quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Israel Lopes: Pesquisador e autor de verdadeiros tesouros

          Em novembro de 2013 Israel Lopes participou da 59º Feira do Livro na Praça da Alfândega na capital Porto Alegre, autografando uma obra histórica de valor incomparável: “Pedro Raymundo e o Canto Monarca – Uma História da Música Regionalista, Nativista e Missioneira.” Advogado graduado pela UFSM: Universidade Federal de Santa Maria e nascido em Passo Novo, localidade no interior do município de Santo Antônio das Missões, quando este ainda denominava-se “5º distrito” e pertencia a São Borja a famosa “Terra dos Presidentes,” Israel Lopes pesquisador brilhante e escritor por vocação, eterno apaixonado pela história e cultura do Rio Grande do Sul, vem sendo mencionado graças a riqueza de seus trabalhos em teses de alunos de várias universidades brasileiras, das quais citaremos apenas algumas: UFSC,  UFRGS, UPF, UNISUL,  FEEVALE,  UNIPAMPA. 
Israel Lopes

           Ainda criança ele deliciava-se com histórias infantis de onças, raposas e jabutis escritas por José Bento Monteiro Lobato (1882-1948), um dos mais influentes autores nacionais, célebre criador do Sítio do Pica-Pau Amarelo, entre outras dezenas de livros direcionados tanto a adultos quanto crianças. Estudante da Escola Rural Israel Lopes escrevia redações com temáticas gauchescas. Leitor voraz desde jovem, também apreciador dos programas de músicas caipiras nas rádios de São Paulo, tornou-se estudioso do gênero. No final dos anos 70 daria início as suas primeiras pesquisas e por volta de 1983 mergulharia definitivamente nesse e em outros temas, sendo autor de obras mais que preciosas, eu diria que “verdadeiros tesouros” como o Livro: “Teixeirinha – O Gaúcho Coração do Rio Grande.” 


Gostaria que tu nos falasse primeiramente sobre teu Ensaio: “A Importância dos RITMOS DE FRONTEIRAS na Integração Cultural do MERCOSUL,” inclusive sendo um dos vencedores de Concurso Literário no ano de 1998.

      Nesse ensaio, provei que a integração cultural/musical entre os países do MERCOSUL já existia antes, muito antes da oficialização mercantil. Pois já existia de há muito, espontaneamente, através dos RITMOS MUSICAIS DE FRONTEIRAS. Do Chamamé e a Milonga entre Brasil (através do Rio Grande do Sul) com Argentina e Uruguai. Do Tango, entre o Brasil, a Argentina e o Uruguai. Da Polca Paraguaia e a Guarânia, entre o Brasil (através do Sul e Centro-Oeste) e o Paraguai.

Na obra “Teixeirinha – O Gaúcho Coração do Rio Grande” fizeste uma extensa pesquisa, encontrando referências não somente em jornais do Rio Grande do Sul, mas em Revistas, Jornais e Livros de São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Brasília, etc. Sentiste dificuldade na hora de agrupar tudo num único livro, porque é incontestável que Teixeirinha ultrapassou todas as fronteiras... 

     É claro que tive dificuldades. Pois o Teixeirinha é um artista de Múltiplas Faces, conforme eu disse em um Capítulo do meu livro, mas de forma resumida. Com o material pesquisado, poderia, tranquilamente, ter escrito um livro com quase 700 páginas, como fez a jornalista Stella Caymmi, com aquele sobre seu avô, Dorival Caymmi. A história do Teixeirinha é muito rica e empolgante. Mas um livro volumoso se torna caríssimo.

=== Israel refere-se ao baiano Dorival Caymmi (1914-2008), cantor, compositor, pintor, violonista e inclusive ator: Você provavelmente já escutou no rádio a música “O que é que a baiana tem?” imortalizada na voz da brasileira de origem portuguesa Carmen Miranda (1909-1955). Em 2001 a neta de Caymmi, a jornalista carioca Stella Caymmi lançou a biografia “O Mar e o Tempo,” posteriormente em 2013 deu continuidade em “O Que é Que a Baiana tem? – Dorival Caymmi na Era do Rádio.” ===

Você cita Miguel Aceves Mejia, Carlos Gardel, também os brasileiros Dorival Caymmi, Luiz Gonzaga e Nélson Gonçalves como espécies de Porta Vozes de seus povos. Teixeirinha continua sendo o principal expoente representativo do Rio Grande do Sul no século 21? 

     Teixeirinha continua sendo o principal artista da música do Rio Grande do Sul. A sua música “Querência Amada,” por exemplo, tornou-se um hino regional gaúcho. Em todos os eventos da tradição gaúcha, é cantada em coro. Também, nos eventos oficiais. Nos programas de rádio, nos CTGs, nos piquetes, nas associações de moradores, enfim, nas festanças do pago, até os jovens, pegam um violão ou um acordeon, e cantam inspirados, essa canção, que mexe com nossos brios de gaúchos. Também, o chamamé “Tordilho Negro,” continua sendo uma das mais rodadas no rádio gaúcho e, também, uma das mais executadas por nossos conjuntos em bailes de CTGs. Os chotes “Tropeiro Velho” e “Velho Casarão,” a toada “O Colono” e o chamamé “Espero Ser Feliz,” entre outras, se tornaram clássicos da música de raiz. Depois do nosso livro, sobre a importância do Teixeirinha na música do Rio Grande do Sul e do Brasil, também surgiram teses, como as de Francisco Cougo Junior e Nicole Reis, de história e antropologia, respectivamente. Ambas, defendidas na UFRGS em 2010, onde citam o meu livro em várias passagens. 


=== Miguel Aceves Mejia (1915-2006), ator, compositor e cantor mexicano nascido em Ciudade Juarez, no Estado de Chihuahua, era conhecido como “O Rei do Falsete.” Carlos Gardel, (1890-1935) o ícone argentino que dispensa maiores comentários, idolatrado em várias partes do mundo.  Dorival Caymmi ***. Luiz Gonzaga (Luiz Gonzaga do Nascimento: 1912-1989), uma das figuras mais populares da música nacional e o gaúcho Nélson Gonçalves (Antônio Gonçalves Sobral: 1919-1998) de Santana do Livramento (RS) 3º maior vendedor de discos da história do Brasil. O 2º é Roberto Carlos e a 1º posição pertence a dupla Tonico & Tinoco: “A dupla coração do Brasil” ===


Teixeirinha de fato já havia se tornado lenda muito antes de vir a falecer. Tanto teus colaboradores, quanto teus entrevistados tinham algo especial para contar ou recordar. (Teixeirinha nasceu em Rolante em 1927  e faleceu no ano 1985 em Porto Alegre.)

    Todos diziam que o Teixeirinha foi um menino que muito sofreu. Recordavam da música “Coração de Luto,” que emocionou o Brasil inteiro. O Teixerinha, para eles, parecia uma pessoa da família. Cada um tinha uma recordação do Teixeirinha, que era parte de sua própria vida. 

=== Teixeirinha faz parte das músicas populares que possam existir dentro de nós. Pelo menos pra quem é do interior, da fronteira. No meu caso é um referenciado forte, tanto em termos de músicas como de cinema. Assistir aos filmes dele era uma coisa obrigatória lá em Uruguaiana. Acho que a cultura popular deve muito ao Teixeirinha.” Bebeto Alves – Cantor de música popular brasileira e também pai da atriz Mel Lisboa. ===

Grande parte das fotografias é de Arquivo Pessoal: foto do artista ainda funcionário do DAER – Departamento Autônomo de Estradas e Rodagens -  do ano de 1949. Outra do 1º carro, uma Kombi que o levaria a percorrer todo o nordeste em início de carreira. Como foi a experiência de trocar correspondências com a família de Vitor Mateus Teixeira, numa época que o e-mail recém engatinhava? 

    As entrevistas que realizei, tanto com os familiares  - Teixeirinha Filho diz que o mito Teixeirinha se explica por si: “Meu pai não se preocupou com estilo. O estilo dele era ele mesmo” como com outras pessoas, foram todas através de questionários, ainda na máquina manual. Não existia e-mail. Foram, naquela forma que aprendemos em Metodologia da Pesquisa, que era uma cadeira do curso de Direito na UFSM de Santa Maria. Paixão Cortes (1927-2018) falando em “Tradição e Folclore Gaúcho” nos idos de 1981 já afirmava que (...) “...desconhecer Teixeirinha, dizer que ele não é importante é uma heresia.” Teixerinha levou a arte musical do Rio Grande do Sul para o mundo. “Minhas letras são tudo história: tem pé, barriga e cabeça.” Palavras do próprio Teixeirinha – Reproduzidas no Almanaque Tchê de 1987. Fez sucesso no Uruguai, Argentina e Paraguai. Fez sucesso em Portugal, como atestaram as cantoras Nora Ney (Iracema de Sousa Ferreira: 1922-2003, grande diva do rádio da década de 50) e Maysa Matarazzo (Maysa Figueira Monjardim: 1936-1977,  compositora cantora e atriz e ícone do cenário musical do século passado), em entrevistas, quando lá fizeram temporadas na década de 1960. O Teixeirinha chegou a se apresentar nos Estados Unidos, cantando chote e rancheira de gaita e bombacha!

=== “Tem coisas engraçadas, que você nem acredita. Um dos produtos que anunciei é para o fígado. Pois as pessoas chegam às farmácias procurando “o remédio do Teixeirinha” e os balconistas vendem o remédio certo. Gosto muito de anunciar remédios. E vou contar um segredo: sempre quis ser médico, seria médico se não fosse cantor.” Palavras do artista em entrevista ao Jornal Zero Hora de Porto Alegre (RS), reproduzidas no ano de 1986. ===


         É inevitável perguntar sobre “Adeus Mariana,” considerada a primeira música gauchesca de sucesso nacional. Acredito que as novas gerações desconheçam quem foi Pedro Raymundo, um dos pioneiros da era do Rádio e sua importância histórica indiscutível. Qual foi o ponto de partida da tua pesquisa para escrever a obra “Pedro Raymundo e o Canto Monarca – Uma História da Música Regionalista, Nativista e Missioneira?” 

      Como venho pesquisando sobre Pedro Raymundo desde 1983, cheguei à conclusão que deveria fazer essa relação do pioneirismo dele com essa continuidade com os demais estilos da música regional gaúcha, provando a importância do seu trabalho na introdução do cancioneiro gaúcho na Era do Rádio. (Ele nasceu em 1906 em Imaruí (SC) e faleceu em 1973 no Rio de Janeiro (RJ).


Como é característica dos teus trabalhos fizestes garimpo de formiguinha, minuciosamente, percorrendo arquivos dos anos de 1930, 1940 e 1950, etc. e mais uma vez atravessastes o país buscando subsídios em Estados como Amazonas, Pernambuco, Minas Gerais. Enfim, mesmo estando longe de atingirmos a valorização que países europeus dão as memórias de seus antepassados, conseguistes achar verdadeiros tesouros nessa tua jornada? 

    Todos esses trabalhos, desse quilate, são feitos por nós, idealistas, preocupados com a preservação da memória cultural/musical do nosso país. Realmente, descobri passagens importantíssimas de Pedro Raymundo, tanto na música regional gaúcha, como na música regional brasileira.


=== Em outubro de 1949, dois repórteres do “Diário da Tarde” de Manaus (AM), foram até a fazenda do Itú, em Itaqui, especular sobre sucessão presidencial. O “Queremismo” (Queremos Getúlio) pedia a volta de Gegê * ao Catete. Há, no entanto, um erro no local em que se situa a fazenda. É no município de Itaqui, que faz divisa com São Borja, e não em São Borja. A reportagem foi publicada com um título bem próprio para a época: “Desabafo Sensacional de Getúlio: Pra que voltar?”, no Jornal Diário da Tarde em 11 de novembro de 1949: FAZENDA DO ITÚ: São Borja – “Depois de jantar, o Sr. Getúlio Vargas, deixando a casa do capataz, encaminhou-se para a sala de sua residência. Quando ali chegamos, fomos encontrá-lo a escolher uns discos e daí a pouco estava dando corda à vitrola. Pensamos que se tratasse de música clássica, da qual o General Goes, por exemplo, é um devoto fanático. Estivemos assim com a ideia voltada para a melodia de Chopin e coisas do mesmo gênero, quando Getúlio nos perguntou com uma simplicidade que nos desconcertou: - ‘Conhece o Pedro Raymundo?’.” Do Capítulo 4: “A Música Gaúcha conquista o Brasil.” In Pedro Raymundo e o Canto Monarca, Página 77 – Israel Lopes. ===

A história do Catarinense Pedro Raymundo é incrível. Aos 4 anos de idade ele já dava amostras do seu talento com uma gaitinha de boca. Seu pai, sanfoneiro tocava em festas e baile e foi seu grande incentivador. Mas do lado materno também havia músicos. Tu acreditas que apesar das enormes adversidades, (sofreu vários acidentes de trabalho e exerceu inúmeras atividades em jazidas de carvão, construção de estradas, comércio logista), Pedro Raymundo jamais deixaria de enveredar para o mundo da música?

    Pedro Raymundo era um idealista. Apesar dos percalços, acidentes, etc., jamais se separou de sua acordeona. Jamais abdicou de seguir sua carreira artística. Até mesmo, quando veio para Porto Alegre em 1929 e passou por um período desempregado, encontrou na acordeona, o seu sustento nos cafés do Mercado Público, quando “corria o pires”. Em Porto Alegre (RS) o primeiro emprego de Pedro Raymundo foi de condutor de Bondes da Cia. Carris Porto Alegrense. Empresa aliás que também teve em seus quadros, (entre outros) o célebre compositor gaúcho Lupicínio Rodrigues (1914-1974) como aprendiz de mecânico.

Gostaria que você falasse também dentro da relação do Livro: “Pedro Raymundo e o Canto Monarca – Uma História da Música Regionalista, Nativista e Missioneira” de nomes como por exemplo Noel Guarany, Pedro Ortaça, Cenair Maicá (Música Missioneira), Berenice Azambuja, Mano Lima, Gaúcho da Fronteira (Música Regionalista) e Luiz Carlos Borges, Érlon Péricles, João de Almeida Neto (Música Nativista) ou de outros artistas que você julgar que mereçam ser citados nesse ínterim.

    Noel Guarany, Pedro Ortaça e Cenair Maicá, através da pesquisa, “numa mescla que deu certo”, como dizia o próprio Cenair, com base no que receberam, no rádio, principalmente da canção guaranítica, criaram um estilo de alta qualidade musical, com seguidores entre os quais Jorge Guedes, Valdomiro Maicá... Na música regionalista, seguidores como Mano Lima, Gaúcho da Fronteira, Berenice Azambuja, Marinês Siqueira, Walther Morais, Baitaca e tantos outros, que vêm ajudando a manter esse estilo Monarca de Pedro Raymundo, Teixeirinha, Irmãos Bertussi, Gildo de Freitas, Ademar Silva, José Mendes... Na música nativista, Os Angüeras, Telmo de Lima Freitas, Luiz Carlos Borges, Érlon Péricles, João de Almeida Neto, Miguel Marques, Mário Barbará, Miguel Bicca, Cesar Lindmeyer, Nenito Sarturi, Joca Martins, Jean Kirchoff e tantos outros, são exemplos de artistas que mantém em alta a música nativista. Mas, embora existam esses estilos, tudo é música regional gaúcha, conforme digo no meu livro. Todos contribuem com essa identidade regional gaúcha. 
Israel Lopes com Mano Lima

Talvez as pessoas não saibam que Pedro Raymundo apresentava na década de 40 músicas do Rio Grande do Sul na Rádio Nacional do Rio de Janeiro. E segundo consta na tua obra, teria inspirado inclusive O Rei do Baião Luiz Gonzaga. Fale-nos mais sobre isso e sobre outras curiosidades que você encontrou.

     Foi, através de Pedro Raymundo, que o Brasil tomou conhecimento do cancioneiro gaúcho. Além de cantar as músicas gauchescas na Rádio Nacional, ele apresentava antes de cada número um comentário, de acordo com o tema invocado, sobre a tradição gaúcha, demonstrando ser um pesquisador, comprometido com o que se propunha a divulgar no Brasil inteiro, haja vista da audiência e alcance daquela emissora na Era do Rádio.  E, o Rei do Baião, nessa época, justamente se inspirou no Pedro Raymundo, vendo cantar no auditório da Rádio Nacional, pilchado de gaúcho até os dentes. Gonzaga, na entrevista ao Pasquim, disse que estava cansado da gravata, resolveu adotar o “traje de cangaceiro” para defender a cultura musical do Nordeste, assim como Pedro Raymundo, estava mostrando a cultura do extremo Sul do país. 

=== Em agosto de 2009 o Jornalista Daniel Soares escreveu no Correio do Povo de Porto Alegre (RS) na reportagem intitulada ‘Gigante da Sutileza’ o que segue: (...) “O Gaúcho Yamandú, que não dispensa o lenço no pescoço, dedilha com propriedade os temas nordestinos propostos por Dominguinhos, como em ‘Asa Branca’ de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, e ‘Tesouro do Meio’, também do mestre Lua. Em contrapartida, Dominguinhos, sempre com sorriso no rosto, lança uma nova luz sobre ‘Escadaria’, de Pedro Raymundo; a folclórica ‘Prenda Minha’; ‘Negrinho do Pastoreio’, de Barbosa Lessa.” Tributos “In Memoriam” de Pedro Raymundo, no livro Pedro Raymundo e o Canto Monarca – Página 215 – Israel Lopes. ===

=== Yamandú Costa é violonista e compositor gaúcho nascido em Passo Fundo no ano 1980, considerado um dos maiores violonistas do Brasil.  Dominguinhos (1941-2013) nascido José Domingos de Morais em Garanhuns (PE) foi grande instrumentista, cantor e compositor brasileiro, tendo como mestres Luiz Gonzaga (1912-1989) e Orlando Silva (1915-1978), importante cantor da primeira metade do século XX. ===

Tu também és coautor da obra “Major Maximiano Bogo – Um dos baluartes do Tradicionalismo Gaúcho” junto com Ramão Aguilar. Fique a vontade para dissertar sobre esse livro lançado no ano de 1999.

     O Major Maximiano Bogo foi um dos pioneiros do movimento tradicionalista organizado, na Região Noroeste, que pega as Missões. Ele divulgou o tradicionalismo em Santo Ângelo, Ijuí e outras cidades. Na Capital das Missões, foi um dos fundadores do CTG Os Legalistas, apresentou programa de rádio, onde surgiram os Irmãos Maicá (Cenair e Adelque). Também, apresentou o gaiteiro Tio Bilia (o santo angelense Antônio Soares de Oliveira: 1906-199, um dos maiores gaiteiros que o Rio Grande do Sul já teve) para os Irmãos Bertussi, (Os Bertussi são verdadeiras lendas do Rio Grande do Sul) que o levaram para gravar um LP. Também, o apresentou para o Luiz Menezes (compositor, folclorista e cantor: 1922-2005, nascido em Quaraí (RS) no Grande Rodeio Coringa na Rádio Farroupilha, que também era um radialista de renome. Bogo, inclusive, participou do filme Ana Terra e alguns filmes do Teixeirinha. Foi patrão do Centro Nativista Boitatá em São Borja. Foi um personagem que prestou um grande serviço à cultura gaúcha, por isso, juntamente com o escritor Ramão Aguilar, resgatamos sua história.

=== Maximiano Bogo nasceu no ano de 1923 na localidade de Lajeado Morangueira, interior de Santa Rosa (RS) e faleceu em São Borja (RS) no ano de 2007. Filho de agricultores iniciou sua carreira militar no 1º Regimento de Artilharia de Divisão de Cavalaria de Santo Ângelo no ano de 1940 como voluntário. Em 1947 foi transferido para a Unidade do Contingente do Hospital Militar de Campo Grande (MS), em 1948 passa a Escola de Motomecanização do Rio de Janeiro (RJ) e no ano de 1949 retorna a região, como 2º sargento do 1º Regimento de Cavalaria Mecanizada em Santo Ângelo (RS), sua trajetória é riquíssima e foi um personagem que prestou incomensurável serviço a cultura gaúcha. ===

E também sobre outro livro que segundo consta é bastante citado em trabalhos acadêmicos no Estado de São Paulo, intitulado “Turma Caipira Cornélio Pires.” O que pode nos detalhar sobre essa obra. (Cornélio Pires nascido em Tietê (SP) em 1884 e falecido em São Paulo (SP) no ano de 1958 foi um jornalista, escritor, folclorista e espírita brasileiro e importantíssimo etnógrafo da cultura e do dialeto caipira.)

      Conforme falei, eu me tornei um pesquisador da música regional paulista. A “Turma Caipira Cornélio Pires”, organizada pelo escritor e folclorista Cornélio Pires, de Tietê, SP, teve o mérito de ser a pioneira na gravação da moda de viola autêntica, no Brasil, em outubro de 1929, na Colúmbia. Eu tive o privilégio de, na década de 1980, ter entrevistado os remanescentes da turma caipira: Mandi e Sorocabinha. (Este, faleceu com 100 anos em 1995.) Esses artistas em 1979 foram agraciados em São Paulo com o Troféu do Cinquentenário da Música Caipira. Esse livro “Turma Caipira Cornélio Pires - Os Pioneiros da Moda de Viola em 1929”, eu lancei em agosto de 1999 em Tietê, SP, por ocasião dos 70 anos da música cabocla. Tem sido bastante citado em trabalhos acadêmicos de estudantes de São Paulo, principalmente de jornalismo, que escolhem a música caipira para suas teses.


            No decorrer de 2020 Israel Lopes lançará versão revisada e ampliada do livro “Teixeirinha – O Gaúcho Coração do Rio Grande.” A primeira obra contava com 215 páginas, a nova versão contará com 352 e novas revelações incríveis. Acontece que com o passar do tempo, as pessoas lendo o livro, entravam em contato com Israel, porque buenas... buenas... tinham parentes ou amigos que lembravam digamos assim, “de algum causo” sobre Teixeirinha pra contar. 

            Então Israel decidiu em 2016 iniciar nova jornada partindo das cidades de Lajeado, Passo Fundo, Soledade, Carazinho, Erechim e Getúlio Vargas no Rio Grande do Sul – onde posso assinar embaixo, colheu novas histórias saborosas - indo até as capitais Rio de Janeiro e São Paulo e se certificou em outras fontes de pesquisas para só então incluir tais informações nessa nova versão. Ele também está finalizando outras duas obras simultaneamente: “Cornélio Pires e a Música Caipira” e “A Trova de a Porfia no Rádio Gaúcho” Para que nossos leitores e internautas sintam-se convidados a interagir com Israel Lopes, sempre incansável no seu ofício, adquirir suas obras, enviar comentários, sugestões, trocar ideias e principalmente dar um “forte quebra costela virtual” nesse pesquisador que orgulha não somente a região missioneira, seu berço de origem, mas todo o Estado do Rio Grande do Sul e com certeza boa parte desse imenso continente chamado Brasil, basta entrar em contato através do email: adv.israellopes@gmail.com E também vocês poderão encontrá-lo atuante nas redes sociais. Vamos encerrar essa entrevista com um gigantesco “bahhhh tchê” e quanta história pra contar que vamos ter que guardar para uma próxima entrevista! Israel Lopes, pesquisador e autor de verdadeiros tesouros é também “ao vivo e a cores” (risos) um daqueles legítimos “contadores de casos e causos” que fazem a gente não sentir vontade de “encilhar o brasino pangaré e pegar o caminho de volta pra casa.” E eis aqui a mais pura das verdades meus amigos!


Régis Mubarak - Jornalista
Mendoza – Argentina & Rio Grande do Sul – Brasil.
Janeiro 2020 

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