Nos tempos românticos — ou, mais precisamente, nos tempos era que o rigorismo de costumes impedia o livre dialogar entre rapazes e moças — a juventude precisava usar de subterfúgios para expressar seus sentimentos.
Exemplo desse romantismo era a linguagem amorosa do leque usado pela sinhazinha nos salões, nos bailes. Conforme a posição do leque, ou a maneira de abanar-se, lá ia uma mensagem que o destinatário entendia.
Esse uso urbano teve um equivalente no ambiente rural, traduzindo-
se a mensagem conforme a maneira pela qual a moça recebia o rapaz que ia visitá-la em sua casa. Se o rapaz era obsequiado com o mate convencional, amargo, isto significava uma rotina sem maior significado.
Mas se a moça quebrava a rotina, oferecendo mate doce, com açúcar — não habitual entre os usuários masculinos — já era uma prova de simpatia; e, ao aceitá-lo, o rapaz demonstrava estar também disposto a quebrar a rotina e talvez quem sabe aceitar uma vidinha a dois...
Mate com mel — "quero casar contigo".
Mate com canela — "só penso em ti".
Mate com casca de laranja — "vem buscar-me de uma vez!"
Mate lavado (já sem gosto) — "vá tomar mate noutra casa".
Mate frio — desprezo.
O Chimarrão de 11 segundos, do Instituto Escola do Chimarrão, de Venâncio Aires
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