Colaboração: Jeandro Garcia |
Março de 1821
Agricultura - Aldeia de São João
Arte Sacra - Terras - Tropeiros
As terras desta região das Missões são excelentes e produzem igualmente trigo, mandioca, milho, algodão, feijão, favas e todas as espécies de legumes. Em uma plantação de algodão as mulheres estavam ocupadas capinando a terra e tralhando com muita atividade.
Notou que possuíam lenços que só poderiam ser dados por sua gente, ao conversar com elas descobriu qual de seus empregados havia estado com cada uma. A maneira como lhe revelaram demonstra quase inocência, como se não houvesse mal algum no que haviam feito.
A aldeia de São João é a que se diferencia mais das outras, havendo em funcionamento apenas uma capelinha, sem padres e sem a mínima instrução aos índios, o que é uma pena, pois tudo aprendem com facilidade. Nas igrejas construídas e pintadas por eles estão a grande prova de suas habilidades.
Na capela de São João, o Glória e Credo escritos com tal perfeição que só olhando de perto teve a certeza de não serem impressos. Obra de um velho índio, que também é escrivão. Na capela também existem imagens sacras, esculpidas pelo sapateiro. Não são de extrema perfeição, mas temos que levar em conta que este homem nunca teve mestre e se baseia em outras obras também imperfeitas.
Na Estância de Santiago o brasileiro que nela habita surpreendente diz que apenas comprou a casa e que as terras pertencem aos índios. Saint Hilaire fica surpreso pois costumasse não fazer esta distinção, simplesmente entregando ao branco a terra que por direito seria do índio.
Encontrou vários homens dos campos gerais, tropeiros que vieram compras mulas nos arredores e devem passar o inverno na estância, próximo a setembro retornam aos seus lares, sendo a melhor época para a viagem com as mulas.
Cabe notar que não existe em todas as missões qualquer inscrição que lembre os jesuítas. Todos os monumentos do tipo foram destruídos pelos espanhóis para que os índios se esquecessem desses padres. Conheceu apenas uma mulher que viveu sob o governo dos jesuítas, e a eles se dirige com muito respeito. Muitos guaranis lembram de seus avós e pais contarem que quando estes religiosos administravam a região, foi o tempo da felicidade.
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