Maio de 1821 - por Jeandro Garcia
Viagem a Porto Alegre - Mulheres de Rio Pardo - Rio Jacuí - Morte do escravo - Embarcações
Saint Hilaire parte rumo a Porto Alegre, navegando pelo Rio Jacuí. O tempo estava bom, mas partiram já tarde. Em Rio Pardo usufruiu de gentilezas de toda sorte. Em geral, no Brasil, ao apresentar suas cartas de recomendação a primeira pessoa já lhe presta todo auxílio necessário.
Na cidade não recebeu convites para qualquer atividade, embora muito bem acomodado. Lhe contaram que as mulheres possuem maneiras tão agradáveis quanto as de Montevidéu, mas somente conheceu a mulher e filha do sargento-mor, efetivamente muito distintas e educadas.
Avistaram uma casa onde pararam para pernoitar, mas antes de chegarem o patrão (do barco) pediu para içarem o corpo de um de seus negros, que havia se afogado no rio. Este patrão dizia "Ah, meu dinheiro! Meu dinheiro! Que me custa tanto ganhar!". Sua mulher subiu na embarcação para providenciar o enterro, onde na sua sepultura fincou uma cruz de bambu.
Quando retornou ela estava banhada em lágrimas, mas pela rudeza que tratava seus escravos, lhe fez crer que ela não chorava por outra coisa senão o seu dinheiro.
Continuando a viagem pelo rio e com o vento contrário, não foi possível seguir a navegação a vela. Sendo assim os negros do patrão junto com os soldados de Saint Hilaire, remavam em pirogas ligadas ao barco, trazendo-o a reboque.
Passaram na Fazenda Curral alto para um carregamento de charque. Antes da chegada já avistaram uma densa nuvem de urubus. Apesar do fim da época de abate, havia muita carne ao sol e vísceras, em putrefação, espalhando um odor infecto ao redor da casa.
Adiante a Freguesia Nova cruzam com diversos barcos, muito bonitos, seguindo a Rio Pardo. Por serem construídas de tábuas, estreitas e alongadas, são embarcações para quem deseja chegar rápido à cidade. Chamam de Canoas ligeiras, para diferenciar dia barcos de transporte, chamados de Canoas grandes.
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