No meio tradicionalista temos alguns chavões muito utilizados quando tratamos das regras, suas necessidades e formas de elaboração.
É comum ouvirmos: “foi votado e aprovado”; “se quer mudar apresente proposta no próxima convenção”, “onde é que está escrito?”, “segundo a coletânea ...”, e assim por diante. Pessoalmente utilizo o seguinte ditado que aprendi numa época em que não havia celulares e os grêmios estudantis tinham papel importante no sistema de formação de cidadãos: “ninguém é obrigado a combinar, porém, depois de combinado cumpra! Se não quiser cumprir, primeiro, descombine!”
Também é muito comum ouvirmos em palestras e discursos que o tradicionalismo é organizado, que possui um regramento claro, que a disciplina e a hierarquia são alicerces do Movimento.
Tanto na estrutura federativa – os MTGs – quanto na estrutura confederativa – a CBTG – temos congressos e convenções que tem como principal finalidade “combinar coisas”, ou melhor, fazer e alterar regras que se transformam em estatutos, regulamentos, diretrizes, resoluções, etc.
As regras que nós mesmo criamos, invariavelmente pela decisão da maioria, trazem no sua gênese a marca da democracia – entendida essa democracia como a vontade da maioria sobre a minoria – e se constituem em “porto seguro” para quem dirige e em “sinuelo” para quem participa de cada uma das atividades.
Teoricamente as regras aprovadas são boas para a estabilidade das instituições, para o cumprimento dos seus objetivos e para a tranquilidade dos associados. Sim, porque somos sócios de um clube que livremente se organiza, define direitos, deveres e limites nas relações.
Toda vez que uma regra é quebrada, seja por um dirigente, seja por um participante qualquer, haverá intranquilidade, insegurança e sempre uma reação.
As reações diante do descumprimento das regras, podem ser muito variadas. Em alguns casos aplicam-se outras regras contidas naquilo que denominamos “Código de Ética”, em outros casos criticamos sem que isso gere maiores consequências, em outros, ainda, nos mantemos silenciosos por medo ou algum tipo de respeito descabido em relação a algum dirigente que resolve colocar-se acima de alguma regra.
O mais comum no descumprimento de regras, ou itens de regulamentos, é a alegação de que “eu não concordo” ou “eu não estava lá quando isso foi aprovado”. Ou seja, é uma atitude egoísta e nada democrática. Democrático é discordar, debater, formar maioria e aprovar nova regra, fazer nova combinação.
As únicas possibilidades de que alguma regra seja quebrada serão: a superveniência de fatos que alterem a essência a situação de quando ela foi definida, ou então se aquela norma tenha sido imposta de forma ditatorial pela ação despótica de alguém isoladamente.
Talvez uma das práticas mais danosas para as instituições é aquele em que os próprios dirigentes que deveriam ser os guardiões das regras aprovadas nas instâncias regulares, são os primeiros a descumprir o que está estabelecido. Essa prática cria descrédito e desautoriza moralmente a exigência de cumprimento de regras pelos tradicionalistas. Se um patrão não cumpre o que o estatuto da entidade determina, como exigirá que o associado cumpra uma regra simples do regimento interno?
Cada um de nós tradicionalistas, dirigentes ou não, devemos combater incansavelmente as transgressões às normas. Temos o dever de preservar o que foi combinado por nós mesmos ou por aqueles que nos antecederam. Não podemos permitir que as regras sejam quebradas pelo simples fato de que alguém se arvora no direito de colocar-se acima do que a maioria decidiu.
Os regulamentos são necessários e garantem a estabilidade das instituições. Tanto o descumprimento dos regulamentos quanto a sua alteração muito frequente são causas de instabilidade e descrédito dessas instituições.
Enquanto gestores entendemos que: "Não haverá descumprimento e nem “interpretação” que tenha o objetivo de “dar um jeitinho”. Nos comprometemos em cumprir o que a maioria decidiu nas instâncias legais".