Linguagem é "um complexo de processos — resultado de uma certa atividade psíquica profundamente determinada pela vida social e que torna possível a aquisição e o emprego concreto de uma língua qualquer". Compreende os vários modos por meio dos quais uma época, uma região, um grupo social ou uma pessoa se utiliza da língua.
Na linguagem folclórica, encontramos os falares populares que procedem da língua trazida pelos portugueses do século XVI, já razoavelmente unificada (português arcaico), modificada e, talvez transformada, em certo aspecto, na morfologia e na fonética pela atuação dos índios e negros. Foi difundida pelo interior, graças ao movimento das bandeiras.
Para o Prof. Serafim da Silva Neto (Introdução do Estudo da Língua Portuguesa no Brasil), no português brasileiro não há positivamente influências de línguas africanas ou ameríndias, pois o tupi e o quimbundo são línguas estruturalmente diversas, logo não seria lógico que tivessem atuado sobre o português da mesma maneira. No entanto, as condições sociais em que estas línguas entraram em contato com o português foram sensivelmente iguais em todo o país. Assim os negros e os índios receberam tosca aprendizagem da língua portuguesa.
Muitos outros autores concordam com Gladstone Chaves de Melo na observação de que, apesar da imensidade de território e das dificuldades de comunicação, os falares rurais apresentam unidade relativa e apreciável uniformidade. As diferenças verificam-se no vocabulário e no sotaque. Assim, no Rio Grande do Sul, encontramos:
Camargo (apojo com café / Vacaria);
Mandraca (feitiço / fronteira);
Mandraqueiro (feiticeiro / fronteira);
Percanta (mulher de má fama / fronteira); -
Trumbico (qualquer coisa / Missões);
Nariz de folha (intruso / Missões);
Gringa (abóbora de pescoço / Missões);
Afilipado (bem trajado / Missões);
Lapuz (mal vestido / Missões);
Mandado (relâmpago / Missões);
Visage (aparição - fantasma / Missões);
Rácula (matraca / Santo Ângelo);
Quebrado (briga de namorado / Santo Ângelo);
Ressolho (brilho das águas provocado por cardumes / litoral);
Pianço (bronquite / litoral);
Apiançado (estar com bronquite / litoral);
Pamparra (grande quantidade / litoral);
Ponto de futuro (vantagens que estão por acontecer / Encruzilhada do Sul);
Rebaldaria (grande confusão / litoral);
Mucufa (quarto de despejo / litoral);
Rebojo (movimento de vento / litoral);
Bruaca (mulher de má fama / litoral);
Mitrado (pessoa sabida / litoral);
Minguado (pequeno / litoral)
Lampreia (velhaco / litoral);
Corta - vento (cata - vento / litoral);
Cambembe (cambaleante / litoral);
Barra do dia (madrugada / generalizado);
Ruana (pessoa loira / Missões - campanha);
Acachapado (doente - abatido / generalizado);
Banzo (abobado / litoral);
Espiante (o que aparece sem ser convidado / litoral);
Cabedulho (espaço, junto a cerca, que não é lavrado / litoral); etc.
Como meio de expressão popular, a linguagem apresenta-se sob as mais diversas formas: gírias, calão, frases feitas, ditos, eufemismos, apelidos, gestos, etc...
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