terça-feira, 31 de março de 2020
sexta-feira, 27 de março de 2020
Nota de Falecimento - Maria da Graça Saraiva Pereira Motta
Ontem foi bem difícil "digerir" um acontecimento como esse. Mas hoje, mais calmo, registro a partida da minha tia Maria da Graça, a quem sempre chamei de "Dada" - coisa de sobrinhos, com as tias queridas. Coloco aqui a mensagem do CTG que dedicaram seus últimos anos, mas que desde 1988 fizeram parte - o Gildo de Freitas.
Junto com a Elisa, o Beto, seu esposo, e o Betinho, grande gaiteiro de gaita ponto, e que hoje mora em Portugal, participaram de diversas entidades dando a sua contribuição. CTG Valentes da Tradição, desde 1986, CTG Coxilha Aberta e CTG Madrugada Campeira, da Ilha da Pintada foram algumas entidades que participaram, além de comissões avaliadoras nos anos 90, pela 1ªRT ao lado do casal Jorge e Márcia Coelho e Ordeli Antonio Gouvea.
Ontem me lembrava de tantas coisas que ela me ensinou, desde de dourar a carne com açúcar queimado no fundo da panela, comer macarrão com maionese, brincar muito (Em 1979, o mês era dezembro e pessoas mais bem "abonadas" colocaram um monte de brinquedos fora, eu vi no lixo e queria muito pegar, mas minha mãe não deixou. Pois ela desceu do seu apartamento e buscou aquele "forte apache" com muitos brinquedos velhos dentro pra que eu tivesse um dos mais felizes natais de minha vida). Naquele ano passei os três meses de ferias em Bagé sem dar "um pio" - graças a ela.
Quando os filhos nasceram, a Elisa e o Betinho, passaram a ser meus filhos e irmãos, ao invés de primos. A Isa acompanhei cada passo e fiz cada bolo de seus primeiros aniversários. Betinho era meu fiel escudeiro. Passavam mais tempo comigo, que parecia ser uma continuidade do que a Dada tinha feito por mim. A gente que fica, sente muitas saudades, mas temos que saber que pra onde ela foi, está muito bem amparada...
Que a tia querida descanse em paz ao lado dos já desencarnados de nossa família e nos espere, que logo também retornaremos ao Lar. Que Deus conforte o coração do Betinho, do Beto, da Elisa e do netinho Kennedy.
Junto com a Elisa, o Beto, seu esposo, e o Betinho, grande gaiteiro de gaita ponto, e que hoje mora em Portugal, participaram de diversas entidades dando a sua contribuição. CTG Valentes da Tradição, desde 1986, CTG Coxilha Aberta e CTG Madrugada Campeira, da Ilha da Pintada foram algumas entidades que participaram, além de comissões avaliadoras nos anos 90, pela 1ªRT ao lado do casal Jorge e Márcia Coelho e Ordeli Antonio Gouvea.
Ontem me lembrava de tantas coisas que ela me ensinou, desde de dourar a carne com açúcar queimado no fundo da panela, comer macarrão com maionese, brincar muito (Em 1979, o mês era dezembro e pessoas mais bem "abonadas" colocaram um monte de brinquedos fora, eu vi no lixo e queria muito pegar, mas minha mãe não deixou. Pois ela desceu do seu apartamento e buscou aquele "forte apache" com muitos brinquedos velhos dentro pra que eu tivesse um dos mais felizes natais de minha vida). Naquele ano passei os três meses de ferias em Bagé sem dar "um pio" - graças a ela.
Quando os filhos nasceram, a Elisa e o Betinho, passaram a ser meus filhos e irmãos, ao invés de primos. A Isa acompanhei cada passo e fiz cada bolo de seus primeiros aniversários. Betinho era meu fiel escudeiro. Passavam mais tempo comigo, que parecia ser uma continuidade do que a Dada tinha feito por mim. A gente que fica, sente muitas saudades, mas temos que saber que pra onde ela foi, está muito bem amparada...
Que a tia querida descanse em paz ao lado dos já desencarnados de nossa família e nos espere, que logo também retornaremos ao Lar. Que Deus conforte o coração do Betinho, do Beto, da Elisa e do netinho Kennedy.
A Charge do Léo - Repontando a "Criançada" (nossos velinhos)
REPONTANDO A "CRIANÇADA"
(Léo Ribeiro)
- PRA CASA LAVAR AS MÃOS
E SOSSEGAR ESSE FACHO!
Não tem essas de SOU MACHO,
de TOMO MEL COM LIMÃO.
O vírus busca o ancião
como o cantor busca a voz.
Queridos pais e avós
hoje chegou nossa vez.
Vamos cuidar de vocês
como cuidaram de nós.
quinta-feira, 26 de março de 2020
A grande encruzilhada - Charge de Léo Ribeiro de Souza
O grande artista Léo Ribeiro de Souza, fez essa charge (cartoon) para que possamos fazer uma reflexão. "O ideal seria abrirmos um trilho, campo a fora, rumo ao sol mas para isto é preciso UNIÃO. Esta é a proposição destas ilustrações que me ajudam a passar o tempo e levar alguma mensagem até vocês" escreveu Léo Ribeiro.
Teve uma época, não muito distante (e isso ai na tua volta nem era campo mais) em que as noticias verídicas vinham dos meios de comunicação, rádios, jornais e televisão. Quando a internet ocupou um espaço maior em nossas vidas as pessoas passaram a acreditar naquilo que lhe convinha. Carl Sagan escreveu: “Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar”. Por isso vivemos tempos de polarização (aqui no RS chamam de grenalização) onde as opiniões são, aquilo que 'seu crente' quer acreditar.
Depois das manifestações do presidente, acirrou a briga política com governadores e congressistas, perdeu parceiros e se isolou ainda mais na crise. Bolssonaro foi ignorado pelos estados, que decidiram manter a política de medidas restritivas. Estamos, sem dúvida nenhuma em uma encruzilhada, cabe-nos saber discernir estas questões sem politizar, sem polarizar mas com o pensamento sempre ligado ao bom senso.
E agora?
quarta-feira, 25 de março de 2020
Campanha para a compra de respiradores para o Hospital de Horizontina - Cada um fazendo a sua parte
Os valores arrecadados podem ser depositados diretamente nas contas da ABOCH conforme segue abaixo:
O ano era 1964. Um grupo de pessoas realizou uma cavalgada pelo centro da cidade de Horizontina, em homenagem ao tradicional dia do Gaúcho, o 20 de setembro. A partir deste dia, este grupo resolveu fundar um CTG, para zelar pelas tradições do Rio Grande do Sul, sua história, costumes e cultura, divulgando e transmitindo às gerações presentes e futuras os hábitos de seus antepassados. Nascia ali, o Carreteiros de Horizonte.Na ocasião da inauguração do primeiro galpão da entidade foi escolhida a 1ª prenda do CTG, Eva Mazurkiewicz. Eva também foi a 1ª Prenda das Missões, gestão 1970/1971, quando o CTG Carreteiros de Horizonte ainda fazia parte da 3ªRT. Em função de reestruturação e organização das regiões, em 1975, o CTG passou a integrar a 20ª RT. Tanto tempo se passou... A entidade forte e estruturada que possui em seu quadro social quase 1% da população do municipio e une os piquetes e grupos ligados as tradições gaúchas, está ajudando a promover ações na cidade para ajudar no combate ao coronavírus.
"Muitos grupos da comunidade de Horizontina estão organizando doações para a compra de respiradores. Organize o grupo do seu bairro, da sua família, dos seus amigos e vamos juntos contribuir mais uma vez com a ABOCH para o bem da nossa comunidade" - Do facebook oficial do CTG Carreteiros e Horizonte. "O momento agora é de pensar no próximo!!! E pensando dessa forma o Grupo Guria Prendada fez a sua parte doando R$ 1.000,00 para a ABOCH, valor esse destinado à compra de ventilador/respirador mecânico".
"O nosso maior símbolo de hospitalidade é o chimarrão. É o mate que nos aproxima e nos faz sentir acolhidos. Porém agora precisamos ter consciência e não podemos compartilhar o nosso mate, cada um com o seu mate essa é nossa nova regra, pelo menos por enquanto. Vamos fazer a nossa parte!"
segunda-feira, 23 de março de 2020
Se estivesse entre nós, o Professor e folclorista Dante de Laytano completaria 112 anos
Bacharel pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, foi nomeado juiz distrital e designado para a cidade de Torres, depois transferido para Sobradinho. Em Rio Pardo, Cachoeira do Sul, Santa Cruz do Sul e Quarai desempenhou a função de promotor público. Mais tarde foi consultor jurídico da Secretaria da Agricultura em Porto Alegre e chefe de Gabinete da Secretaria de Educação e Cultura.
Como diretor do Museu Júlio de Castilhos, em 1954 redefiniu os objetivos da instituição, que passou a museu histórico, priorizando o folclore e o estudo das tradições. Na Faculdade Palestrina mantinha um curso de Especialização em Folclore, o único realizado nesta área. Foi membro do Instituto Histórico e Geográfico do RS, do Conselho Estadual de Educação e do Conselho Estadual de Cultura, presidente da Academia Rio-Grandense de Letras, da Academia Brasileira de História, da Academia de Letras de Brasília, da Comissão Nacional do Folclore e da Comissão da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco-Ibec) no Rio Grande do Sul, e governador do Lions Club.
Laytano foi o primeiro diretor-presidente do jornal Zero Hora e durante muitos anos colaborou como articulista. Grande incentivador do tradicionalismo gaúcho, organizou conferências e promoveu estudos sobre o tema. Foi um dos fundadores da Comissão Gaúcha de Folclore (CGF). Representou o Rio Grande do Sul em eventos científicos e acadêmicos no país e no exterior.
Suas principais obras:
Uma Mulher e Outras Fatalidades. Casa Editora de Autores Modernos, 1931
Sebastião Xavier do Amaral Sarmento Mena - Obras completas. Papelaria Velho, 1933
História da República Riograndense (1835 – 1845). Globo, 1936
As Congadas no Município de Osório. Textos Musicais e Versos coligidos por Enio Freitas e Castro. Associação Riograndense de Música, 1945
Açorianos e Alemães. Globo, 1948
Fazenda de criação de gado. Imprensa Oficial, 1950
A Estância Gaúcha. Ministério da Agricultura, 1952
Barão de Tramandai. Prefeitura Municipal de Tramandai, 1971
Torres, resumo de sua história de terra e mar. Prefeitura Municipal de Torres, 1978
Guia histórico de Rio Pardo. Prefeitura Municipal de Rio Pardo, 1979
Manual de fontes bibliográficas para o estudo da história geral do RS. UFRGS, 1979
Origem da Propriedade Privada no Rio Grande do Sul. EST/Martins Livreiro, 1983
Mar absoluto das memórias. EST/Martins Livreiro, 1986
Folclore do Rio Grande do Sul, Martins Livreiro, 1984
Arquipélago dos Açores. EST/Nova Dimensão, 1987
domingo, 22 de março de 2020
A Charge do Léo - Tem que bater é na consciência #FiqueEmCasa
Charge do Grande Léo Ribeiro de Souza |
A chegada da epidemia do coronavírus no país assustou o brasileiro e mudou o cotidiano, com restrições de circulação e diversos estabelecimentos fechados. De diferentes partidos políticos (apesar de seus problemas internos nos estados) os governadores de Brasília, Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul agiram com rapidez e tomaram medidas apropriadas para dar eficácia ao isolamento social, tão necessário para diminuir o ritmo de contágio do Corona Vírus. Ficar em casa, isolado, hoje é o melhor caminho e a melhor decisão. Tem gente que se acha acima do bem e do mal e são encontradas passeando nos parques.
O lugar para se rezar, atualmente, é em casa. Muita oração, pedidos e agradecimentos a Deus.Lavar as mãos e manter a higiene é fundamental. A hora é de se unir, mesmo que a distância.
22 de março - Secretarias estaduais de saúde contabilizam 1.226 infectados em todos os estados do Brasil. Último balanço oficial do Ministério da Saúde aponta 1.128. Já são 18 mortos no país, 15 no estado de SP. E o pico da doença no Brasil será na segunda quinzena de abril.
Os tradicionalistas, conscientes, já estão fazendo a sua parte. Mas temos que isolar os vícios que nos acompanham lá de fora, da sociedade como um todo: as brigas políticas e ideológicas. A hora é de ajudarmos a todos para nos ajudar.
Transmissão comunitária
O Ministério da Saúde declarou que todo o território nacional está sob o status de transmissão comunitária do coronavírus, responsável pela pandemia da doença Covid-19. Vamos nos cuidar amigos! #FiqueEmCasa
Nota de Falecimento - Airton Pimentel
É com grande pesar que comunicamos o falecimento, aos 81 anos, do músico regionalista Airton Pimentel. Nascido em Bagé em 17 de outubro de 1938, Pimentel Silveira foi registrado em Cachoeira do Sul, onde chegou a morar há alguns anos num sítio na localidade de Passo do Moura.
Autor de clássicos como "Chasque para Dom Munhoz", "Pilchas", "Rancho de Estrada", "Vento Norte", "Negro da Gaita", "Missal das Rezes", entre outros que ajudaram a construir o cenário musical regionalista do RS. Nos anos 70, Pimentel foi convidado pela Embrafilme para escrever a trilha sonora do filme "Um Certo Capitão Rodrigo", clássico do cinema nacional, que foi baseado na obra de Érico Veríssimo e que teve Tarcísio Meira como protagonista.
Pimentel foi membro da Estância da Poesia Crioula, funcionário da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul e esteve sempre envolvido em movimentos em defesa da musica gaúcha. Um dos seus mais recentes sucessos foi “O Cagaço do Molina”, que de forma bem humorada, relatava os problemas de saúde enfrentados pelo personagem em decorrência do alcoolismo.
Descanse em Paz Pimentel, tua contribuição ficará na história da musica e da cultura como um todo.
Autor de clássicos como "Chasque para Dom Munhoz", "Pilchas", "Rancho de Estrada", "Vento Norte", "Negro da Gaita", "Missal das Rezes", entre outros que ajudaram a construir o cenário musical regionalista do RS. Nos anos 70, Pimentel foi convidado pela Embrafilme para escrever a trilha sonora do filme "Um Certo Capitão Rodrigo", clássico do cinema nacional, que foi baseado na obra de Érico Veríssimo e que teve Tarcísio Meira como protagonista.
Pimentel foi membro da Estância da Poesia Crioula, funcionário da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul e esteve sempre envolvido em movimentos em defesa da musica gaúcha. Um dos seus mais recentes sucessos foi “O Cagaço do Molina”, que de forma bem humorada, relatava os problemas de saúde enfrentados pelo personagem em decorrência do alcoolismo.
Descanse em Paz Pimentel, tua contribuição ficará na história da musica e da cultura como um todo.
sábado, 21 de março de 2020
Um pouco de chimarrão, origem, história e outras cocitas más
ORIGEM DO TERMO
A palavra chimarrão tem origens no vocabulário espanhol e português. Do espanhol cimarrón, que significa chucro, bruto, bárbaro, vocábulo empregado em quase toda a América Latina, do México ao Prata, designando os animais domesticados que se tornaram selvagens.
O comércio de mate e o preparo da erva foram em tempos passados proibidos no Paraguai, o que não impedia, entretanto, que clandestinamente continuasse em largo uso naquela então colônia espanhola.
A HISTÓRIA
Assunção havia-se transformado na pérola das colônias espanholas na América. O general Irala, que numa conspiração derrubara o governador de província e estendera seus domínios do pampa aos Andes e até Sierra Encantada-Peru, investindo para o leste e chegando, em 1554, às terras de Guairá, atualmente terras do Paraná. Ali foi recebido por quase 300 mil guaranis com alegria e hospitalidade. Além da acolhida, o que chamou a atenção foi que os índios de Guairá eram mais fortes do que os guaranis de qualquer outra região, mais alegres e dóceis. Entre seus hábitos, havia o uso de uma bebida feita com folhas fragmentadas, ingerida em um pequeno porongo por meio de um canudo de taquara na base um trançado de fibras para impedir que as partículas das folhas fossem ingeridas. Os guaranis chamavam-na de caá-i (água de erva saborosa) e dizem que seu uso fora transmitido por tupã.
Os conquistadores provaram o chimarrão e o acharam saboroso e alguns poucos goles davam uma sensação de bem-estar ao organismo. De volta a Assunção, os soldados de Irala levaram um bom carregamento de erva. Em pouco tempo, o comércio da erva-mate se tornava o mais rendoso da Colônia. O uso do chimarrão se estendeu às margens do Prata, conquistou Buenos Aires, transpôs os Andes, chegou a Potosi, enriquecendo os donos do Paraguai. Assunção dobrou de população e de tamanho. As fortunas se agigantavam.
O chimarrão também fez a riqueza dos jesuítas que se estabeleceram no Guaíra, ao sul do Paranapanema e nos Sete Povos, à margem oriental do Uruguai. Fazendo plantio de ervais, depois de fracassos iniciais para germinar a semente, os jesuítas inventaram a caá-mini, pó grosso de erva-mate, que passou a valer três vezes mais e, com sua exportação, ganharam muito dinheiro, trazendo um período de opulência para os Sete Povos e as Missões.
Os argentinos descobriram o segredo que havia sido guardado com os jesuítas de como fazer germinar a semente e plantaram seus ervais que, em pouco tempo, se estendiam em milhares de pés pelo território de Missiones.
Durante o século XIX, o Paraguai se isolou dos outros países, proibindo a exportação de erva-mate para fora do seu território. Isto fez com que a Argentina e o Uruguai substituírem a erva-mate paraguaia pela brasileira, desenvolvendo ainda mais seu cultivo no Paraná e em Santa Catarina. Era o chamado Ciclo da Erva-mate nestes dois estados, que gerou a chamada "nobreza da erva-mate": os donos dos engenhos de erva-mate. Data, dessa época, a maioria das construções históricas na região.
A palavra chimarrão tem origens no vocabulário espanhol e português. Do espanhol cimarrón, que significa chucro, bruto, bárbaro, vocábulo empregado em quase toda a América Latina, do México ao Prata, designando os animais domesticados que se tornaram selvagens.
O comércio de mate e o preparo da erva foram em tempos passados proibidos no Paraguai, o que não impedia, entretanto, que clandestinamente continuasse em largo uso naquela então colônia espanhola.
A HISTÓRIA
Assunção havia-se transformado na pérola das colônias espanholas na América. O general Irala, que numa conspiração derrubara o governador de província e estendera seus domínios do pampa aos Andes e até Sierra Encantada-Peru, investindo para o leste e chegando, em 1554, às terras de Guairá, atualmente terras do Paraná. Ali foi recebido por quase 300 mil guaranis com alegria e hospitalidade. Além da acolhida, o que chamou a atenção foi que os índios de Guairá eram mais fortes do que os guaranis de qualquer outra região, mais alegres e dóceis. Entre seus hábitos, havia o uso de uma bebida feita com folhas fragmentadas, ingerida em um pequeno porongo por meio de um canudo de taquara na base um trançado de fibras para impedir que as partículas das folhas fossem ingeridas. Os guaranis chamavam-na de caá-i (água de erva saborosa) e dizem que seu uso fora transmitido por tupã.
Os conquistadores provaram o chimarrão e o acharam saboroso e alguns poucos goles davam uma sensação de bem-estar ao organismo. De volta a Assunção, os soldados de Irala levaram um bom carregamento de erva. Em pouco tempo, o comércio da erva-mate se tornava o mais rendoso da Colônia. O uso do chimarrão se estendeu às margens do Prata, conquistou Buenos Aires, transpôs os Andes, chegou a Potosi, enriquecendo os donos do Paraguai. Assunção dobrou de população e de tamanho. As fortunas se agigantavam.
O chimarrão também fez a riqueza dos jesuítas que se estabeleceram no Guaíra, ao sul do Paranapanema e nos Sete Povos, à margem oriental do Uruguai. Fazendo plantio de ervais, depois de fracassos iniciais para germinar a semente, os jesuítas inventaram a caá-mini, pó grosso de erva-mate, que passou a valer três vezes mais e, com sua exportação, ganharam muito dinheiro, trazendo um período de opulência para os Sete Povos e as Missões.
Os argentinos descobriram o segredo que havia sido guardado com os jesuítas de como fazer germinar a semente e plantaram seus ervais que, em pouco tempo, se estendiam em milhares de pés pelo território de Missiones.
Durante o século XIX, o Paraguai se isolou dos outros países, proibindo a exportação de erva-mate para fora do seu território. Isto fez com que a Argentina e o Uruguai substituírem a erva-mate paraguaia pela brasileira, desenvolvendo ainda mais seu cultivo no Paraná e em Santa Catarina. Era o chamado Ciclo da Erva-mate nestes dois estados, que gerou a chamada "nobreza da erva-mate": os donos dos engenhos de erva-mate. Data, dessa época, a maioria das construções históricas na região.
quinta-feira, 19 de março de 2020
Por Portaria, MTG suspende Fecars, Entrevero de Peões e Ciranda de Prendas
Através da Portaria 13, de 2020, o Movimento Tradicionalista Gaúcho do Rio Grande do Sul suspendeu os eventos que seriam realizados entre os dias 19 de março de 2020 e o dia 31 de maio de 2020. Nessas datas aconteceriam tres grandes eventos estaduais: A Fecars, festa Campeira do Rio Grande do Sul, o Entrevero de Peões e a Ciranda de Prendas.
A Portaria segue a orientação do Decreto Estadual 55.128, de 19 de março de 2020 - portanto, legítimo. E vai além, sugeres que as coordenadorias e entidades façam o mesmo. A hora é de união, disciplina e respeito. E muito aprendizado.
P O R T A R I A Nº 13/2020,
de 19 de março de 2020.
A Presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho, Sra. Gilda Galeazzi, no uso das suas atribuições legais que lhe conferem o Art. 175, II, e o Art. 269, VII, ambos do Regulamento Geral do Movimento Tradicionalista Gaúcho; observando as seguintes premissas:
- CONSIDERANDO o inteiro teor do Decreto do Governador do Estado do RS de nº 55.128, de 19 de março de 2020;
- CONSIDERANDO que o art. 1º. do Decreto determina, in litteris*:
Art. 1º Fica declarado estado de calamidade pública em todo o território do Estado do Rio Grande do Sul para fins de prevenção e de enfrentamento à epidemia causada pelo COVID-19 (novo Coronavírus).
Parágrafo único. As autoridades públicas, os servidores e os cidadãos deverão adotar todas as medidas e as providências necessárias para fins de prevenção e de enfrentamento à epidemia causada pelo COVID-19 (novo Coronavírus), observado o disposto neste Decreto e, naquilo que não conflitar, o estabelecido no Decreto nº 55.115, de 12 de março de 2020, e no Decreto nº 55.118, de 16 de março de 2020.
- CONSIDERANDO que o Movimento Tradicionalista Gaúcho preza pela segurança e saúde dos tradicionalistas e da comunidade em geral;
- e, por fim CONSIDERANDO a responsabilidade da instituição Movimento Tradicionalista Gaúcho em cumprir seus princípios em especial aqueles insculpidos nos incisos I, XI, do parágrafo único do art. 2º. do Estatuto do MTG;
RESOLVE:
Art. 1º. Suspender, sine die**, a realização de TODOS os EVENTOS que seriam e/ou estavam agendados pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho de forma direta ou indireta, previstos entre os dias 19 de março de 2020 e o dia 31 de maio de 2020.
Parágrafo único: E RECOMENDA-SE que a mesma medida Suspensiva de TODOS os EVENTOS seja adotada por todas as 30 (TRINTA) COORDENADORIAS do MTG/RS e seus Filiados.
Art. 2º Revogam-se as disposições em contrário.
Art. 3º Esta Portaria entra em vigor na data de subscrição.
**Sine die - Significa "sem data marcada" ou "data futura"
quarta-feira, 18 de março de 2020
NÃO VAMOS "FROUXÁ" O GARRÃO - (Léo Ribeiro)
Já saí pelas caronas
de sarampo, menigite,
por Vaca Louca e outras gripes
nunca fechei a cordeona.
Mas esse tal de Corona
requer mais preocupação.
No adeus não dar as mãos,
ao tossir virar pr'um lado...
É também recomendado
quarentena de bailão.
(se puder, compartilhem. É o nosso jeito meio tosco de ajudar) temos que reduzir os niveis gente, só se ajudando.
CTG Sentinela da Querência, de Santa Maria, lança Nota de Esclarecimento
Na madrugada do dia 19 de fevereiro, um grupo de 30 pessoas, representando o CTG Sentinela da Querência, da cidade coração do Rio Grande do Sul, desembarcou em Roma para participar do Festival Internacional de Folclore de Castrovillari, na região da Calábria, e logo depois seguiu para o Festival Internacional de Folclore de Agrigento, o 75º Mandorlo in Fiore, na região da Sicília.
No dia 10 de março o grupo retornou ao Rio Grande do Sul, mas bem no meio da pandemia de COVID-19 (Corona Vírus), mas desde sua estadia na Itália, bem como a chegada ao Brasil, os integrantes cumpriram os protocolos de cuidados com a saúde. "Em Roma passamos por detectores de temperatura, respondemos a entrevistas e fomos orientados por autoridades de saúde do Ministério de Saúde da Itália. Chegando em Guarulhos, repetimos os procedimentos" - Conta Valmir Beltrame, líder do grupo que viajou para o festival.
"Seguimos à risca as determinações da nossa enfermeira, Dra. Adelina Giacomelli, a qual faz parte da delegação, bem como da Dra. Jane Costa, infectologista que coordena o grupo que trata do assunto em Santa Maria.
Como de resto, todo o mundo (literalmente), estamos tomando todos os cuidados com excelente orientação especializada" - continuou.
Mas como em todo lugar, sempre tem alguém disposto a aumentar a noticia, um áudio, espalhado via whatsApp e que pode ser rastreado, espalhou a noticia que um dos integrantes estaria infectado e hospitalizado. Valmir Beltrame (foto, abaixo) vem a público esclarecer:
"Em respeito à verdade (em tempos de notícias falsas e alarmismos infundados), informamos que, passados oito dias do nosso retorno ao Brasil, os integrantes do grupo de viagem à Itália do CTG Sentinela da Querência NÃO APRESENTAM QUALQUER SINTOMA do corona vírus. Continuaremos com os cuidados redobrados, monitorados e orientados pelo Serviço de Vigilância da Saúde e esperamos chegar até o dia 24/03/2020 gozando de plena saúde".
Procure sempre fontes confiáveis, áudios pelo whatsapp sem o nome de quem informa e de onde tirou a informação, é fake news, ou fofoca, como achar melhor.
No dia 10 de março o grupo retornou ao Rio Grande do Sul, mas bem no meio da pandemia de COVID-19 (Corona Vírus), mas desde sua estadia na Itália, bem como a chegada ao Brasil, os integrantes cumpriram os protocolos de cuidados com a saúde. "Em Roma passamos por detectores de temperatura, respondemos a entrevistas e fomos orientados por autoridades de saúde do Ministério de Saúde da Itália. Chegando em Guarulhos, repetimos os procedimentos" - Conta Valmir Beltrame, líder do grupo que viajou para o festival.
"Seguimos à risca as determinações da nossa enfermeira, Dra. Adelina Giacomelli, a qual faz parte da delegação, bem como da Dra. Jane Costa, infectologista que coordena o grupo que trata do assunto em Santa Maria.
Como de resto, todo o mundo (literalmente), estamos tomando todos os cuidados com excelente orientação especializada" - continuou.
Mas como em todo lugar, sempre tem alguém disposto a aumentar a noticia, um áudio, espalhado via whatsApp e que pode ser rastreado, espalhou a noticia que um dos integrantes estaria infectado e hospitalizado. Valmir Beltrame (foto, abaixo) vem a público esclarecer:
"Em respeito à verdade (em tempos de notícias falsas e alarmismos infundados), informamos que, passados oito dias do nosso retorno ao Brasil, os integrantes do grupo de viagem à Itália do CTG Sentinela da Querência NÃO APRESENTAM QUALQUER SINTOMA do corona vírus. Continuaremos com os cuidados redobrados, monitorados e orientados pelo Serviço de Vigilância da Saúde e esperamos chegar até o dia 24/03/2020 gozando de plena saúde".
Procure sempre fontes confiáveis, áudios pelo whatsapp sem o nome de quem informa e de onde tirou a informação, é fake news, ou fofoca, como achar melhor.
Deputado Luiz Marenco propõe linha de crédito para artistas
Diante do cancelamento de shows, peças, exposições e demais eventos culturais e artísticos em razão do Covid-19, Luiz Marenco solicitou ao Banrisul que disponibilize uma linha de crédito voltada para os artistas gaúchos que já estão enfrentando dificuldades financeiras e, no momento, não tem perspectiva de terem as suas atividades retomadas.
Ainda que concorde com as medidas de prevenção adotadas ao coronavírus, pois a saúde coletiva é prioridade neste momento, Marenco chama a atenção para o fato de que existe toda uma cadeia produtiva que envolve profissionais de diferentes segmentos em torno dos eventos artísticos e culturais que agora se encontra em uma situação de aflição e penúria, pois o seu mercado deixou de existir repentinamente, pegando a todos desprevenidos. Dados da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag), indicam que a economia criativa gera mais de 130 mil empregos formais e registra aproximadamente 48 mil microempreendedores individuais no estado.
"Sou músico há 32 anos e entendo a gravidade da situação em que se encontram os artistas neste momento, pois sem se apresentarem, sem eventos, sem trabalho, ficam completamente desassistidos e sem nenhuma remuneração, sem poder sustentar as suas famílias", afirma Marenco.
Ainda que concorde com as medidas de prevenção adotadas ao coronavírus, pois a saúde coletiva é prioridade neste momento, Marenco chama a atenção para o fato de que existe toda uma cadeia produtiva que envolve profissionais de diferentes segmentos em torno dos eventos artísticos e culturais que agora se encontra em uma situação de aflição e penúria, pois o seu mercado deixou de existir repentinamente, pegando a todos desprevenidos. Dados da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag), indicam que a economia criativa gera mais de 130 mil empregos formais e registra aproximadamente 48 mil microempreendedores individuais no estado.
"Sou músico há 32 anos e entendo a gravidade da situação em que se encontram os artistas neste momento, pois sem se apresentarem, sem eventos, sem trabalho, ficam completamente desassistidos e sem nenhuma remuneração, sem poder sustentar as suas famílias", afirma Marenco.
Fonte: Mariana Pires
Assessoria de Imprensa
segunda-feira, 16 de março de 2020
Nota de Falecimento - Maria Edite Antunes Ferreira Callegaro
É com pesar que comunicamos o falecimento de Maria Edite Antunes Ferreira Callegaro.
Missioneira, de Santo Ângelo, Maria Edite contou-nos, quando entrevistamos para o Eco da Tradição em outubro de 2014, que participou muitos anos das atividades tradicionalistas na capital das missões, mudou-se para Porto Alegre e sentiu falta do campo. Acabou trazendo esse campo para a cidade. Participou com, a família do CTG Lenço Branco, do Grêmio Gaúcho, depois foi para o Tiarayú, Legenda Farroupilha, do SESC, onde conheceram a Bahia, levando a cultura gaúcha até o nordeste. Por fim, foram
para o CTG Maragatos, que usava lenço vermelho. Foi ali que nasceu a ideia de criar um CTG voltado ao estudo da importância dos chimangos na história do Rio Grande do Sul, segundo ela. Nascia o CTG Chimangos.
O Velório de Maria Edite será até a meia noite de hoje, 16, no CTG criado por sua familia, no ano de 1984. Que descanse em Paz.
Missioneira, de Santo Ângelo, Maria Edite contou-nos, quando entrevistamos para o Eco da Tradição em outubro de 2014, que participou muitos anos das atividades tradicionalistas na capital das missões, mudou-se para Porto Alegre e sentiu falta do campo. Acabou trazendo esse campo para a cidade. Participou com, a família do CTG Lenço Branco, do Grêmio Gaúcho, depois foi para o Tiarayú, Legenda Farroupilha, do SESC, onde conheceram a Bahia, levando a cultura gaúcha até o nordeste. Por fim, foram
para o CTG Maragatos, que usava lenço vermelho. Foi ali que nasceu a ideia de criar um CTG voltado ao estudo da importância dos chimangos na história do Rio Grande do Sul, segundo ela. Nascia o CTG Chimangos.
O Velório de Maria Edite será até a meia noite de hoje, 16, no CTG criado por sua familia, no ano de 1984. Que descanse em Paz.
domingo, 15 de março de 2020
Por que o tema "200 anos da chegada de Saint Hilaire no RS" merece atenção especial - Parte XII
E hoje, encerramos a série que fizemos sobre os 200 anos da chegada de Auguste de Saint Hailaire ao RS. Esperamos ter contribuído para a difusão de conhecimentos para nossos amigos internautas.
PRIMÍCIAS DAS TRADIÇÕES GAÚCHAS
No capítulo anterior, vimos Saint Hilaire afirmando que o Rio Grande do Sul e Minas Gerais — apesar da identidade de língua e origem — eram mais diferentes do que a França da Inglaterra. Que características regionais seriam essas, a ponto do genial francês ter sido levado a uma afirmativa dessa natureza?
Mais alguns tópicos, pinçados aqui e ali e reagrupados com linearidade:
"Chamou-me a atenção, desde minha entrada nesta Capitania, o ar de liberdade de todos que tenho encontrado e a destreza de seus gestos, livres da languidez que caracteriza os habitantes do interior. Seus movimentos têm mais vivacidade e há menos afabilidade em suas maneiras. Em uma palavra: são mais homens".
"Nas proximidades de Viamão, fiz um longo passeio para colher ervas. Achando-me um pouco confuso quanto aos caminhos a seguir, dirigi-me a uma casa que avistei ao longe. A dona da casa deu-me um negro para indicar-me o caminho. Ao ficarmos sós ele se apressou em demonstrar admiração por ver-me a pé. É que nesta região toda gente, mesmo pobre, inclusive os escravos, não dá um passo sem ser a cavalo".
"Em todo o Brasil os melhores leitos compõem-se de um simples colchão de palha de milho, mas na primeira estância à que cheguei na Campanha nem isso existia e cada qual dormia sobre o arreiame de seu cavalo. A carona serve de colchão e o lombilho de travesseiro. Sobre a carona põe-se o pelego e deita-se envolto no poncho".
"A pecuária pouco trabalho dá. O gado é deixado à lei da natureza, em completa liberdade. O único cuidado que reconhecem necessário é acostumar os animais a ver homens c a entender seus gritos, a fim de que não fiquem completamente selvagens, deixem-se marcar quando preciso, e possam ser laçados os que se destinarem à castração ou ao corte. Para tal fim o gado é reunido, de tempos em tempos, em determinado local, onde fica durante alguns dias, depois voltando para as pastagens, em liberdade. A essa prática chamam parar rodeio e ao local onde juntam os animais dão o nome de rodeio.
"Ao entrar nesta Capitania verifiquei logo os hábitos carnívoros de seus habitantes. Em todas as estâncias veem-se muitos ossos de bois, espalhados por todos os cantos, e ao entrar nas casas das fazendas sente-se logo o cheiro de carne e de gordura".
Saint Hilaire e o Churrasco Gaúcho:
"Meu soldado cortou a carne em pedaços da espessura de um dedo, fez ponta em uma vara de cerca de 2 pés de comprimento e enfiou-a à guisa de espeto em um dos pedaços, atravessando-o por outros pedaços de pau, transversalmente, para estender bem. Enfiou o espeto obliquamente no solo, expondo ao fogo um dos lados da carne, e, quando o julgou suficientemente assado, expôs o outro lado".
Saint Hilaire e o Chimarrão:
"A chaleira de água quente está sempre ao fogo e logo que um estranho entre na casa se lhe oferece o mate. O uso dessa bebida é geral aqui. Toma-se ao levantar da cama e depois várias vezes ao dia. A cuia tem a capacidade de mais ou menos um copo, é cheia com a erva até a metade, completando-se o resto com água quente. Conhece-se que a erva perdeu sua força e que é necessário trocá-la quando, ao derramar sobre ela a água quente, não se forma espuma à superfície. A primeira vez que provei essa bebida, achei-a muito sem graça. Mas logo me acostumei a ela e atualmente tomo vários mates, de enfiada. Acho no mate um ligeiro perfume, misto de amargor, que não é desagradável. Há muitos méritos nessa bebida, dita diurética, própria para combater dores de cabeça e para amenizar os cansaços do viajante, e na realidade é provável que seu amargor torne-a estomáquica e por conseguinte necessária em uma região onde se come enorme quantidade de carne, sem os cuidados da perfeita mastigação".
"Há homens muito ricos, inúmeros são os estancieiros que dispõem de renda de até 40 mil cruzados. Todavia, em suas casas, nada existe que anuncie tal fortuna. Um campônio francês, com mil escudos de renda, vive com mais conforto. É no tocante ao equipamento de seus cavalos que o povo desta região procura demonstrar maior luxo. Os estribos fazem-nos de prata. As rédeas, testeiras e rabichos de seus cavalos são guarnecidos de chapas desse metal. Entretanto asseguram-me que os proprietários não ajuntam dinheiro, jogam hoje muito menos que outrora, e eu pergunto a todo mundo em que empregam o dinheiro. Mas é preciso dizer também que a generosidade de muitos deles absorve somas consideráveis. Suas bolsas estão sempre abertas aos parentes e amigos e eles dão ou emprestam com extrema facilidade".
"Tenho já observado, muitas vezes, que os mineiros não são arraigados à terra natal. Nenhum hábito particular os retém, e eles não têm pesar em sair de Minas Gerais à procura de melhores situações, pois que sua inteligência lhes garante meios fáceis de subsistência em qualquer parte. Os habitantes desta Capitania, ao contrário, nunca emigram, porque sabem que fora dela serão obrigados a renunciar ao hábito de estar sempre a cavalo e em parte alguma encontrarão tamanha abundância de carne".
"A vida pastoril, tomando o vocábulo em sua verdadeira acepção, é própria dos primeiros estágios da civilização, quando as regiões estão ainda despovoadas. Quando a população aumenta e as terras se dividem, é preciso dedicar-se à agricultura, que exige maiores conhecimentos que a criação de animais e portanto conduz o homem ao aperfeiçoamento. Em geral o emigrante do reino, tendo aprendido um ofício ou tendo sido criado em meio puramente agrícola, conserva sempre um certo desprezo pelos costumes grosseiros desses homens que lidam com o gado e levam uma vida pouco diferente da dos selvagens. Todavia não acontece o mesmo aos filhos de europeus. As primeiras coisas que se oferecem às suas vistas são cavalos e gado, aprendem a montar tão bem quanto os que os cercam e, não vendo elogios senão para isso, entendem não existir outras habilidades".
"Aliás, a infância sempre achará inexpressável prazer no sentimento da sua superioridade. Esse prazer é experimentado quando a criança torna-se dona de um cavalo, quando ajuda a parar o rodeio, a matar um boi e retalhá-lo“.
"Um pai europeu não deixa, na verdade, de falar à sua família a respeito de sua pátria, exaltando-lhe as vantagens e demonstrando desdém pela América. Mas seus filhos, não sendo europeus e sim americanos, irritam-se com o desdouro dos pais, por sentirem-se humilhados."
PRIMÍCIAS DAS TRADIÇÕES GAÚCHAS
No capítulo anterior, vimos Saint Hilaire afirmando que o Rio Grande do Sul e Minas Gerais — apesar da identidade de língua e origem — eram mais diferentes do que a França da Inglaterra. Que características regionais seriam essas, a ponto do genial francês ter sido levado a uma afirmativa dessa natureza?
Mais alguns tópicos, pinçados aqui e ali e reagrupados com linearidade:
"Chamou-me a atenção, desde minha entrada nesta Capitania, o ar de liberdade de todos que tenho encontrado e a destreza de seus gestos, livres da languidez que caracteriza os habitantes do interior. Seus movimentos têm mais vivacidade e há menos afabilidade em suas maneiras. Em uma palavra: são mais homens".
"Nas proximidades de Viamão, fiz um longo passeio para colher ervas. Achando-me um pouco confuso quanto aos caminhos a seguir, dirigi-me a uma casa que avistei ao longe. A dona da casa deu-me um negro para indicar-me o caminho. Ao ficarmos sós ele se apressou em demonstrar admiração por ver-me a pé. É que nesta região toda gente, mesmo pobre, inclusive os escravos, não dá um passo sem ser a cavalo".
"Em todo o Brasil os melhores leitos compõem-se de um simples colchão de palha de milho, mas na primeira estância à que cheguei na Campanha nem isso existia e cada qual dormia sobre o arreiame de seu cavalo. A carona serve de colchão e o lombilho de travesseiro. Sobre a carona põe-se o pelego e deita-se envolto no poncho".
"A pecuária pouco trabalho dá. O gado é deixado à lei da natureza, em completa liberdade. O único cuidado que reconhecem necessário é acostumar os animais a ver homens c a entender seus gritos, a fim de que não fiquem completamente selvagens, deixem-se marcar quando preciso, e possam ser laçados os que se destinarem à castração ou ao corte. Para tal fim o gado é reunido, de tempos em tempos, em determinado local, onde fica durante alguns dias, depois voltando para as pastagens, em liberdade. A essa prática chamam parar rodeio e ao local onde juntam os animais dão o nome de rodeio.
"Ao entrar nesta Capitania verifiquei logo os hábitos carnívoros de seus habitantes. Em todas as estâncias veem-se muitos ossos de bois, espalhados por todos os cantos, e ao entrar nas casas das fazendas sente-se logo o cheiro de carne e de gordura".
Saint Hilaire e o Churrasco Gaúcho:
"Meu soldado cortou a carne em pedaços da espessura de um dedo, fez ponta em uma vara de cerca de 2 pés de comprimento e enfiou-a à guisa de espeto em um dos pedaços, atravessando-o por outros pedaços de pau, transversalmente, para estender bem. Enfiou o espeto obliquamente no solo, expondo ao fogo um dos lados da carne, e, quando o julgou suficientemente assado, expôs o outro lado".
Saint Hilaire e o Chimarrão:
"A chaleira de água quente está sempre ao fogo e logo que um estranho entre na casa se lhe oferece o mate. O uso dessa bebida é geral aqui. Toma-se ao levantar da cama e depois várias vezes ao dia. A cuia tem a capacidade de mais ou menos um copo, é cheia com a erva até a metade, completando-se o resto com água quente. Conhece-se que a erva perdeu sua força e que é necessário trocá-la quando, ao derramar sobre ela a água quente, não se forma espuma à superfície. A primeira vez que provei essa bebida, achei-a muito sem graça. Mas logo me acostumei a ela e atualmente tomo vários mates, de enfiada. Acho no mate um ligeiro perfume, misto de amargor, que não é desagradável. Há muitos méritos nessa bebida, dita diurética, própria para combater dores de cabeça e para amenizar os cansaços do viajante, e na realidade é provável que seu amargor torne-a estomáquica e por conseguinte necessária em uma região onde se come enorme quantidade de carne, sem os cuidados da perfeita mastigação".
"Há homens muito ricos, inúmeros são os estancieiros que dispõem de renda de até 40 mil cruzados. Todavia, em suas casas, nada existe que anuncie tal fortuna. Um campônio francês, com mil escudos de renda, vive com mais conforto. É no tocante ao equipamento de seus cavalos que o povo desta região procura demonstrar maior luxo. Os estribos fazem-nos de prata. As rédeas, testeiras e rabichos de seus cavalos são guarnecidos de chapas desse metal. Entretanto asseguram-me que os proprietários não ajuntam dinheiro, jogam hoje muito menos que outrora, e eu pergunto a todo mundo em que empregam o dinheiro. Mas é preciso dizer também que a generosidade de muitos deles absorve somas consideráveis. Suas bolsas estão sempre abertas aos parentes e amigos e eles dão ou emprestam com extrema facilidade".
"Tenho já observado, muitas vezes, que os mineiros não são arraigados à terra natal. Nenhum hábito particular os retém, e eles não têm pesar em sair de Minas Gerais à procura de melhores situações, pois que sua inteligência lhes garante meios fáceis de subsistência em qualquer parte. Os habitantes desta Capitania, ao contrário, nunca emigram, porque sabem que fora dela serão obrigados a renunciar ao hábito de estar sempre a cavalo e em parte alguma encontrarão tamanha abundância de carne".
"A vida pastoril, tomando o vocábulo em sua verdadeira acepção, é própria dos primeiros estágios da civilização, quando as regiões estão ainda despovoadas. Quando a população aumenta e as terras se dividem, é preciso dedicar-se à agricultura, que exige maiores conhecimentos que a criação de animais e portanto conduz o homem ao aperfeiçoamento. Em geral o emigrante do reino, tendo aprendido um ofício ou tendo sido criado em meio puramente agrícola, conserva sempre um certo desprezo pelos costumes grosseiros desses homens que lidam com o gado e levam uma vida pouco diferente da dos selvagens. Todavia não acontece o mesmo aos filhos de europeus. As primeiras coisas que se oferecem às suas vistas são cavalos e gado, aprendem a montar tão bem quanto os que os cercam e, não vendo elogios senão para isso, entendem não existir outras habilidades".
"Aliás, a infância sempre achará inexpressável prazer no sentimento da sua superioridade. Esse prazer é experimentado quando a criança torna-se dona de um cavalo, quando ajuda a parar o rodeio, a matar um boi e retalhá-lo“.
"Um pai europeu não deixa, na verdade, de falar à sua família a respeito de sua pátria, exaltando-lhe as vantagens e demonstrando desdém pela América. Mas seus filhos, não sendo europeus e sim americanos, irritam-se com o desdouro dos pais, por sentirem-se humilhados."
MTG de Santa Catarina realiza Curso para Avaliadores de Prendas e Peões, em Lages
Em época de Corona vírus, em que todos grandes eventos estão sendo cancelados, ou mesmo adiados, o Movimento Tradicionalista Gaúcho de Santa Catarina realizou neste final de semana (14 e 15 de março), em Lages, na sede da federação, o Curso de Avaliadores de Concursos de Peões e Prendas (CACPP 2020) da federação.
O evento começou na manhã de sábado, com os representantes do MTG, Sueli Dors, vice-presidente e João Maria Teles de Souza, Diretor Cultural do MTG de Santa Catarina, dando as boas vindas. Entre os palestrantes estavam Darlene Cardoso, professora, ex-prenda Veterana de SC e da CBTG e vice coordenadora Artística da 12ªRT, Zenita Borges, professora e ex-prenda veterana de SC, Celivio Holtz, Avaliador, ex-Diretor Artístico e presidente do MTG/SC e sua esposa Adyva Holtz. A jovem Prisicila Dors, filha de Sueli Dors e ex-prenda de Santa Catarina, falou sobre artesanato, Márcia Rita Barbosa, ex-prenda Veterana de SC e avaliadora do estado falou sobre culinária.
Na parte da tarde, as palestra continuaram para os avaliadores de prendas e peões (CACPP 2020) do MTG de Santa Catarina com Cesar Augusto Furtado (músico e membro das comissões), sua esposa, Hernalda Mussio, declamadora e ex-prenda do estado.
De Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, palestraram os jornalistas e comunicadores, Rogério Bastos e Liliane Inês Pappen. Rogério falou sobre ética para os avaliadores e Liliane Pappen, vice-presidente do Instituto Escola do Chimarrão, falou sobre a bebida símbolo do RS. As atividades encerraram com Marcos Eduardo Neto, membro da comissão avaliadora do MTG/SC e ex-peão adulto Barriga Verde do estado, sobre atividades campeiras.
O evento seguiu no domingo, dia 15, com Jeferson Moreira de Quadros, Diretor artístico do MTG/SC, falando sobre as danças e Giovani Primieri instrutor estilista e pesquisador, sobre as indumentárias de prendas e peões. O evento encerrou com a fala de Luciana Claudinéia Borges Furtado, ex-prenda Veterana de Santa Catarina, falando sobre projetos. A erva mate Tertúlia disponibilizou presente e mimos par aos palestrantes, bem como água quente e erva para o chimarrão.
Estiveram presentes Thais Dutra, ex-prenda Veterana de SC e da CBTG, comunicadora, e sua filha Andressa Shein, atual 1ª Prenda Juvenil da CBTG. Outra ex-prenda de Santa Catarina e da CBTG que esteve presente, prestigiando o evento foi a Dra. Edinéia Pereira da Silva. Esteve também o jornalista e Repórter da NDTV Record TV de Santa Catarina, Rodrigo Gonçalves.
Na parte da tarde, as palestra continuaram para os avaliadores de prendas e peões (CACPP 2020) do MTG de Santa Catarina com Cesar Augusto Furtado (músico e membro das comissões), sua esposa, Hernalda Mussio, declamadora e ex-prenda do estado.
De Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, palestraram os jornalistas e comunicadores, Rogério Bastos e Liliane Inês Pappen. Rogério falou sobre ética para os avaliadores e Liliane Pappen, vice-presidente do Instituto Escola do Chimarrão, falou sobre a bebida símbolo do RS. As atividades encerraram com Marcos Eduardo Neto, membro da comissão avaliadora do MTG/SC e ex-peão adulto Barriga Verde do estado, sobre atividades campeiras.
O evento seguiu no domingo, dia 15, com Jeferson Moreira de Quadros, Diretor artístico do MTG/SC, falando sobre as danças e Giovani Primieri instrutor estilista e pesquisador, sobre as indumentárias de prendas e peões. O evento encerrou com a fala de Luciana Claudinéia Borges Furtado, ex-prenda Veterana de Santa Catarina, falando sobre projetos. A erva mate Tertúlia disponibilizou presente e mimos par aos palestrantes, bem como água quente e erva para o chimarrão.
Estiveram presentes Thais Dutra, ex-prenda Veterana de SC e da CBTG, comunicadora, e sua filha Andressa Shein, atual 1ª Prenda Juvenil da CBTG. Outra ex-prenda de Santa Catarina e da CBTG que esteve presente, prestigiando o evento foi a Dra. Edinéia Pereira da Silva. Esteve também o jornalista e Repórter da NDTV Record TV de Santa Catarina, Rodrigo Gonçalves.
sexta-feira, 13 de março de 2020
MTG/RS suspende FECARS e eventos coletivos do tradicionalismo gaúcho
O Movimento Tradicionalista Gaúcho, do Rio Grande do Sul resolveu, através de uma portaria (10/2020) adiar a realização da 32ª FECARS - Festa Campeira do Rio Grande do Sul, que aconteceria entre os dias 19 e 22 de março, na cidade de Pelotas.
A determinação vem a atender a orientação do Ministério da Saúde, para que sejam suspensas atividades com aglomeração de pessoas, para evitar a disseminação do novo Coronavírus. E determinou que a partir desta sexta-feira, 13 de março, de 2020 por 30 dias, a suspensão de todas as reuniões e eventos coletivos previstos para serem realizados nas dependências do MTG e de sua jurisdição que tem a participação de representação do Movimento Tradicionalista Gaúcho e suas coordenadorias regionais.
Governador do Estado do RS, Eduardo Leite, emite decreto de prevenção ao contágio de Coronavirus
DECRETO
Dispõe sobre medidas temporárias de prevenção ao contágio pelo COVID-19 (novo Coronavírus) no âmbito do Estado.
O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, no uso da atribuição que lhe confere 82, incisos V e VII, da Constituição do Estado, DECRETA:
Art. 1º Os órgãos e as entidades da administração pública estadual direta e indireta deverão adotar, para fins de prevenção da transmissão do COVID-19 (novo Coronavírus), as medidas determinadas neste Decreto.
Art. 2º Ficam suspensas, pelo prazo de trinta dias:
I – as atividades de capacitação, de treinamento ou de eventos coletivos realizados pelos
órgãos ou entidades da administração pública estadual direta e indireta que impliquem a aglomeração de pessoas; e
II – a participação de servidores ou de empregados em eventos ou em viagens internacionais ou interestaduais.
Parágrafo único. Eventuais exceções à norma de que trata o “caput” deste artigo deverão ser avaliados e autorizados pelo Gabinete do Governador do Estado.
Art. 3º Os servidores e os empregados públicos que estiverem afastados deverão, antes de retornar ao trabalho, informar à chefia imediata o país que visitou, apresentando documentos comprobatórios da viagem.
Parágrafo único. Os servidores e os empregados públicos que tem contato ou convívio direto com caso suspeito ou confirmado também devem informar o fato à chefia imediata.
Art. 4º Aos servidores e aos empregados públicos que tenham regressado, nos últimos cinco dias, ou que venham a regressar, durante a vigência deste Decreto, de países em que há transmissão comunitária do vírus da COVID 19, conforme boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde, bem como aqueles que tenham contato ou convívio direto com caso suspeito ou confirmado, deverão ser aplicadas as seguintes medidas:
I – os que apresentem sintomas (sintomáticos) de contaminação pelo COVID-19 deverão ser afastados do trabalho, sem prejuízo de sua remuneração, pelo período mínimo de quatorze dias ou conforme determinação médica; e
II – os que não apresentem sintomas (assintomáticos) de contaminação pelo COVID-19 deverão desempenhar, em domicílio, em regime excepcional de teletrabalho, pelo prazo de quatorze dias, a contar do retorno ao Estado, as funções determinadas pela chefia imediata, respeitadas as atribuições do cargo ou do emprego, vedada a sua participação em reuniões presenciais ou a realização de tarefas no âmbito da repartição pública.
Parágrafo único. A efetividade do servidor ou do empregado públicos a que tenha sido aplicado o regime de trabalho de que trata o inciso II do “caput” deste artigo dependerá do cumprimento das metas e dos níveis de produtividade estabelecidos pela chefia imediata, com a chancela do Secretário da Pasta ou Dirigente Máximo da Entidade.
Art. 5º Fica vedada, pelo prazo de quatorze dias ou enquanto permanecerem os sintomas, a participação em reuniões presenciais ou a realização de tarefas no âmbito da repartição pública a todo e qualquer agente público, remunerado ou não, que mantenha ou não vínculo com a administração pública estadual, bem como membro de colegiado, estagiário ou empregado de prestadoras de serviço, que:
I - tenha regressado, nos últimos cinco dias, ou que venha a regressar, durante a vigência deste Decreto, de países em que há transmissão comunitária do vírus da COVID 19, conforme boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde; ou
II – apresente sintomas de contaminação pelo COVID-19.
Parágrafo único. O Secretário da Pasta ou o Dirigente Máximo da Entidade deverá adotar as providências necessárias para que os agentes de que trata o “caput” deste artigo informem, antes de retornar ao trabalho, os países que visitou, apresentando documentos comprobatórios da viagem, bem como para
impedir que aqueles que apresentem sintomas de contaminação pelo COVID-19 participem de reuniões
presenciais ou realizem de tarefas no âmbito da repartição pública.
Art. 6º Os gestores dos contratos de prestação de serviço deverão notificar as empresas contratadas para que, sob pena de responsabilização contratual em caso de omissão:
I - adotem todos os meios necessários para o cumprimento das determinações constantes deste Decreto, em especial quanto ao disposto no art. 5º; e
II - conscientizem seus funcionários quanto aos riscos do COVID-19 e quanto à necessidade de reportarem a ocorrência dos sintomas de que trata o art. 7º.
Art. 7º Consideram-se sintomas de contaminação pelo COVID-19, para os fins do disposto neste Decreto, a apresentação de febre, tosse, dificuldade para respirar, produção de escarro, congestão nasal ou conjuntival, dificuldade para deglutir, dor de garganta, coriza, saturação de O2 < 95%, sinais de cianose, batimento de asa de nariz, tiragem intercostal e dispneia.
Art. 8º Os casos omissos e as eventuais exceções à aplicação deste Decreto serão definidos pelo Governador do Estado.
Art. 9º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação e terá validade pelo prazo de trinta dias.
PALÁCIO PIRATINI, em Porto Alegre,
EDUARDO LEITE,
Governador do Estado.
Dispõe sobre medidas temporárias de prevenção ao contágio pelo COVID-19 (novo Coronavírus) no âmbito do Estado.
O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, no uso da atribuição que lhe confere 82, incisos V e VII, da Constituição do Estado, DECRETA:
Art. 1º Os órgãos e as entidades da administração pública estadual direta e indireta deverão adotar, para fins de prevenção da transmissão do COVID-19 (novo Coronavírus), as medidas determinadas neste Decreto.
Art. 2º Ficam suspensas, pelo prazo de trinta dias:
I – as atividades de capacitação, de treinamento ou de eventos coletivos realizados pelos
órgãos ou entidades da administração pública estadual direta e indireta que impliquem a aglomeração de pessoas; e
II – a participação de servidores ou de empregados em eventos ou em viagens internacionais ou interestaduais.
Parágrafo único. Eventuais exceções à norma de que trata o “caput” deste artigo deverão ser avaliados e autorizados pelo Gabinete do Governador do Estado.
Art. 3º Os servidores e os empregados públicos que estiverem afastados deverão, antes de retornar ao trabalho, informar à chefia imediata o país que visitou, apresentando documentos comprobatórios da viagem.
Parágrafo único. Os servidores e os empregados públicos que tem contato ou convívio direto com caso suspeito ou confirmado também devem informar o fato à chefia imediata.
Art. 4º Aos servidores e aos empregados públicos que tenham regressado, nos últimos cinco dias, ou que venham a regressar, durante a vigência deste Decreto, de países em que há transmissão comunitária do vírus da COVID 19, conforme boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde, bem como aqueles que tenham contato ou convívio direto com caso suspeito ou confirmado, deverão ser aplicadas as seguintes medidas:
I – os que apresentem sintomas (sintomáticos) de contaminação pelo COVID-19 deverão ser afastados do trabalho, sem prejuízo de sua remuneração, pelo período mínimo de quatorze dias ou conforme determinação médica; e
II – os que não apresentem sintomas (assintomáticos) de contaminação pelo COVID-19 deverão desempenhar, em domicílio, em regime excepcional de teletrabalho, pelo prazo de quatorze dias, a contar do retorno ao Estado, as funções determinadas pela chefia imediata, respeitadas as atribuições do cargo ou do emprego, vedada a sua participação em reuniões presenciais ou a realização de tarefas no âmbito da repartição pública.
Parágrafo único. A efetividade do servidor ou do empregado públicos a que tenha sido aplicado o regime de trabalho de que trata o inciso II do “caput” deste artigo dependerá do cumprimento das metas e dos níveis de produtividade estabelecidos pela chefia imediata, com a chancela do Secretário da Pasta ou Dirigente Máximo da Entidade.
Art. 5º Fica vedada, pelo prazo de quatorze dias ou enquanto permanecerem os sintomas, a participação em reuniões presenciais ou a realização de tarefas no âmbito da repartição pública a todo e qualquer agente público, remunerado ou não, que mantenha ou não vínculo com a administração pública estadual, bem como membro de colegiado, estagiário ou empregado de prestadoras de serviço, que:
I - tenha regressado, nos últimos cinco dias, ou que venha a regressar, durante a vigência deste Decreto, de países em que há transmissão comunitária do vírus da COVID 19, conforme boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde; ou
II – apresente sintomas de contaminação pelo COVID-19.
Parágrafo único. O Secretário da Pasta ou o Dirigente Máximo da Entidade deverá adotar as providências necessárias para que os agentes de que trata o “caput” deste artigo informem, antes de retornar ao trabalho, os países que visitou, apresentando documentos comprobatórios da viagem, bem como para
impedir que aqueles que apresentem sintomas de contaminação pelo COVID-19 participem de reuniões
presenciais ou realizem de tarefas no âmbito da repartição pública.
Art. 6º Os gestores dos contratos de prestação de serviço deverão notificar as empresas contratadas para que, sob pena de responsabilização contratual em caso de omissão:
I - adotem todos os meios necessários para o cumprimento das determinações constantes deste Decreto, em especial quanto ao disposto no art. 5º; e
II - conscientizem seus funcionários quanto aos riscos do COVID-19 e quanto à necessidade de reportarem a ocorrência dos sintomas de que trata o art. 7º.
Art. 7º Consideram-se sintomas de contaminação pelo COVID-19, para os fins do disposto neste Decreto, a apresentação de febre, tosse, dificuldade para respirar, produção de escarro, congestão nasal ou conjuntival, dificuldade para deglutir, dor de garganta, coriza, saturação de O2 < 95%, sinais de cianose, batimento de asa de nariz, tiragem intercostal e dispneia.
Art. 8º Os casos omissos e as eventuais exceções à aplicação deste Decreto serão definidos pelo Governador do Estado.
Art. 9º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação e terá validade pelo prazo de trinta dias.
PALÁCIO PIRATINI, em Porto Alegre,
EDUARDO LEITE,
Governador do Estado.
quinta-feira, 12 de março de 2020
Por que o tema "200 anos da chegada de Saint Hilaire no RS" merece atenção especial - Parte XI
ECOS DA REVOLUÇÃO LIBERAL
Enquanto Saint-Hilaire viajava por estas bandas, ocorrera no Porto a rebelião burguesa. Os insurretos pretendiam o retorno de D. João VI para Lisboa e a recondução do Brasil ao estado colonial. A 4 de outubro de 1820 entravam em Lisboa. Aboliram a regência, exigiram a convocação das Cortes e organizaram uma junta Provisória, incumbida de elaborar uma constituição liberal.
No Brasil, as primeiras cidades que tiveram notícia da revolução foram Belém e Salvador. Em janeiro de 1821, a capita! do Pará depunha o governo regional e nomeava uma Junta Provisória. Dias depois o capitão-general da Bahia recusava-se a assumir a presidência da junta local e velejava para o Rio de Janeiro; houve um começo de conflito, com vários mortos e feridos, em face da reação do Marechal Felisberto Caldeira Brant Pontes (depois Marquês de Barbacena); mas ao final firmava-se a rebelião constitucionalista. Com a pressão também no Rio, D. João VI terminou admitindo a Constituição liberal para todos os seus domínios er a 26 de fevereiro, os príncipes D. Pedro e D. Miguel juravam a sua aplicação, sob frenéticas aclamações.
Na Capitania do Rio Grande do Sul, o Conde da Figueira está ausente da capital e essa circunstância facilitou a aclamação de um governo trino interino, constituído pelo General Manuel Marques de Sousa como presidente, pelo ouvidor Doutor Joaquim Bernardino de Sena Ribeiro e pelo vereador mais idoso de Porto Alegre, Senhor José Rodrigues Ferreira.
Saint-Hilaire encontrava-se em Rio Pardo, retornando à capital, quando foi informado de que haviam sido depostos o capitão-general em Porto Alegre e seu anfitrião o Sargento-Mor Mateus da Cunha Teles em Rio Grande. Tema para mais uma "reportagem" em seu diário de viagem:
"A pequena insurreição ocorrida em Porto Alegre não foi obra do povo e sim de tropas excitadas pelos negociantes. Parece certo que tudo tenha passado em ordem, sem derrame de uma só gota de sangue. Este povo faz revoluções com uma sabedoria que não canso de admirar, mas cujas causas são fáceis de conhecer. Acostumado a uma cega submissão, este povo deve, naturalmente, conservar ainda respeito pela autoridade, mesmo quando se revolta contra ela. A amizade que os brasileiros têm pelo soberano é ainda uma das causas que, pelo menos durante algum tempo, os preservará de excessos".
"Da revolução que vem de se operar é interessante notar estar todo mundo encantado com a Constituição, dela esperando grandes benefícios. Mas a maioria dos que esperam tanta felicidade não sabem sequer o que seja uma Constituição."
Numa outra passagem de seu diário no Rio Grande do Sul, o arguto viajante francês parecia entrar nos domínios da futurologia:
"Não sei o que se passa neste momento em Portugal, com o soberano D. João a caminho de Lisboa. Mas se ele e seus filhos não forem atilados, o Brasil será em breve perdido pela Casa de Bragança, e suas capitanias, como as colônias espanholas, tornar-se-ão teatro de guerras civis. O temor de tornar ao domínio português levará os brasileiros à revolta, ou ao menos servirá de pretexto para isso. E como a obediência que as diversas províncias do Brasil prestam ao soberano é o único laço que as une, é evidente que elas se separarão quando tal laço deixar de existir. Sem falar do Pará e de Pernambuco, as capitanias de Minas e do Rio Grande, já menos distanciadas, diferem mais entre si que a França da Inglaterra. Como poderão os habitantes, abandonados a si próprios, entenderem-se e cooperar para a formação de um Estado único?..."
Enquanto Saint-Hilaire viajava por estas bandas, ocorrera no Porto a rebelião burguesa. Os insurretos pretendiam o retorno de D. João VI para Lisboa e a recondução do Brasil ao estado colonial. A 4 de outubro de 1820 entravam em Lisboa. Aboliram a regência, exigiram a convocação das Cortes e organizaram uma junta Provisória, incumbida de elaborar uma constituição liberal.
No Brasil, as primeiras cidades que tiveram notícia da revolução foram Belém e Salvador. Em janeiro de 1821, a capita! do Pará depunha o governo regional e nomeava uma Junta Provisória. Dias depois o capitão-general da Bahia recusava-se a assumir a presidência da junta local e velejava para o Rio de Janeiro; houve um começo de conflito, com vários mortos e feridos, em face da reação do Marechal Felisberto Caldeira Brant Pontes (depois Marquês de Barbacena); mas ao final firmava-se a rebelião constitucionalista. Com a pressão também no Rio, D. João VI terminou admitindo a Constituição liberal para todos os seus domínios er a 26 de fevereiro, os príncipes D. Pedro e D. Miguel juravam a sua aplicação, sob frenéticas aclamações.
Na Capitania do Rio Grande do Sul, o Conde da Figueira está ausente da capital e essa circunstância facilitou a aclamação de um governo trino interino, constituído pelo General Manuel Marques de Sousa como presidente, pelo ouvidor Doutor Joaquim Bernardino de Sena Ribeiro e pelo vereador mais idoso de Porto Alegre, Senhor José Rodrigues Ferreira.
Saint-Hilaire encontrava-se em Rio Pardo, retornando à capital, quando foi informado de que haviam sido depostos o capitão-general em Porto Alegre e seu anfitrião o Sargento-Mor Mateus da Cunha Teles em Rio Grande. Tema para mais uma "reportagem" em seu diário de viagem:
"A pequena insurreição ocorrida em Porto Alegre não foi obra do povo e sim de tropas excitadas pelos negociantes. Parece certo que tudo tenha passado em ordem, sem derrame de uma só gota de sangue. Este povo faz revoluções com uma sabedoria que não canso de admirar, mas cujas causas são fáceis de conhecer. Acostumado a uma cega submissão, este povo deve, naturalmente, conservar ainda respeito pela autoridade, mesmo quando se revolta contra ela. A amizade que os brasileiros têm pelo soberano é ainda uma das causas que, pelo menos durante algum tempo, os preservará de excessos".
"Da revolução que vem de se operar é interessante notar estar todo mundo encantado com a Constituição, dela esperando grandes benefícios. Mas a maioria dos que esperam tanta felicidade não sabem sequer o que seja uma Constituição."
Numa outra passagem de seu diário no Rio Grande do Sul, o arguto viajante francês parecia entrar nos domínios da futurologia:
"Não sei o que se passa neste momento em Portugal, com o soberano D. João a caminho de Lisboa. Mas se ele e seus filhos não forem atilados, o Brasil será em breve perdido pela Casa de Bragança, e suas capitanias, como as colônias espanholas, tornar-se-ão teatro de guerras civis. O temor de tornar ao domínio português levará os brasileiros à revolta, ou ao menos servirá de pretexto para isso. E como a obediência que as diversas províncias do Brasil prestam ao soberano é o único laço que as une, é evidente que elas se separarão quando tal laço deixar de existir. Sem falar do Pará e de Pernambuco, as capitanias de Minas e do Rio Grande, já menos distanciadas, diferem mais entre si que a França da Inglaterra. Como poderão os habitantes, abandonados a si próprios, entenderem-se e cooperar para a formação de um Estado único?..."
quarta-feira, 11 de março de 2020
O luto - Por Severino Moreira
Antigamente mulheres que ficavam viúvas usavam o que chamavam "luto fechado". Vestiam-se preto durante anos, algumas o resto de suas vidas. Essa senhora se chamava Maria José (Siá Zeca) desde que ficou viúva, vestiu-se de luto até o fim da vida, foram mais de 20 anos sem tirar sequer o lenço preto da cabeça. Já os homens costumavam usar luto no mínimo um ano com roupas pretas e não faziam a barba durante o tempo de luto.
Dependendo do grau de parentesco, faziam "luto fechado", totalmente de preto quando perdiam, conjuges, pais, filhos irmãos ou netos ou "meio luto" (roupas xadrez) no caso de tios, sobrinhos etc e no caso de parentes mais distantes uma tarja preta na manga ou no bolso da camisa que chamavam de "fumo".
Algumas pessoas usavam luto fechado nos primeiros meses e depois mudavam para meio luto.
Além de vestir o luto, ficavam até um ano sem ir a festas, principalmente aos bailes e durante meses sequer ligavam o rádio em programas musicais. Limitavam-se a ouvir os "avisos" e desligava o rádio.
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