Foi naquele 11 de março de 2002, quando o presidente Manoelito Savaris me ligou para seguirmos para Piratini, pois Deus havia chamado o gênio Barbosa Lessa para o descanso final. Lessa faleceu aos 72 anos, vitima de câncer de pulmão. Autor da música Negrinho do Pastoreio, nasceu em 13 de dezembro de 1929, em Piratini, onde iniciou e terminou a sua vida. O menino que queria ser peão de estância, teve de fazer faculdade por ordens do pai. Aprendeu em casa, com a mãe, as noções básicas de piano e de datilografia. Barbosa Lessa sempre foi um jovem além do seu tempo. Com 12 anos fundou um jornal em sua escola (O Gonzagueano) onde publicou os primeiros contos regionais.
No colégio Julio de Castilhos em Porto Alegre conheceu Paixão Cortes, parceiros de muitas jornadas no futuro. Ainda na capital gaúcha, Lessa formou-se em Direito pela UFRGS, em 1954 e depois foi para o centro do país. Lá viveu 20 anos, trabalhando em produção de cinema e TV, até sua volta para o Estado. No retorno, com passagem pelo Diário de Notícias e pela Revista do Globo, foi também secretário estadual da Cultura, quando ajudou a idealizar a Casa de Cultura Mario Quintana. Atuou também como colunista do jornal Zero Hora, no Caderno Cultura, por muitos anos. Em Camaquã, em uma casa pré-fabricada no meio do mato, na Serra do Erval, o escritor viveu os últimos dias com a companheira de quase quatro décadas, Nilza Lessa. E muita história.. a maioria já conhece.
Hoje pela manhã, Dona Nilza, como sempre faz neste dia, há anos, me ligou: "Bom dia Rogério, lembra que dia é hoje? 11 de março. Uma data, que me traz uma certa melancolia, tristeza e saudade. Quem estará lembrando, que hoje passa mais um ano que ele se foi?" - Disse ela ao telefone.
Vale registrar, para que as gerações não esqueçam o quanto Barbosa Lessa foi importante para o nosso estado e, em especial para aqueles que nos finais de semana estão nos rodeios. Hoje, 17 anos sem ele.
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