Sir William John Thoms, arqueólogo inglês, escreveu uma carta à revista The Atheneum para designar o campo de estudos referentes ao saber do povo, foi utilizado também por intelectuais eruditos que nele entreviram a via de acesso endereçou carta sob o pseudônimo de Ambrose Merton, com a principal finalidade de pedir apoio para um levantamento de dados sobre usos, tradição, lendas e baladas regionais da Inglaterra. Os princípios, tópicos da carta, foram divulgados no número 982, da publicação de 22 de agosto de 1846.
A palavra folclore é formada de dois vocábulos do inglês antigo, "folk", com significação de povo e "Lore", traduzindo estudo, ciência ou mais propriamente, o que faz o povo, a sentir, a agir e reagir.
Entretanto, só foi confirmada em 1878, com a fundação da Sociedade de Folclore em Londres, da qual foi o primeiro Presidente William J. Thoms. No Brasil, na década de 1940, iniciaram-se os estudos sistemáticos de Folclore e em 1949, foi promovida a 1ª Semana Brasileira de Folclore sendo abordados por folcloristas ilustres, além da conceituação folclórica, os aspectos de pesquisa e de projeção da cultura popular.
No 1º Congresso Brasileiro de folclore realizado na cidade do Rio de Janeiro, em 1951, aprovou a Carta do Folclore Brasileiro e reconheceu o estudo do Folclore como integrante das Ciências Antropológicas e Culturais, tendo uma visão do estudo da vida popular em toda sua plenitude, quer no aspecto material, quer no imaterial.
No inicio o folclore foi identificado como aquilo que era essencialmente tradicional, anônimo e popular, predominando a oralidade, transmissão direta de pessoa a pessoa, pelo exemplo, pela participação e pela proximidade.
Este conceito sofreu e continua sofrendo reajustes, como exemplo, o anonimato foi desaparecendo e os fatos folclóricos surgidos no seio do povo, tornaram-se de aceitação coletiva. Citamos a Literatura de Cordel, tem autor conhecido.
No VIII Congresso Brasileiro de Folclore, na cidade de Salvador, Bahia, no ano de 1995, procedeu-se uma releitura da Carta do Folclore Brasileiro, definindo "folclore" como: "um conjunto das criações culturais de uma comunidade, baseado nas suas tradições expressas individual ou coletivamente, representativo de sua identidade social, respaldando na aceitação coletiva, tradicionalidade, dinamicidade e funcionalidade". Na Carta ficou claro que a Cultura Popular e o Folclore são equivalentes.
A cultura popular no singular, como única e legítima, embora existam tantas outras culturas, quantos sejam os grupos que a produzam em contextos naturais e econômicos específicos. Acrescentamos que o folclore refere-se às culturas populares tradicionais, diferentes das culturas urbanas e emergentes. Nada impede que estas culturas emergentes venham a folclorizar-se no decorrer do tempo. Havendo a funcionalidade e a aceitação coletiva, todas as manifestações culturais podem vir a preencher as características básicas do fato folclórico.
Para Rossini Tavares de Lima o "Folclore é a ciência que estuda os fatos da cultura material e espiritual, enviados ou adaptados pelos meios populares dos países civilizados, que, podendo ou não apresentar as características anônimas e tradicionais, são essencialmente de aceitação coletiva".
Renato de Almeida diz; "Folclore é o conjunto de manifestações não institucionalizadas da vida espiritual e das formas de cultura material dela decorrente ou ela associados nos povos primitivos e nas classes populares das sociedades civilizadas".
Roberto Benjamin (1995) explicando a nova conceituação de (Folclore contida na carta informa que; "várias características foram revistas como não sendo essenciais para identificar o fato folclórico. O anonimato não poderá ser incluído a artesanato nem a poesia dos repentistas e trovadores, porque os autores são conhecidos no ato de sua criação".
Conforme Renato Almeida, a expressão "transmissão oral (oralidade) deve ser num sentido simbólico, por ela somente poder se realizar no que diz respeito à palavra, deixando de lado outros aspectos da cultura, onde o aprendizado se dá de outra forma".
Fonte:Folclore na Escola
Neusa Marli B. Secchi
ilustração: Nathália Pieretti
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