Como morava em uma cidade pequena, do interior, gostava de participar em apresentações, teatros, em eventos na igreja, na escola, além das brincadeiras de rua e de circo. Dentre elas, as cantigas de roda, que incluíam ciranda cirandinha, pezinho e balaio como uma manifestação cultural espontânea. Em meados da década de 80, formou-se professora e foi morar no interior do Paraná, onde em preparação para um evento escolar os alunos pediram para ensaiar o 'Pau de fitas'. A dança já conhecia, mas a surpresa foi ouvir deles que a música correta seria com a rancheira. E claro que para ensinar, teria que aprender e a pesquisar. E assim, conheceu a existência de um CTG.
Em 1991, de volta à Marília/SP, já mãe de três, dos seus cinco filhos, trabalhou em um centro cultural onde atou com a organização de muitos eventos, coordenação de galeria de arte, sempre conectada à arte, educação e cultura. No início de 1996, ficou sabendo através de uma amiga que seria fundado um CTG na cidade. De pronto, foi conversar com a patronagem e colocando os filhos na invernada que estava prestes a ser iniciada. E, rapidamente, assumiu a diretoria cultural da entidade. Sempre em busca de conhecimento e embasamento cultural, foi em busca de suporte em orientação participando de vários cursos ministrados por Paixão Cortês e entidades tradicionalistas.
No inicio do anos 2000, ainda em Marília, fundou com o seu marido Helder Pchegoski, o Grupo de Arte Nativa Rancho do Taura. Essa entidade nasceu devido à vontade de levar o tradicionalismo e a cultura ao alcance de crianças e jovens em vulnerabilidade social. Foi um trabalho muito rico, estritamente de voluntariado, sem buscar qualquer tipo de lucro, que envolveu toda comunidade. As invernadas, grupos de dança de salão, incluíam crianças, jovens, adultos, veteranos da terceira idade, e até mesmo uma invernada adulta com pessoa especiais integrantes da APAE.
Atou como diretora cultural, instrutora de danças tradicionais e de salão, organizou diversos eventos, sendo o maior deles, sediar o Festival Estadual de Tradição Gaúcha do Estado de São Paulo. "Em 2005, o Grupo de Arte Nativa, recebeu um certificado de mérito do Governo do Estado do Rio Grande do Sul pelos festejos da Semana Farroupilha. Sendo Marília, a primeira cidade fora do Estado do Rio Grande do Sul, em que a Semana Farroupilha é reconhecida como evento oficial do município" - conta Daniela.
Em 2009, devido a necessidade familiar, mudou-se para Guarapuava, cidade de seu marido, que cresceu dentro do tradicionalismo. Desde então, participou do CTG Chaleira Preta e atualmente é diretora cultural do CTG Fogo de Chão.
A sua filha Sofia Zorzetti Pchegoski, é atual Primeira Prenda Juvenil do MTG/PR, e o Matheus Stanislaw Zorzetti Pchegoski também já foi Peão Juvenil da 3ª RT/MTGPR. Dentre todas as atividades, é professora de História, chefe escoteira e colunista.
Blog - O que tirastes de proveito nas atividades que desempenhastes no CTG ou como peão por dia?
As atividades do CTG estão conectadas à vida em sociedade. E trabalhando em ambiente escolar, todo aprendizado do CTG faz parte da nossa vida. Somo suma única pessoa, estando em casa, no trabalho somos reconhecidos pelo somos e pelo que fazemos.
Blog - Para desempenhar as atividades públicas, consegues perceber os ensinamentos que tirastes desse meio de convivência sócio-cultural como o tradicionalismo?
Totalmente. A vivência dentro de uma entidade tradicionalista nos permite ter acesso à cultura, as diferentes pessoas que a compõe, as diversas realidades. E mais ainda, demonstra o quanto o setor cultural é desprovido de suporte público. Em época de pandemia podemos observar as inúmeras famílias e empresas que defendem o seu sustento através da arte e da cultura.
É um importante setor produtivo, que agrega valores, cultura, educação, arte, turismo e mesmo assim ainda são desvalorizados.
BLOG - Acha importante que os pais levem seus filhos para um CTG?
Com certeza. A vivência dentro de um ctg proporciona a integração familiar. Em uma entidade tradicionalista tem espaço para todos, de "mamando a caducando” é uma expressão que ouvimos sempre. Lá todos tem a oportunidade de desenvolver e aprimorar aquilo que mais gosta, não importa se é dançar, cantar, laçar, cozinhar, bordar... tem lugar e espaço para todos. A família está junta o tempo todo, um torcendo pelo outro, um ajudando e apoiando o outro. A maioria dos jovens procura diversão longe dos olhos dos pais e os filhos de CTG se orgulham de ter os pais por perto. É uma troca de experiências e crescimento inigualáveis.
Tenho o privilégio de ver meus filhos no tablado, cantando, dançando, participando e tudo isso por amor à nossa cultura e arte. Ninguém faz o que faz por dinheiro. O único prêmio que ganhamos são troféus e a oportunidade de superar nossos limites e desafios. Assim nos tornamos pessoas melhores, aprendemos e ensinamos o espírito de equipe, nos importamos com o próximo e contribuímos para uma sociedade que valoriza a preservação dos nossos costumes.
A tradicionalista Daniela Zorzetti é pré-candidata a uma vaga na Câmara Municipal de Guarapuva, no Paraná. Merece a apreciação de seu currículo e de seus valores.
Um comentário:
Gente dessa estirpe é merecedora de uma vaga na Câmara Municipal de Guarapuava.
Em que pese Guarapuava ser um dos pilares do Paraná Tradicional, nasceu sob a influência dos tropeirismo biriva, que a faz campeira e por conseguinte, gaúcha também.
A Professora Daniela, certamente, lutará pela cultura raiz dos Campos de Guarapuava.
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