Gildo de Freitas nasceu em 19 de junho de 1919 no bairro Passo d’Areia, em Porto Alegre, RS. LEOVEGILDO JOSÉ DE FREITAS, seu nome de batismo, filho do casal Virgínio José de Freitas e Georgina Santos de Freitas. Foi o terceiro filho, entre os 9 irmãos.
Gildo, com 8 anos, frequentou o colégio no Passo d’Areia, onde é o campo do Esporte Clube São José. Sua professora foi dona Paulina. Porém, o menino não gostava de estudar. Por isso, estudou somente seis meses. Mas, aprendeu a ler a escrever. O que ele gostava mesmo era de cantar, de trovar e aprender a tocar gaita, conforme disse dona Carminha de Freitas em seu livro “Gildo de Freitas, O Trovador dos Pampas” (2004):
“Seu irmão Alfredo tinha uma gaitinha de oito baixos. Tocava uma toada de trova e cantava uns versinhos. Quando o Alfredo saía, Gildo pedia à mãe para não contar ao irmãos que ele pegava na gaita, levava para a beira de um arroio que existia nos fundos da casa e lá treinava suas trovas. Assim aprendeu a tocar e cantar. De grande talento já desde pequeno, mas ninguém ligava, pois naquele tempo, quem tocasse ou cantasse era considerado vagabundo”.
Seu Virgínio era pequeno agricultor, ali no Passo d’Areia. Plantava verduras. Gildo era o mais esperto entre os 9 irmãos. Trabalhava desde pequeno para ajudar os pais no sustendo da numerosa família. Gildo puxava uma carroça, cheia de verduras. Seguia pela estrada, vendendo de casa em casa.
O Castelhanho Vergilio José de Freitas e Dona Georgina |
“Desde antes dos oito anos, sabia trovar e nessa idade o colocavam em cima das mesas, nas carreiras para fazer versos. Com 15 anos não era qualquer trovador que encostava nele. E daí para diante foi aprendendo ainda mais, com os grandes repentistas Inácio Cardoso, Zezinho Fagundes, Genésio Barreto e Bena Brabo”.
Ilustrações Canini - Livro de Juarez Fonseca |
No início da década de 1940 passou a se apresentar no programa Trovadores do Rio Grande, na Rádio Gaúcha. Em 1948, quando o programa retornou, ele e Tereco, novamente se apresentavam. Em 1949 foi para o Alegrete, onde participava de trovas, formou o Trio Gaúcho, ele, Raul Sotero e Francisco Bica. Ele e Raul executavam as gaitas de botão e Bica, no violão. Conheceu Rui Ramos, que era político do antigo PTB em Alegrete, que lhe apresentou a Getúlio Vargas. Trabalhou na campanha de Getúlio em 1950, no retorno ao Catete, fazendo aqueles improvisos, nos comícios. Esteve muito doente em Alegrete, quase entrevado. Depois que saiu de Alegrete, esteve em Santa Maria, trovando e viajando com o repentista são-borjense Garoto de Ouro. Fizeram apresentações em São Borja e em vários Municípios. Continuou participando das campanhas políticas dos herdeiros do “trabalhismo” de Getúlio: João Goulart e Leonel Brizola.
Em 1953 ele volta a Porto Alegre. Trabalhou em vários serviços. Voltou a se apresentar nos programas de rádio. Logo foi criado em 1º de maio de 1955, o programa Grande Rodeio Coringa, na Rádio Farroupilha, por Darcy Fagundes e Paixão Côrtes. Gildo e Tereco de Oliveira eram os mais famosos trovadores de a porfia, que se apresentavam no programa. Trovou, também com outros grandes trovadores, mas nenhum se igualava e ele, na trova. Era imbatível! Tereco era o trovador que mais se aproximava de Gildo, na trova. Gildo, com sua inteligência fazia versos bonitos e sem ofender o adversário. Teixeirinha foi entrevistado por Juarez Fonseca. Ele disse que trovou com os dois e reconhecia porque Gildo de Freitas foi o “REI DOS TROVADORES”, conforme o jornalista Juarez Fonseca, registou no seu livro “Gildo de Freitas” (1985):
“Gildo nunca ficava nervoso ou irritado com provocações do adversário, na trova. No início, sempre apareciam trovadores novos querendo fazer fama em cima de uma vitória sobre ele. Já entravam dando pua, e às vezes a plateia começava a vaiar Gildo pelo fato de ele não responder à altura às provocações. Mas ele sorrindo, mostrando aqueles dentes de ouro, ia fazendo seus versos, trazendo, trazendo, e quando se via a plateia já tinha passado para o lado dele. Teixeirinha diz que Gildo ‘era jeitoso, sabia agradar, não era muito acusador, mau. O Tereco já era aquele homem que dava a pua e não queria parar, dava para derrubar. O Gildo não, levava aliviado, porque era um homem de muita ideia e sabedoria, além de ter uma simpatia muito grande. Por isso é que ele foi o Rei dos Trovadores”.
Esse depoimento do Teixeirinha ao Juarez Fonseca, sobre o Gildo de Freitas é muito importante. Pois ele conheceu muito o seu “Compadre Gildo”. Fonseca conta até de quando eles se encontram e passaram a fazer apresentações juntos. Foi em 1955, quando Gildo estava fazendo apresentações no Mercado Público, em Porto Alegre. Trovaram e um gostou do outro, conforme disse Juarez Fonseca, no seu livro sobre “Gildo”:
“O tempo passou, e em 1955 aconteceu o encontro e amizade com Teixerinha. Eles se encontraram em um bar no Mercado Público, onde costumavam se reunir trovadores e duplas regionalistas, à espera de convite para viajar ou se apresentar em circos ou cinemas na Grande Porto Alegre. (...). Então Teixeirinha e Gildo se encontraram, trovaram, gostaram um do outro e saíram juntos para trovar pelos interiores do Município de Taquara, onde Teixeira estava morando. Se apresentaram bastante em carreiramentos, programas de rádio, nas casas dos outros, até que um dia comicharam de novo as botas do Gildo. Ele convidou Teixeirinha para irem a Lages, em Santa Catarina, mas Teixeira trabalhava no DAER e não quis arriscar”.
(...continua...)
Nesta quarta, 19, o Identidade Gaúcha será dedicado ao Rei dos Trovadores - Gildo de Freitas |
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