Em um cenário de crescimento acelerado e sem legislação que ampare ou fiscalize, web rádios ainda são vistas com desconfiança por especialistas da área
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Transformar a rádio web em um modelo de negócios rentável é apenas um dos desafios enfrentados pelos empreendedores do segmento – Foto: Liliane Pappen - Denise e Lairton Santos no Programa Sonidos da Tradição da Radio Regional Net |
O advento da internet e a consequente democratização de acesso a conteúdo trouxeram inúmeras possibilidades para diversas áreas. Caminhando junto às possibilidades, apareceram as necessidades de reinvenção destes setores. Com a comunicação este processo não foi diferente. Os veículos, as notícias e o próprio jornalismo precisaram se adaptar ao novo cenário digital e, o que antes era restrito a uma parte da população, agora está ao alcance de todos através de computadores e smartphones. Foi nesta onda de transformações que as web rádios nasceram e hoje ocupam eminente espaço na comunicação. Amparados pelo conceito de jornalismo cidadão, muitos entusiastas enxergaram a possibilidade de criação de um novo modelo de negócios que une o apreço pelo rádio ao baixo custo de produção. A possibilidade criou, entretanto, um fantasma que assombra o segmento: o da informalidade.
A cada nova rádio web, um empreendedor quase sempre informal procura uma alternativa de viabilidade financeira, seja por meio de venda de espaços comerciais, apoio cultural ou mesmo patrocínio. Por de trás de grande parte das mais de 14 mil rádios on-line no país, existe pelo menos uma pessoa buscando seu meio de subsistência. O que poderia ser, de fato, um modelo de democratização da comunicação e do rádio, torna-se, em muitos casos, uma plataforma que pouco – ou nada – agrega quando o assunto é conteúdo.
De acordo com o site Radios.com, que monitora os acessos às rádios web através de sua plataforma, só no Brasil, entre os meses de março e abril, houve um acréscimo de 3,1% no número de emissoras on-line. No Rio Grande do Sul, o crescimento é ainda maior e chega a 4,32%. São 425 novos canais no país, 37 deles no estado gaúcho, no intervalo de um mês. Mesmo que os dados não revelem a verdadeira face do setor, já que muitas destas rádios deixam de existir em pouco tempo, os números demonstram o poder da informalidade: é muito fácil e barato colocar uma emissora web no ar. Pelo menos 31% das rádios web do estado registram menos de 100 acessos no mês de abril - o que pode significar que as emissoras possuem finalidades exclusivas para um público limitado ou que foram removidas.
Sites como a BrLogic, KSHost e MaxCast oferecem planos com valores a partir de R$ 69,00 por mês e não é necessário nenhum tipo de registro ou legalização, nem mesmo um Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) específico. Basta seguir o Marco Civil da Internet e atentar-se para as questões de direitos autorais. Os planos mais caros, que podem chegar a R$ 199/mês, incluem App para Android, programetes para download e muitos gigas de armazenamento. O custo dos equipamentos de uma rádio web também é muito inferior ao de uma rádio tradicional. Enquanto um estúdio pode custar, em média, 50 mil reais, com apenas uma mesa de som de poucos canais, um notebook equipado com programas gratuitos, um microfone e uma internet com tráfego de dados mediano já é possível dar o start em uma rádio web, diretamente do conforto da sua casa, com um custo aproximado de 3,5 mil.
Com um crescimento desordenado e sem nenhuma legislação que ampare ou fiscalize esses veículos, fica difícil saber que tipo de programação vem sendo produzida e qual a finalidade de cada um destes canais. A única legislação vigente no que tange às rádios web se refere ao Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), e apenas normatiza os meios e os valores a serem pagos ao órgão pelas emissoras on-line. Assim como a legislação, também não há nenhuma instituição que represente ou forneça dados confiáveis sobre as rádios web. Apenas algumas plataformas, diretamente envolvidas com o segmento, são fonte de pesquisa sobre o assunto. É o caso do site Radios.com, que ranqueia as emissoras a partir do acesso dos ouvintes por meio de seu aplicativo ou site.
Para o professor de Rádio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Luiz Artur Ferraretto, as rádios web se assemelham às redes sociais: produzem muito fluxo de material, mas a qualidade deixa a desejar. Segundo ele, a única diferença importante está no alcance. O especialista defende que as rádios na internet ainda são pouco abrangentes o que, de certa forma, reduzem o alcance destes conteúdos.
Ferraretto argumenta que hoje existem dois modelos de rádio na internet: as comerciais e as hertzianas, que mantém o modelo tradicional e utilizam as plataformas digitais para reprodução de conteúdos e as nativas da web. Estas, segundo ele, produzem conteúdos de natureza, muitas vezes, questionável. “Temos visto rádios fazendo política, religião, misticismos, sem nenhum controle, sem nenhuma técnica, sem nenhuma ética no processo”, argumenta.
O professor ressalta ainda que a falta de regulamentação vai além do ambiente da internet. Para ele, fazer cumprir a legislação vigente entre rádios comerciais, educativas e comunitárias, que são concessões, já é um desafio. Citando a constituição de 1988, Ferraretto argumenta que os modelos tradicionais são divididos em privado, estatal e público, mas que essa classificação é errônea, visto que estatal e público se equivalem. A partir deste cenário, o profissional acredita ser inviável a criação de uma nova regulamentação, especialmente no que se refere à internet. “O que pode, de fato, regular esse tipo de emissora é a sociedade”, acredita.
Quando o assunto é a qualidade das programações, Ferrareto afirma que mesmo as rádios tradicionais possuem suas deficiências e que nem sempre formação acadêmica é sinônimo de boas programações. “A rigor, nem todas as rádios têm jornalistas responsáveis, mas é comum encontrarmos, no interior do Brasil, emissoras que, mesmo sem o trabalho de profissionais formados na academia, fazem jornalismo muito bem. São profissionais formados pela vida”, revela. Ainda assim, defende a importância da formação acadêmica e a ampliação das disciplinas de rádio entre as faculdades.
Entre os desafios do rádio, tanto convencional quanto na internet, o professor elenca, além da deficiência na legislação, um modelo de gestão pautado em um cenário que remete aos anos 50 e 60 do século passado e ouvintes que nem sempre estão aptos a interpretar a informação, mas que empoderados por redes sociais e baseados em fake news desacreditam o trabalho das emissoras e de seus radialistas. “Quanto mais sério for o trabalho da emissora e seus profissionais, mais conseguiremos minimizar estes problemas”, conclui.
Para Ferraretto, outro grande desafio é o de como transformar uma rádio, especialmente a web, em negócio e fazer com que ela sobreviva. Conforme o professor, a pouca abrangência das rádios na internet e as dificuldades de acesso dos ouvintes estão entre os dilemas a serem solucionados. Ele acredita em um modelo diferenciado, no qual são produzidos podcasts sobre assuntos específicos e segmentados e defende, nestes casos, a alternativa de financiamentos coletivos.
Sob a ótica do especialista, o podcast oferece a vantagem de ser acessado a qualquer momento e ficar à disposição do ouvinte que exerce seu poder de escolha com plenitude, definindo especificamente o tipo de conteúdo que deseja escutar. Ele argumenta que, ao contrário do senso comum, ter um smartphone nas mãos não é garantia de audiência. “Engana-se quem acha que estamos todos conectados. A maioria ainda não sabe usar todas as potencialidades do aparelho”, alega.
Entretanto, Ferraretto também elenca alguns exemplos de rádios web que vêm se consolidando na internet. Para ele, o segredo está na ultrasegmentação e no mercado de nicho. “Ouve a rádio web aquele que sabe que ela existe e, para saber, o ouvinte precisa ir atrás. Diferente dos grandes grupos de comunicação”, revela. Entre os casos de sucesso, estão as emissoras que se dedicam exclusivamente ao esporte, especialmente as transmissões e debates sobre futebol, eleito preferência nacional, e as que se voltam para os assuntos regionais, como no caso da cultura gaúcha no Rio Grande do Sul.
Mesmo quando defende a ultrasegmentação, Ferraretto acredita nos podcasts, argumentando que se o ouvinte gosta de um assunto muito específico, a facilidade de ouvir quando e onde quiser e, ainda, relacionar um arquivo a outro aumenta a chance de fidelizar a audiência. Ele também destaca que no caso da web rádio, a falta de recursos financeiros impede a contratação de bons profissionais, o que pode afastar os ouvintes. “As rádios web são criadas em duas circunstâncias: por idealismo ou visando o lucro. No segundo caso, entre as rádios web ainda não há um modelo que permita a contratação de uma equipe de profissionais capacitada para gerar conteúdo de qualidade. No caso do idealismo, por mais que o empreendedor queira se estabelecer, em um determinado momento a falta de estímulos pode levá-lo à desistência”, argumenta. É nestes casos que surgem as rádios web sem programação ao vivo e que tocam músicas 24 horas por dia. “Se for pra tocar música, é mais fácil, mais barato e muito menos trabalhoso contratar um player”, completa.
Informalidade e cultura regional
Os relatórios de estatística do site Radios.com mostram que as web rádios com mais audiência no Rio Grande do Sul são as que oferecem conteúdo da cultura tradicionalista. Das 20 rádios que apresentam mais acessos no documento, 45% são voltadas ao segmento regional. Os veículos transmitem substancialmente músicas do gênero e a organização acontece de maneira informal.
A rádio com maior alcance de acessos nos levantamentos é a Rádio Web Campeira Fm, da cidade de Caxias do Sul. No mês de abril foram registradas 32.277 visitações. A rádio foi fundada em 2010, pelo empreendedor José Antunes. O conteúdo que a rádio oferece é essencialmente musical, com exceção de pequenas inserções de vinhetas informativas que, segundo Antunes, são produzidas parte pela equipe, parte por outras rádios parceiras do veículo. Antunes explica que a Campeira não tem o objetivo de dar lucro e que os custos são cobertos por sua empresa de venda e montagem de cercas em material PVC.
A equipe responsável pela produção da rádio é composta por quatro pessoas da família de Antunes e não possuem vínculo empregatício ou recebem salários para contribuírem na rádio. “Estamos os quatro envolvidos em outras profissões – minha filha é advogada e meu genro engenheiro. Nós tocamos a rádio porque gostamos da função”, explica o empresário, que possui formação incompleta em Comunicação.
A Rádio Pátria Gaúcha, também voltada para o segmento regional, é a terceira colocada no ranking de rádios com mais acessos do site Rádios.com. A rádio foi fundada em 2009, em Pelotas, pelo designer de calçados e locutor Nelson Rijo Braga. Segundo ele, a motivação para a criação do negócio partiu de sua vontade de divulgar a música gauchesca e seus intérpretes. Formada por três pessoas, a única integrante que possui salário, mesmo que sem relação de trabalho, é a apresentadora Lica Pereira, que ocupa também o cargo de gerente da rádio. Lica realiza este trabalho de maneira remota, pois reside em Minas Gerais. Os outros dois integrantes – sendo eles o próprio Braga e o produtor musical Murilo Blotta Filho - não recebem salário.
Braga explica que existe uma parceria entre a Pátria Gaúcha e os músicos que possuem programas na rádio. “Eles ocupam o espaço de graça e o resultado da publicidade que os músicos veiculam em seus programas é deles. Esta foi a maneira que encontramos para contemplar as duas partes”, conta o locutor.
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Denise Santos assumiu o desafio de produzir e apresentar um programa regionalista semanal, direcionado às entidades tradicionalistas, em um rádio web – Foto: Liliane Pappen |
A informalidade também reside na paixão e no idealismo. Denise Santos é um exemplo. Formada em Administração, a bancária, que trabalha na Instituição Financeira Cooperativa do Brasil (Sicredi), aceitou o desafio de desempenhar o papel de apresentadora em uma rádio web de cunho regionalista, na região metropolitana. Depois de ser vista apresentando um cerimonial e mesmo sem nenhuma experiência anterior em rádio, Denise foi convidada pelo dono da emissora a produzir um programa na Rádio Regional, localizada em Guaíba.
Sua forte ligação com as entidades tradicionalistas e a cultura gaúcha a levou a idealizar o Sonidos de Tradição, programa que traz em sua essência temas em efervescência no meio regionalista. De acordo com a apresentadora, a cada sábado, entre 14 e 17 horas, horário em que vai ao ar, o programa recebe a audiência e interação de ouvintes de várias partes do mundo. Denise afirma que a Rádio Regional, com um único estúdio, de onde é transmitida toda a programação ao vivo, possui um diferencial importante: a missão de gerar valores para ouvintes, clientes e equipe, atuando na comunicação e na cultura de forma responsável e sustentável. Para ela, a proposta cultural e os programas específicos, voltados à cultura regional atraem ouvintes que buscam se reconectar com suas raízes. “Tem gente que nos ouve em Portugal e manda mensagem falando da saudade que sente daqui”, lembra.
De acordo com a locutora, a rádio iniciou suas atividades com apenas dois programas ao vivo, em maio de 2017. De lá para cá, a grade foi crescendo e hoje já possui uma programação com sete programas, além de várias playlists culturais, o que significa conteúdo veiculado 24 horas por dia. “Nos aproximamos de 100 minutos por mês de programação, com locução ao vivo”, destaca. “Esse tempo é bem considerável e acima da média da maioria das emissoras no mesmo segmento”.
A ideia da criação nasceu de uma parceria desfeita. Funcionário público concursado, com formação em Marketing, e iniciando o curso de locução e produção para rádio e TV, Mario Garcia, apresentava um programa em outra rádio web, quando decidiu que era hora de começar carreira solo. De lá pra cá, Garcia, dedica parte do seu tempo na busca por patrocínios e firma parcerias com o poder público do município para a divulgação de eventos locais. Ele afirma que a viabilidade financeira de qualquer empresa depende de tempo para apresentar resultados positivos, e nas rádios web não é diferente. “Precisamos construir credibilidade e relacionamentos sólidos, e isso só acontece com o tempo”. Por ora, o dono da Rádio Regional segue aplicando recursos próprios na manutenção da emissora, que tem seu único estúdio alocado em prédio próprio, mas que possui matricula junto à prefeitura, com registros e planta adequadas às exigências do corpo de bombeiros, mas sonha com o dia em que a empresa alcançará a independência financeira.
A estratégia para ampliar a audiência e, portanto, o número de investidores, passa por um sólido plano de mídia, com site e presença nas redes sociais. É através do Facebook, Instagram, YouTube, Twitter e WhatsApp, que a Rádio Regional interage com seus seguidores e anuncia suas principais atrações. Além dos spots na rádio, os apoiadores culturais também têm sua marca anunciada nas plataformas e veem seus nomes projetados para muito além da audiência conectada na emissora.
Denise conta, atualmente, com a parceria do marido e par nos tablados da vida, Lairton Santos, que, ao ver o entusiasmo e sucesso da esposa por trás dos microfones, decidiu relembrar seus tempos de Peão Farroupilha do Rio Grande do Sul e assumiu uma participação no comando da atração. Juntos, os dois debatem assuntos polêmicos e apresentam suas impressões sobre o cenário tradicionalista. Eles também recebem convidados e, conforme afirmam, adoram uma boa peleja de argumentos.
Apesar do pouco tempo de existência, a Rádio Regional conquistou um público bastante fiel. São mais de 27 mil acessos por mês, com média semanal de aproximadamente sete mil ouvintes. “É pouco, se comparado à audiência de uma rádio convencional, mas é um público cativo”, revela Lairton. No site Radios.com, a Regional ocupa a faixa de audiência de, aproximadamente, 1200 ouvintes/mês através da plataforma, e vem crescendo, passou do 146º lugar no ranking, em abril, para 106º, em maio.
Sobre os motivos que a levaram a assumir a responsabilidade de comandar uma das atrações da rádio, a bancária revela que não tem nada a ver com dinheiro. “Nós fazemos o Sonidos de Tradição por idealismo, porque acreditamos no poder transformador da cultura e na democratização da informação. Não temos nenhum retorno financeiro com o programa, mas a experiência que conquistamos ao longo dele, não tem dinheiro que pague”, testemunha.
Rádios Web seguem sem representação
Cleber Almeida é proprietário da agência Na Mosca Produções, de São Paulo, idealizador do Encontro de Profissionais de Web Rádios Brasileiras (EPWBR) e trabalha no setor desde 2006. Idealista e apaixonado pelo segmento, ele afirma que, de lá para cá, é perceptível o aumento de consumo de conteúdos em rádio web, entretanto, destaca que não há um órgão controlador que consiga mensurar esses dados. “Temos como objetivo fazer com que o EPWBR se torne esse órgão em algum momento. Estamos estudando como fazer isso”, explica.
O encontro ocorre a cada dois ou três anos e teve sua terceira edição em maio de 2019, em São Paulo. Lá, estiveram reunidos locutores, comunicadores e empreendedores do setor para discutir os rumos do segmento e traçar estratégias de consolidação e fortalecimento para as emissoras on-line. “O encontro nasceu com o propósito de reunir profissionais que visam tornar o rádio na internet um veículo promissor e com maior visibilidade entre o público e o mercado publicitário. Nesses encontros discutimos questões que nos levarão a estes objetivos”. Para Almeida, fatores como o baixo investimento em ações alternativas de marketing, deficiências nas estratégias, equipamentos e captação de recursos e até mesmo a morosidade de desenvolvimento e acesso à internet no Brasil se tornaram grandes empecilhos para que essa plataforma ocupe uma posição de destaque dentro do mercado da comunicação.
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Graduado em Comunicação Social na UFRGS, Luiz Artur Ferrareto é Mestre e Doutor em Comunicação e Informação |
Sobre a dificuldade de viabilidade financeira das iniciativas, apresentada por Ferraretto e outros profissionais da área, o locutor defende a autonomia de cada gestor. “Seja por meio da venda de espaços comerciais, tanto no streaming quanto no site, seja por meio de outras formas de financiamento, importante é que cada um encontre o seu modelo ideal”, pontua.
Ainda conforme Almeida, não existe nenhum tipo de associação ou entidade que filie ou agregue rádios web e busque garantir direitos aos profissionais do setor. Para contribuir com os corajosos que se aventuram no desafio de formalizar uma nova emissora no formato on-line, o comunicador utiliza seu canal no YouTube e perfil no Facebook para dar dicas e ensinar os caminhos conhecidos.
Da rádio web à institucional, um modelo que se consolida
Mesmo em um cenário ainda confuso e na contramão da informalidade o jornalista e empresário Paulo Gilvane viu na internet uma grande oportunidade de negócios. Em 2001, em parceria com mais três colegas, Gilvane criou a Agência Radioweb, produtora de conteúdo com abordagem jornalística, de prestação de serviço e utilidade pública, além de podcasts para rádios com distribuição pela internet. Atualmente, a plataforma possui 2.448 afiliadas entre emissoras AM e FM , e um alcance que ultrapassa a marca de 150 milhões de ouvintes, o que faz da agência uma das maiores do Brasil no segmento.
A grande sacada, conforme Gilvane, foi o serviço de Rádios on-line Corporativas oferecido pela agência. Com conteúdo personalizado, a Radioweb é responsável pelas emissoras de 13 instituições como a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Ministério Público da Bahia (MP-BA), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG), entre outras. Defensor das rádios web, o jornalista exemplifica suas afirmações a partir do case de uma das emissoras corporativas, a Rádio Themis, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, que, conforme afirma, se consolidou e está há oito anos no ar. “Temos dois jornalistas que fazem as inserções ao vivo. A Themis se tornou um canal de comunicação entre os colaboradores do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS), que possui mais de quatro mil funcionários, e tem audiência inclusive nos finais de semana”, conta.
Para Borges, o alcance de uma rádio web é relativa e não pode ser medido apenas pelos acessos. Ele defende que os números de audiência nem sempre são assim tão relevantes, referindo-se à métrica da vaidade. “Nem todo clique é ouvinte”, diz. Borges argumenta ainda que quantidade de ouvintes está conectada ao tipo de projeto e que o conteúdo produzido será determinante para o sucesso da emissora. “Aqui na Agência Radioweb contratamos apenas profissionais com formação, dada a importância da vivência acadêmica”, tensiona. Em relação à qualidade dos conteúdos produzidos, ele e Ferraretto apontam para a mesma direção: apenas rádios web com profissionais comprometidos e com pautas de qualidade alcançarão o sucesso. “O que dá relevância a um veículo é o seu conteúdo”, ressalta Borges.
Quanto às rádios com programação exclusivamente musicais, o empresário acredita que não se consolidam, já que existem opções mais baratas e menos trabalhosas para esse tipo de playlist. “Toda rádio precisa de música, mas não pode ser só isso. Tem que ser a cereja, não o bolo inteiro”, brinca.
Outro argumento de defesa para o modelo de rádio web apresentado por Borges é a possibilidade de interação. Enquanto Ferraretto defende o exemplo dos podcasts, o jornalista justifica a necessidade de muitos ouvintes de se sentirem incluídos na programação. “É comum vermos aquelas pessoas que mandam seus recadinhos. Na rádio web essa interação pode ser ainda maior”, alega. E complementa: “Mesmo na Themis, que é corporativa, o pessoal da Comarca de Montenegro oferece música pro pessoal de Porto Alegre, que manda um abraço pro pessoal de Alegrete”, revela.
Ainda referenciando o especialista, Borges destaca a grande dificuldade que as rádios web enfrentam para viabilizar financeiramente suas iniciativas e revela que no caso das iniciativas corporativas não há essa preocupação, já que o custo de manutenção e produção de conteúdos é pago pela instituição. O maior dos desafios, aponta o jornalista, diz respeito ao desconhecimento dos empreendedores sobre os próprios números. Ele afirma que sem saber o alcance da sua emissora e desconhecendo o público que consome seus produtos, não há como oferecer espaços comerciais ou pleitear financiamentos. “Como vou convencer o dono da farmácia ou do mercado do bairro a investir na minha plataforma se não posso mostrar pra ele quem me escuta, ou o alcance da marca dele?”, questiona.
Segundo Borges, essa desinformação se dá, em muitos casos, pelo desconhecimento das ferramentas e – até – pelo preconceito que muitos ainda têm pelas rádios on-line. “Como as rádios web são fáceis de montar, muita gente sem experiência se aventura. Alguns, buscando um meio de subsistência, outros, apenas um passa tempo. Enquanto isso, o setor sofre”, reforça. No cenário descrito pelo produtor de conteúdo, se revela mais uma vez a informalidade que permeia o segmento. “Rádio é frequência, é repetição. Já passamos do ponto de levar na brincadeira. Jornalismo na internet é coisa séria”, afirma.
De acordo com o jornalista, criar uma emissora on-line pode até ser fácil, mas o caminho para a consolidação passa por muito trabalho. “Fazer jornalismo não mudou, ainda requer apuração e sensibilidade”, pontua. Sob a ótica do uso da internet na comunicação, o criador da Agência Radioweb vislumbra um futuro promissor e acredita na democratização dos meios com a mesma responsabilidade que jornalismo sempre demandou.
Isolamento social resulta em mais acessos a web rádios
Segundo os relatórios do site Radios.com, os acessos as web rádios entre os meses de março e abril no Rio Grande do Sul aumentaram em 4,33%. Os dados vão ao encontro de uma pesquisa realizada pela Kantar Ibope Media sobre o consumo de rádio no Brasil após o início das medidas de isolamento social. O levantamento apontou que 77% dos entrevistados afirmaram ouvir rádio Destes, 59% disse ter aderido às medidas de isolamento social, sendo que 24% permanece trabalhando ou estudando e 35% pararam de exercer suas atividades.
Dos entrevistados, 71% afirmou ouvir a mesma quantidade de rádio ou mais após as medidas de isolamento social e 20% disseram ouvir “muito mais” rádio após o isolamento. A pesquisa levantou ainda os motivos que levam os ouvintes a escutar rádio durante o isolamento social. 52% disse que utiliza o meio para ouvir música - principal conteúdo oferecido pelas web rádios com mais acessos no estado - 50% para entretenimento, 43% para se informar sobre acontecimento gerais, 23% para se informar sobre o Covid-19 e 10% respondeu que tem tempo livre e por isso escuta rádio.
Os diretores das rádios Campeira FM e Rádio Pátria Gaúcha concordam que o aumento no número de acesso aos veículos se deu nos meses de março e abril. De acordo com relatórios de estatística de ouvintes mensais gerados pelo site da Rádio Campeira, o mês de fevereiro de 2019 registrou 284.642 mil acessos, enquanto março – mês em que as medidas de isolamento social passaram a ser consideradas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) – marcou 354.413 visitas ao site da rádio. Estes acessos continuaram crescendo no mês de abril, que registrou 384.917 acessos – totalizando um aumento de 27,8% nos três meses. Estes números não estão somados aos do site Rádios.com, que possui relatórios próprios do servidor.
Grade de Programação ao Vivo Rádio Regional:
•À Hora do Verso – Terça e Quinta – das 14 às 16h;
•À Hora do Mate – Quartas – das 18 às 20h;
•Bombeando – sexta – 18 às 20 horas e sábados das 08 às 09:30 horas
•Bailando com A Regional – Quarta das 15 às 17h;
•Festivais (estreia – em breve) – Quinta das 17 as 19h;
•Folclore Sem Fronteira – Sábados das 10 às 12h;
•Sonidos de Tradição – Sábado das 14 às 16h;
•Sul – segunda das 16 às 18h;
•O Assunto é Rodeio – terça das 18 às 20h;