quarta-feira, 8 de julho de 2020

Blog entrevista o uruguaianense Maxsoel Bastos de Freitas

         Maxsoel Bastos de Freitas, natural de Uruguaiana, um apaixonado por suas profissões, advogado e professor universitário, encontrou na cultura gaúcha uma terapia ocupacional. Por conta disso se tornou escritor, poeta, declamador, pesquisador e compositor. 
          Atualmente preside o Piquete Fraternidade Gaúcha, do Grande Oriente do RGS. Max é também, presidente da Estância da Poesia Crioula e da Loja Maçônica Gaúchos Templários – 1ª Loja Temática do Brasil (Tema Gaúcho), Vice-Presidente da Fundação Cultural Gaúcha - MTG e Vice-Presidente da Comissão dos Festejos Farroupilhas Estadual. Foi, recentemente escolhido Membro da ACADESUL (Academia Maçônica de Letras Sul-Rio-Grandense) 

           Max topou conversar com o Blog e responder algumas curiosidades, as quais trazemos ao público:

BLOG - Para alguns, tempos difíceis, mas 2019/2020 tem se mostrado prósperos pra ti?

     Sim. Mas os frutos de minha atuação na cultura começaram de forma espontânea a mais de 8 anos em festivais nativistas em fevereiro de 2012, quando comecei a escrever letras para o cancioneiro gaúcho. Talvez os resultados prósperos a que se refere sejam assunção a cargos de destaque no cenário da cultura gaúcha que se acumularam nestes dois últimos anos. 

     Confesso que é o reflexo de um foco que mantenho nas coisas que me dedico a fazer da melhor forma possível. Não por acaso todos estes encargos que tenho assumido estão umbilicalmente ligados o que me possibilita atuar em várias frentes sem desassistir nenhuma das entidades que represento e assim não perder o horizonte. 

     Não há duvida de que muito destes resultados devo ao relacionamento próximo e de orientação que guardo com homens como Léo Ribeiro de Souza, Jaime Ribeiro e com mulheres como Maria Marques, verdadeiros professores da vida cultural.  


"Quando sozinho em meus pensamentos,
Me invadem lembranças do que fiz e que faço.
Busco nas palavras de meu pai
Uma força que une nossos laços.
(De alma e coração | Nos ideais daqueles lenços)
Posse na Estância da Poesia Crioula
Sucesso costuma causar incomodo. Concorda com esta afirmativa?

     Sem dúvida a representatividade em várias frentes de uma mesma atuação, no meu caso a cultura gaúcha, acaba por incomodar alguns pares nos seguimentos que se atua, mas isso faz parte das relações humanas. É impossível agradar a todos a todo momento. Minha formação em direito confesso que me ajuda a superar muitos destes incômodos. Mas é natural. E o mais interessante nisso é que mesmo que você faça tudo de coração aberto, e no meu caso por paixão a nossa cultura, e sempre de forma gratuita, muitas das nossas ações, ainda assim, encontram e encontrarão inúmeras resistências. 

     Tenho a consciência de que ao ocupar espaço, muitas vezes acabo por atrair sentimentos de sobreposição em colegas que antes tinham atuação e posição no mesmo nicho. Mas como disse eu encaro isso com naturalidade, mas fundamentalmente com o cuidado a que a situação merece. É preciso atuar com honestidade, lisura e respeito a todos.    


"No decorrer do tempo a natureza é assim,
Tenho cacimbas e sangas, aguadas dentro de mim.
Mas não seria perfeito, se fosse feito assim,
Se não houvessem os fogões, ardendo dentro de mim.
Fogo e água são opostos, cada qual tem o seu fim.
Mas por que não peleiam, se os dois estão dentro de mim."
(Pelas mãos do criador | Nos ideais daqueles lenços)

Quais as obras que já tens lançadas?

     Tenho mais de 250 músicas compostas, mas lançadas tenho dois CDs: De Alma e Coração lançado em 2013, Nos Ideais Daqueles Lenços lançado em 2014. Tenho o Livro: Nos Ideais Daqueles Lenços, lançado em 2017.

     Quanto aos Festivais de música e poesia tenho quase uma centena de premiações já fui premiado em inúmeros festivais de música e poesia no Rio grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Tais como: Canto do Vacacaí em Restinga Seca-RS, Os Costeiros em Lajeado-RS, Os Quarteadores em Santo Cristo-RS, O Pesqueiro em Ijuí-RS, Encontro das Águas em Foz do Iguaçu-PR, Canto do Ibicuí em Manoel Viana-RS, Canto de Los Pinares em Vacaria-RS, Moenda da Canção em Santo Antônio da Patrulha-RS, Canto do Jaguar em Jaguari-RS, Canto do Jacaquá em São Francisco de Assis-RS, Casilha da Canção Farrapa em Itaqui-RS,  Candeeiro da Canção em Uruguaiana-RS, entre outros.  

     Na esfera musical de composição ressalto a premiação que recebi no ano passado com o título de melhor música pela escolha do público e 2º lugar na 41ª Edição da Califórnia da Canção Nativa do RS, que me conferiu a cobiçada Calhandra de Prata,  com a música Guria que virou um clássico de uma forma tão rápida que ainda hoje me assusta. 


"Hoje compreendo mais a vida,
Repenso as coisas que faço
Depois de ter perdido amigos
No lombo desses cavalos de aço."
(Cavalos de Aço | Nos ideais daqueles lenços)

Quais os teus planos para o segundo semestre?

     Para o segundo semestre os desafios são enormes e estar a frente das entidades com as características das quais as que represento em tempos de pandemia e confinamento social é ter que se reinventar. Ainda não é possível firmar o passo em projetos culturais que não sejam de forma virtual e pelo andar das coisas não há um porto seguro pelos próximos três meses. Porém, mesmo que muitos eventos devam ser virtuais é preciso pensá-los de forma diferente - ofertar algo que não seja “mais do mesmo”, pois isto é o que está ocorrendo neste momento.

     Trabalhar com cultura em isolamento social é um desafio que estamos aprendendo a entender. Há um cenário novo a nível mundial. Os meios tecnológicos ainda que estejam ajudando nestes períodos nebulosos, são eles que levam uma enxurrada de informações ao público em geral. Pessoalmente acho que devemos trabalhar com o jovem e com a criança como peças fundamentais de difusão e continuidade cultural. 

     O desafio é acertar a dose. Como despertar neste público o interesse e atenção necessária a renovação de preservação dos valores culturais é a pergunta que me faço todos os dias antes de pensar em qualquer projeto. 

     Nossas entidades estão repletas de homens e mulheres de cabelos brancos, devemos valorizar este patrimônio humano, mas em consonância precisamos ter em mente que nossa cultura não pode envelhecer, nós homens e mulheres sim, mas  os valores não. Eis o desafio.

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