Textos do resumo: Jeandro Garcia |
Maio de 1821
Auguste de Saint-Hilaire
Furacão - destruição - solidariedade - resiliência
Na localidade de Tronqueira, Saint Hilaire passou pelo pior furacão já visto em sua vida. Pouco antes do pôr-do-sol as nuvens negras cobriram o céu, que era cortado por relâmpagos, trovoadas sem interrupção e o vento sul de extrema violência.
Encontrava-se na sala de seu hospedeiro, correu para fechar as janelas e neste momento parte do telhado foi arrancado, assim como parte do muro feito de tijolos e barro. Já ferido na perna correu para um quarto que também já estava descoberto e inundado pela água. Ao entrar em outro quarto encontrou as mulheres da casa comprimidas umas às outras, invocavam fervorosamente aos céus a sua proteção.
Após alguns poucos minutos a violência do furacão havia diminuído um pouco, dois de seus empregados chegam para avisar que a carroça havia sido arremessada contra uma árvore e sua cobertura atirada longe. Outro empregado, Mariano, estava ferido com a queda de um galpão.
O irmão de seu hospedeiro lhe oferece outra choupana e para lá levam as bagagens, todas molhadas, assim como todos, sem possuírem roupas para trocar, prevê que será uma noite muito ruim.
Seu hospedeiro assim como seus parentes apenas dizem: "É um castigo dos céus, é a vontade de Deus", enquanto isso um europeu já estaria calculando os prejuízos. Antes de dormir já estavam rindo sobre o ocorrido, não precisarão de mais nada do que um canto seco, para poderem dormir em paz.
No outro dia vizinhos chegam para ajudar a telhar a casa. O furacão quebrou espigas de milho, desfolhou as laranjeiras, arrancou enormes figueiras e ipês. Os vizinhos relatam que não foram melhor tratados, mas todos continuam alegres.
Seu hospedeiro sempre alimentou Saint Hilaire e seus empregados, temendo estar sendo pesado ofereceu para pagar pelas despesas feitas, o que foi recusado veementemente, quase como se fosse uma ofensa a proposta.
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