largada para o Movimento Tradicionalista Gaúcho, gerando o aparecimento dos CTGs em todos os rincões, o primeiro encontro deles, em forma de congresso, foi o passo inicial para a formação de uma federação.

            O 1º Congresso Tradicionalista Gaúcho, que aconteceu em Santa Maria, no ano de 1954, não foi um simples encontro dos 38 CTGs existentes na época, foi muito mais, pois reuniu mentes brilhantes como Manoelito de Ornellas, Luiz Carlos Barbosa Lessa, Luis Alberto Ibarra, Getulio Marcantonio, Lauro Rodrigues, Hugo Ramirez, Ruy Ramos, Paixão Cortes e muitos outros. Neste congresso de 1954 foram apresentadas teses que transcendem o tradicionalismo, como a de Barbosa Lessa: “O sentido e o valor do tradicionalismo”, ou “a importância da reforma agrária”, de Ruy Ramos, ou mesmo, “Os valores morais do Gaúcho”, de Oswaldo Lessa da Rosa.

               Foi no primeiro congresso que Getulio Marcantonio apresentou a moção para a criação da carta de princípios, sete anos dela ser ajustada definitivamente. E nesse tempo, Glaucus Saraiva nem fazia parte do grupo que iria elaborar o documento máximo do Movimento Tradicionalista. Também foi nele que Fernando Brockstedt, da União Gaúcha, de Pelotas apresentou a ideia de uma federação para unir os CTGs do estado.

Fonte: Livro
50 anos do MTG

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